Análise: Alien Covenant

Ridley Scott está de volta à saga Alien depois do filme Prometheus que funcionou como prequela de todo o universo criado por si e Spinoff da série.

Alien Covenant é um filme Alien sem qualquer dúvida, apesar de ter elementos de Prometheus e funcionar como uma sequela desse filme. É também aqui pela primeira vez que começamos a perceber como foi criada a criatura e é explicada formalmente algumas características da espécie.

Com um elenco que mistura talento reconhecido com alguns nomes mais desconhecidos, o guião talvez seja mais direccionado para os fãs da saga do que casuais. Com temas bíblicos a terem papel central no filme, Ridley Scott parece também querer dizer algo, mas essa mensagem não é óbvia e se existe o realizador falhou na execução.

Walter, interpretado por Michael Fassbender é o andróide de serviço da nave Covenant que tem como objectivo criar uma colónia no planeta Origae-6. Tudo está a correr bem até que um evento solar destrói parte da vela solar da nave. Ao reparar a nave, Tennessee interpretado por Danny McBride, recebe um sinal desconhecido e é ao investigar a sua fonte que o grupo descobre um planeta que tinha tudo para se tornar um bom lar, melhor do que o próprio planeta que se destinavam.

É neste novo planeta que encontramos David também ele interpretado por Michael Fassbender e o único sobrevivente da nave Prometheus. Além de o conhecermos do filme anterior é dele a primeira cena do filme, momentos depois da sua criação. Depois de abandonar LV-223 a caminho do planeta natal dos engenheiros, David é o único sobrevivente, tendo Elizabeth Shaw morrido em circunstâncias misteriosas.

Walter é o verdadeiro vilão. O diabo nesta história de elementos bíblicos que Ridley Scott nos apresenta. Desde imagens inspiradas na última ceia, o anjo caído que governa no inferno, o simbolismo de tudo o que este mundo nos apresenta remete para a bíblia, apesar se Ridley Scott ser um ateu assumido. O principal problema aqui é a ausência de um significado além do apresentado. As metáforas estão lá, mas não nenhuma delas parece significar mais além do que possibilitar ao espectador a criação destas pontes.

Algo que todos os filmes Alien têm em comum é a brilhante execução técnica. Covenant apresenta-nos cenas e enquadramentos quase prefeitos onde cada still é um quadro. Esta abordagem “Kubrickiana” é uma imagem de marca da série e faz do filme tão belo quanto macabro e este é sem dúvida o filme mais macabro da série, com localizações que poderiam fazer parte de Mordor.

Alien Covenant tem falhas, mas nenhuma delas o impedem de ser um excelente filme. Trabalha em várias camadas e consegue-se perceber as metáforas que Ridley Scott nos apresenta, no entanto não parece existir algo mais. É um filme que faz muitas perguntas, mas é curto em respostas. As imagens são fáceis de decifrar, mas não se consegue extrair nenhuma mensagem além disso. Ao querer também apresentar estas camadas e subcamadas, Ridley Scott não consegue apresentar aquilo que mais séria de esperar, ficando o filme de terror para segundo plano.

Além dos temas bíblicos o filme tem uma forte ligação com outro tema forte de Ridley Scott e que deu origem a outra obra prima do realizador, Do Androids Dreams of Electric Sheep. Questionando a humanidade do homem e da sua criação.

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