A Walk in the Dark é sem duvida o exemplo de como começar na industria dos videojogos, especialmente em Portugal onde não há investimento. Começar com uma pequena equipa com um jogo indie é o melhor caminho quando não há orçamento, infelizmente jogos neste género não podem ter ambições muito grandes, sendo raros os jogos como Limbo ou Braid. A Walk in the Dark tem um bom estilo tanto visual como do som. Infelizmente devido a limitações os elementos da história foram quase totalmente retirados do jogo. A premissa básica ainda lá está, mas desenrola-se através de apenas um punhado de animações muito breves e no fundo é quase impossível perceber a real história do jogo.
A boa notícia é que apesar de tudo ele continua com um aspecto fantástico e a acção de plataformas é intensa, desafiadora e abundante. A Walk in the Dark por muito que se tente distanciar relembra Limbo na sua direcção artistica. É bonito e elegante, e enquanto a popularidade do Limbo faz comparações impossíveis de evitar, a beleza de A Walk in the Dark tem uma personalidade própria.
Na jogabilidade A Walk in the Dark não decepciona. Os níveis são muito curtos, a maioria pode ser concluído em menos de um minuto mas há um numero suficiente deles para passar horas de jogo e alguns níveis têm uma dificuldade grande o suficiente para nos fazer puxar os cabelos. As personagens são Bast e Arielle, alternando entre os dois através de segmentos diferentes do jogo. Bast é um gato bastante ágil que pode saltar e trepar paredes, Arielle não é tão ágil, ela traz uma capacidade diferente. Em vez de saltar, ela pode inverter a gravidade, permitindo que ela caminhe ao longo da parte superior ou inferior dos níveis com igual facilidade. Não há grande inovação, as duas mecânicas já foram utilizadas em bastantes jogos.
Os níveis para cada personagem foram projectados para acomodar os seus poderes específicos. Nos segmentos de Bast vão ter que correr e saltar enquanto que com Arielle tendem a ser mais lentos e requerem algum trabalho mental. A única coisa que eles têm em comum, no entanto, é a dificuldade. Não são níveis impossíveis mas são desafiadores o suficiente para que A Walk in the Dark valha a pena jogar. Cada nível tem também duas medalhas para recolher, uma concedida ao bater o tempo e a outra para recolher os itens que estão espalhadas por toda parte. Recomenda-se um comando neste tipo de jogos e A Walk in the Dark não foge à regra, com o teclado vão sentir que o comandos são demasiado “presos”.
Enquanto a jogabilidade é difícil, tudo mais sobre o jogo é bastante simples, principalmente porque é muito despido de praticamente tudo. A partir do menu principal, podem optar por começar a jogar a partir de onde pararam ou começar de um dos níveis que já passaram ou ir para as opções do jogo. Não há nada mais do que isso. A Walk in the Dark é um pouco de decepção em relação ao que inicialmente prometido mas continua a ter uma boa apresentação tanto visual como na componente audio.
Infelizmente, eu também notei alguns bugs. Quando está perto de perder ao cair ou pular numa plataforma, Arielle ou Bast, às vezes, ficar lá por um momento antes de cair ou ser capaz de andar normalmente. No inicio não é grande problema mas acaba por se tornar frustrante. As animações também são um pouco pobres, são pouco fluídas e devia ter sido dada uma maior atenção a esse aspecto.Apesar das suas promessas mais ambiciosos no que respeita à história e alguns bugs aqui e ali, eu achei A Walk in the Dark bastante agradável. A apresentação e jogabilidade estão bem conseguidas e consegue ocupar-nos bastantes horas. É sem duvida um jogo que mostra o nosso potencial e que deveria ser exemplo para muitos, para que a industria se possa desenvolver é preciso começar pelos jogos independentes.