Persona é um dos maiores sucessos no género dos RPGs, sendo o universo Shin Megami provavelmente o terceiro maior no Japão logo a seguir a Final Fantasy e Dragon Quest. Por estes lados talvez o sucesso não seja o mesmo, mas Persona é sem duvida um jogo de bastante sucesso no nosso território europeu.
Golden é uma nova versão de um jogo lançado à quatro anos. O Combo Caster ainda não existia, mas a critica foi relativamente unânime ao aclamar Persona 4 como um dos melhores jogos da PS2. Originalmente pensado como um jogo para PSP, Persona 4 Golden acabou por ser lançado para a Vita devido às limitações da PSP e cortes que teriam que ser feitos para fazer o port para PSP.
Persona 4 Golden tira bastante proveito do brilhante ecrã da Vita e do poderoso hardware em geral, oferecendo gráficos de topo juntamente com o excelente trabalho de vozes e boa história que marcaram o lançamento original. Depois de marcar a PS2 Persona 4 torna-se agora também um dos melhores jogos disponíveis para a Vita, especialmente tendo em conta a quantidade de conteúdo que oferece.
Se conhecem a formula dos jogos Persona já sabem o que vão encontrar. Uma mistura entre a vida normal de um adolescente e fantasia, juntamente com uma série de elementos sociais e dungeon crawler que formam a base do gameplay. O protagonista sem nome, que é o jogador a escolher, é empurrado para resolver um mistério que envolve um assassino em série que utiliza um mundo acessível através de ecrãs de televisão para levar a cabo as suas mortes.
Na sua base Persona é um RPG por turnos, em que cada personagem utiliza personas para o combate. Imaginem Pokemon misturado com Blue Dragon e têm algo semelhante. Tal como no Pokemon original há mais de 150 personas para coleccionar, o que é apenas uma das provas da quantidade de conteúdo presente. Esse é alias o grande trunfo de Persona 4, mas também uma fraqueza. Há uma serie de variáveis a ter em conta para que possam coleccionar personas e depois têm ainda que gerir as ligações sociais com as outras personagens, uma vez que isso é também uma parte fundamental do jogo. Golden além do jogo original que foi lançado para PS2 trás consigo uma série de novas Personas, novos elementos da história e novas personagens.
Apesar da sua complexidade Persona 4 não se preocupa muito em ajudar o jogador. Não existe realmente um tutorial para qualquer uma das mecânicas presentes, mas todas elas se tornam relativamente simples com o uso e o jogador acaba por instintivamente perceber tudo o que deve fazer. Não é tão simples como pegar numa personagem e explorar uma dungeon mas o esforço vale a pena.
O facto de Golden tornar Persona 4 portátil é um trunfo importante. Há tanto para fazer que poder levar o jogo para todo o lado é uma enorme vantagem e uma excelente forma de ocupar os tempos livres. Para aproveitar o jogo não têm realmente que ter jogado nenhum dos anteriores, tanto pela história que é separada da dos anteriores e também porque passadas algumas horas qualquer jogador domina o jogo suficientemente bem para se manter interessado. A presença de bastantes níveis de dificuldade ajuda também a não excluir tanto veteranos como completos noobs.
A história começa com a nossa personagem a conhecer outra estranha personagem num mundo paralelo, Igor que lhe diz que ele irá ter que desvendar um mistério passado algum tempo. Depois da nossa anónima personagem ter de mudar da cidade para uma pequena povoação devido ao trabalho dos pais irão conhecer as outras personagens presentes no jogo, assim como uma nova escola onde irão ter aulas e responder a algumas perguntas.
Podem ainda ter trabalhos em part-time, entrar em clubes escolares ou desporto.Tal como no recente The Walking Dead da Telltale as escolhas de diálogo afectam as relações com as outras personagens, que apesar de não terem consequências tão drasticas, afectam uma série de variáveis importantes para definirem o que querem tanto da vossa personagem como com o resto da party. Tudo o que fazem no jogo reflecte-se na evolução destas personagens para que depois tenham a performance que se espera durante as masmorras.
Estas masmorras (dungeons) são bastante variadas e são sempre baseadas na personagem que está desaparecida. Logo no inicio do jogo vão descobrir que se olharem para a televisão à meia noite vão poder ver a cara da próxima vitima. Apesar de não conseguirem salvar as duas primeiras vitimas, têm como objectivo salvar as restantes. O combate implica estudar ou conhecer as criaturas que habitam o mundo da TV para conhecerem as suas fraquezas. Essa mecânica é depois repetida durante grande parte do jogo que pode ocupar ao jogador bastante mais das 60 horas, mais ainda se começarem um Novo Jogo Plus.
Tudo o que havia de bom no jogo original continua e está ainda melhor. Graficamente a Vita é capaz de bem melhores resultados que a PS2 e a portabilidade traz uma nova dimensão ao jogo. Obviamente que desde o seu lançamento se começam a notar algumas falhas e as novidades da versão Golden não são muitas. Apenas podem gravar em alguns sítios certos e as quests secundárias não são muito inspiradas, mas estas falhas não ameaçam minimamente a qualidade global do jogo.
Golden traz ainda algumas funcionalidades online, que infelizmente não estão aproveitadas no máximo do potencial. Podem receber algum apoio nas dungeons através de frases de incentivo de outros jogadores e um pequeno buff, mas é apenas isso. Persona 4 Golden não vem revolucionar os RPGs ou a Vita. Se o fosse fazer tinha-o feito à quatro anos, mas é um jogo tão bom que é difícil não o recomendar. A Vita recebe um dos melhores jogos da PS2 melhorado e com dezenas de horas de jogo que podem levar para qualquer lado.