A Valley Without Wind é um daqueles jogos que eu não conhecia de lado nenhum quando o comecei a jogar. Não sabia o que ia encontrar, não conhecia a produtora e a única coisa que eu fiz primeiro foi ver o trailer. Não ajudou o muito, o grafismo era estranho e não percebi nada da história. Depois de começar a jogar a minha opinião mudou um pouco. Os tutoriais constantes incomodaram um pouco, mas quando recebi os primeiros feitiços e comecei a construir ambientes comecei a perceber que todos os aspectos do jogo estavam até bem conectados.
À primeira vista juntar todos os elementos que A Valley Without Wind prometia parecia no mínimo bizarro e não fazia ideia como iriam ligar tudo, mas os criadores pareciam saber realmente o que estavam a fazer e tudo acaba por encaixar. Combinar um jogo de plataformas 2D com sistemas de crafting, criação de cidades e uma boa dose de elementos RPG não seria algo que grande parte dos estúdios iriam apostar mas funciona bastante bem aqui.
A Valley Without Wind é um jogo que se baseia na procura de poder, exploração de uma vasta área gerada aleatoriamente e completar missões para conseguirem reconstruir a civilização. Parece um objectivo comum, bem é basicamente o objectivo de 80% dos jogos, mas A Valley Without Wind é diferente de tudo o que já joguei. Lembra os antigos jogos da SNES, com grafismo melhor obviamente, especialmente Castlevania. À primeira vista Castlevania veio logo à memória mas rapidamente notei muitos elementos de jogos modernos. À primeira vista além de tudo parecer confuso, ficamos com a ideia de que A Valley Without Wind parece também bastante complexo, mas essa ideia não podia estar mais longe da realidade. Na realidade tudo funciona bem e é bastante mais simples do que uma descrição deixaria antever. A partir do mapa do mundo os jogadores podem visitar vários sectores separados por uma grelha. Cada um destes sectores é apresentado na forma de um sidescroller clássico, lembrando muito o funcionamento de Zelda 2. Estas áreas começam à superfície mas contêm também dungeons e estão cheias de inimigos e bastante loot, nada de anormal aqui.Os itens que vão encontrando podem ser utilizados para o sistema de crafting. Além disso e como já poderiam esperar ao longo do caminho à alguns bosses e outras criaturas muito mais fortes que o normal.
Em A Valley Without Wind não ganham poderes subindo de nível mas sim quando encontram pedras especiais e depois usando crafting. Podem ganhar orbs durante as missões que quando utilizadas com outros materiais podem criar feitiços. O esquema de controlos é bastante similar ao de um RPG, com as teclas numéricas a controlar estes feitiços. Há bastante variedade de feitiços que englobam todas as áreas normais desde ataque em área, projecteis e feitiços defensivos. Há outros pormenores que vão aprender ao longo do jogo que permitem avançar no jogo, como completar cinco missões vai subir o nível do continente. Há uma enorme variedade de missões e ainda muitas secretas. Infelizmente tudo parece utilizar a mesma formula que fica gasta passado pouco tempo, sendo este o principal defeito. Os criadores gastaram bastante tempo a tornar a experiência sempre diferente com novo conteúdo mas agarraram tudo com uma formula rigida que não nos dá a variedade que eles pretendiam e ao longo das longas horas de jogo que A Valley Without Wind possibilita vão chegar ao conclusão que depois das primeiras horas tudo parece igual. A história não nos consegue manter eternamente a jogar e as recompensas não são interessantes o suficiente. No fim vão chegar à conclusão que tudo parece uma perda de tempo.
Tudo isto não tira a A Valley Without Wind o seu verdadeiro valor. Tem imenso conteúdo e oferece horas e horas e horas de jogo, infelizmente todas essas horas parecem ser gastar a fazer sempre o mesmo. É uma experiência sólida e tendo em conta que quem comprou o primeiro jogo tem acesso ao segundo (que iremos analisar a seguir), é sem duvida um jogo a ter em conta. Dificilmente encontram um “bundle” destes na Steam que ofereça tanto conteúdo pelo mesmo valor. A jogabilidade funciona bastante bem e todas as mecânicas do jogo funcionam bastante melhor do que eu pensei ser possível e o grafismo com forte inspiração nos antigos jogos da SNES consegue dar a profundidade necessária para manter os jogadores interessados. Há sem duvida muitos pontos fortes em A Valley Without Wind e se forem bem trabalhados na sequela este pode ser um jogo indie bastante popular. Tem conteúdo suficiente e é complexo o suficiente sem ser preciso “estudar” o tutorial o que faz com que o jogador sinta que além de estar mais forte percebe todos os sistemas e mecânicas do jogo.