Ter Luigi como protagonista de um jogo é provavelmente das coisas mais raras que se pode encontrar nos jogos da Nintendo. Luigi’s Mansion e a sua sequela, que iremos analisar daqui a uns dias são até os únicos, isto se ignorarmos um obscuro jogo educacional de tempos remotos que praticamente ninguém se lembra, Mario is Missing. Mas mesmo que se lembrem continuam a ser muito poucos.
Não é nosso hábito lançar-mos análises retro mas quando estava à espera do lançamento do novo Luigi’s Mansion para a 3DS decidi dar uma vista de olhos pelo original, que me passou um pouco ao lado no seu lançamento. Para quem não se lembra, o original Luigi’s Mansion foi um dos jogos de lançamento da GameCube, tornado a sua existência ainda mais estranha.
Luigi’s Mansion é assim um jogo que foge bastante do padrão da Nintendo. Por um lado não tem Mario como protagonista, apesar de ser por todos os moldes um “jogo Mario”, por outro lado é um jogo de lançamento de uma consola, o que é ainda mais estranho pois é Mario que normalmente faz esse trabalho. Por ultimo não é um jogo de plataformas e tem uma temática de terror.
No fundo Luigi’s Mansion é uma daquelas pérolas que aparecem sem sabermos bem de onde e ficam na nossa memória pelas melhores razões. É um jogo com algumas falhas, não é sequer um dos melhores da Nintendo, mas é tão originalmente delicioso que tem até a honra de inaugurar a nossa secção Retro.
Em Luigi’s Mansion controlamos então Luigi, o carismático irmão de Mario e conhecido mundialmente pela sua bravura, pela falta dela quero eu dizer. Luigi ganhou um concurso em que nem sequer participou e ganhou uma mansão. Para festejar combinou com Mario encontrarem-se nessa mesma mansão, mas quando lá chegou, Luigi não encontrou Mario e rapidamente percebeu que algo de estranho se passava.
É em grande parte devido ao carisma de Luigi que este jogo me fascinou tanto. Mario é uma personagem que vemos como corajosa e nunca conseguiria trazer a este jogo o mesmo que Luigi traz. A forma como anda e ar de pânico que Luigi mostra durante praticamente todo o jogo é fantástico.
Começamos o jogo apenas com uma lanterna, mas logo após a primeira cutscene e depois de conhecermos o professor Elvin Gadd, recebemos a arma do jogo, um aspirador convertido em arma de apanhar fantasmas, o fantástico Poltergust 3000. Esta arma que parece vinda directamente do universo Ghostbusters (que é sem duvida uma das maiores inspirações do jogo) permite-nos aspirar os fantasmas e assim derrotá-los.
O sistema de combate não é tão simples como parece. Para derrotar mesmo o mais simples dos fantasmas temos que utilizar a lanternas juntamente ao Poltergust. Com a lanterna atordoamos os inimigos e depois e apenas durante um segundo podemos suga-los com o Poltergust. Depois temos que utilizar o analógico para o conseguir sugar com sucesso. Cada fantasma tem um numero, que pode ser entendido como o seu HP e que vai diminuindo quando conseguem alinhar o aspirador com o fantasma. É um sistema difícil de explicar por texto mas que funciona de forma brilhante.
Para um jogo lançado em 2001 Luigi’s Mansion surpreendeu-me bastante. As animações são excelentes, o grafismo aguentou-se bastante bem e a jogabilidade é brilhante. No entanto ao fim de algum tempo, depois do efeito surpresa se gastar não há muito mais nada de novo e Luigi’s Mansion tem dificuldade em cativar-nos ao longo do tempo, o que parece ser a razão principal para este ser também um dos “jogos Mario” mais curtos, com cerca de 6 horas de jogo.
Juntamente com o vosso Poltergust recebem também um Game Boy Horror, que funciona como mapa e como câmara A câmara é um dos objectos mais importantes, pois permite-nos interagir com alguns objectos e ver alguns fantasma invisiveis e que são essenciais para progredir no jogo. Estes fantasma funcionam como puzzles pois temos que fazer sempre algo de diferente para os podermos derrotar. À medida que avançam na história vão descobrir que por detrás de tudo isto está King Boo, o maior dos Boos e seu rei. Depois desta revelação terão também que capturar Boos escondidos pela mansão. Estes podem estar em praticamente todo o mobiliário e podem atravessar paredes. Irão também receber alguns upgrades para o Poltergust que permitem lançar fogo, agua ou gelo, o que vos permite derrotar alguns fantasmas especiais ou atravessar alguns obstáculos.
A atmosfera de terror com bastante humor é fantástica e juntamente com o carisma de Luigi não têm igual no catálogo da Nintendo. A componente sonora reflecte tudo isto, melhorando ainda mais a sua atmosfera. Consegue dar uma ideia de mistério e suspense, ao mesmo tempo que nos diz para não levar muito a sério, e é isso mesmo que Luigi’s Mansion é. Depois de ter jogado o primeiro Luigi’s Mansion compreendo realmente o porquê de muitos fãs pedirem à bastante tempo uma sequela. É um jogo tão diferente de praticamente tudo o que a Nintendo nos oferece que não se podia querer outra coisa que não mais. Especialmente tendo em conta que o primeiro é bastante curto. Para a sequela tenho bastante curiosidade de ver de que forma a Nintendo combateu os problemas do primeiro. O facto de a jogabilidade ficar velha passado pouco tempo e de a mesma formula se repetir vezes sem conta por exemplo.