Análise: Fable The Journey

Há muito para gostar em Fable: The Journey. A animação é de grande qualidade, a história é bem escrita, e o trabalho de vozes é fantástico. Às vezes, o jogo oferece uma emoção que é muito atraente, no entanto a mudança para o Kinect fez com que este novo Fable não consegui-se competir com os antigos jogos da série.

Em Fable I, II e III, Peter Molyneux e a sua equipa da Lionhead Studios criaram três híbridos entre  jogos de ação e RPGs que foram charmosos, inteligentes e únicos. Claro, eles foram desiguais, e sim, eles não cumpriram as promessas de Molyneaux. Mas eu joguei cada um, com vigor e entusiasmo.

Fable: The Journey não é divertido. Tem lugares em Albion, que costumavam ser um lugar divertido para visitar, mas quase tudo o que foi agradável não o é em The Journey. Esqueça vaguear pelo campo, interagindo com personagens loucos, e ver as suas escolhas afetarem o mundo ao seu redor. Desta vez, a viagem é uma linha reta e suas ações não têm repercussões.

O enredo do jogo é bastante próximo do que se tornou habito em Fable. O jogador é um herói relutante forçado a subir para a ocasião e salvar o mundo. Mas The Journey afasta-se ainda mais da formula RPG, é basicamente um FPS  com alguns  elementos RPG. A jogabilidade é totalmente linear, ou “nos trilhos”. O herói viaja para um local, pára para matar algumas coisas, viaja para um lugar novo, pára para matar mais qualquer coisa e é basicamente assim até ao fim do jogo.

Ainda assim,  Fable: The Journey não é propriamente mau porque faz algo diferente. Infelizmente o jogo inteiro é projetado para ser usado com a câmera Kinect, em vez de um gamepad padrão. Isso faz com que todos os tipos de problemas.

Em primeiro lugar, grande parte do jogo só parece existir para mostrar a tecnologia Kinect. Por exemplo, numa seção de início onde o jogador é convidado a acender cinco lâmpadas de gás: O jogador tem que por as mãos no ar, fazer um punho como se estivesse a pegar numa corrente, e puxar para baixo para acender a lâmpada. Acender as luzes não é divertido. Apenas está no jogo, porque alguém percebeu que a câmera Kinect pode acompanhar esse movimento em particular. O mesmo é verdade para a seção frequentemente repetida onde o herói se preocupa com seu cavalo, tendo o jogador que o escovar, dando-lhe de comer e beber. É uma demonstração de tecnologia, não de entretenimento.

A ação também é dolorosamente repetitiva: uma boa metade do jogo é passado a conduzir um cavalo e carroça de um local para o outro. Controlar o cavalo no inicio é divertido, porque é novidade  fingir que se está a segurar as rédeas de um cavalo, e o Kinect faz um trabalho muito bom acompanhando os movimentos dos braços. Mas rapidamente cansa.

Mesmo quando o jogo tem algo divertido para o jogador fazer, a câmera do Kinect não vai deixar fazer isso com precisão confiável. Nas porções de combate de Fable: The Journey, o jogador pode lançar feitiços, levantando os braços e direcioná-los para o ecrã. Aqui Fable The Journey consegue realmente ser divertido, apontar para um inimigo e vê-lo explodir em chamas, ou usar os seus poderes para pegar num personagem e arremessá-lo pelo cenário. Mas, mesmo com calibração cuidadosa, a câmera Kinect não pode sempre dizer onde você está a apontar. Quando se erra tiro após tiro pode tornar-se frustrante.

O jogo é extremamente fácil, o que elimina um pouco a frustração de quando as coisas não funcionam exatamente como queremos. Talvez como forma de compensar a falar de precisão do Kinect, os designers fizeram os inimigos do jogo incompetente. Por isso, não importa se o falharem metade dos ataques, porque os inimigos não são muito ameaçadores.

Como todos os jogos Fable, tem momentos de verdadeira comédia e emoção genuína. A dobragem de vozes é brilhante e animação das personagens é de primeira. E é certamente o Fable mais bonito, com muita paisagem deslumbrante.

Mesmo o sistema de controle Kinect não é um completo desastre, quando funciona é bastante divertido. Eu só queria que a equipa da Lionhead tivesse usado o Kinect como um sistema de controle suplementar, e não forçar o jogo inteiro para ser controlado pelo movimento. O Kinect consegue ser divertido quando bem utilizado, infelizmente não me parece que utiliza-lo em 100% de um jogo que não seja um “party game” seja a melhor opção.

Fable The Journey está longe de ser um fracasso, quando tudo funciona a jogabilidade é divertida, o grafismo é o melhor da série e tudo o resto é também ótimo, infelizmente as longas viagens de cavalo e as imperfeições do Kinect fazem-no ficar aquém do que poderia ser.

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