Pessoalmente tenho a Trion Worlds como uma óptima editora, especialmente pelo seu grande trabalho em Rift e quando me informei um pouco sobre o projecto Defiance fiquei com algum hype. Sou fã de ficção cientifica e um jogo das mãos da Trion Worlds que nos permite explorar o mundo de uma promissora série pareceu-me uma ideia bastante interessante. Muitos podem não ver o potencial da ideia pois na realidade estamos habituados a ver bastantes jogos baseados em séries e filmes. No entanto este é um projecto diferente.
O jogo é um companheiro da série, com um orçamento enorme de 70 milhões de dólares e que a Trion promete continuar a apoiar mesmo que Defiance, a série seja cancelada. Por enquanto devemos avaliar tanto a série como o jogo ao mesmo tempo e ver com que força se unem os dois, até porque só assim conseguimos desculpar algumas fraquezas do jogo. Se não virem nenhum episódio da série vão sentir-se perdidos, especialmente no que toca às personagens, sobre as quais o jogo não explica absolutamente nada.
No que toca ao jogo em si a melhor forma de começar seria compará-lo a Borderlands. A jogabilidade é muito semelhante, assim como todo o cenário geral. A história, que devem realmente conhecer pela série, fala de um futuro não muito distante em que a humanidade entra em guerra com refugiados alienígenas de várias raças. A guerra terraforma a Terra, transformando-a para sempre tanto no seu aspecto como nas criaturas que a habitam.
No jogo somos mercenários à procura nas ruínas por tecnologia extraterrestre e vamos portanto passar o tempo a viajar de mota pelo mundo de Defiance, matando mutantes, bandidos, bichos estranhos e outros inimigos perigosos da nova Terra, coleccionando equipamento e outros tesouros. É um formula igual à de praticamente todos os MMOs do mercado mas o ambiente diferente e a jogabilidade mais virada para a acção fazem de Defiance uma boa proposta. Infelizmente os bugs minam o jogo e fazem deles menos divertido do que deveria ser, pelo menos até as actualizações o concertarem.
Em Defiance não existem classes ou habilidades com cooldowns ou tudo o resto que se tornou padrão nos MMOs actuais. Em vez disso existem quatro habilidades de combate, Cloak, Blur, Decoy e Overcharge, cada uma com vários perks passivos que moldam a nossa personagem. Com as vossas escolhas vão criar uma personagem à vossa medida que além de se focarem num caminho podem ser híbridas. Com o evoluir desta “árvore” vão-se pode aproximar de outras habilidades, dando por exemplo ao vosso sniper algumas capacidades médicas.
No que toca a PVP as opções não muitas. Fora os tradicionais modos 8vs8 e 6vs6, um modo de captura de pontos estratégicos 64vs64 chamado Shadow War não há realmente mais nada. Nada que não venha a ser resolvido no futuro. Graças ao bom motor de jogo estes modos são divertidos e rápidos, pecando apenas pela falta de variedade. Como em muitos aspectos do jogo, nota-se um pouco de pressa no desenvolvimento e talvez muito do conteúdo programado tenha sido agendado para futuras actualizações.
A Trion Worlds utilizou algum do conhecimento ganho no seu outro jogo, Rift, e uma característica bastante bem recebida pelos fãs, os eventos dinâmicos. Ao contrário de Rift, aqui estes chamam-se Arkfalls, no entanto são bastante semelhantes aos de Rift, envolvendo geralmente eliminar uma série de inimigos cada vez mais fortes, culminando num combate contra um boss. Tal como em Rift ou Guild Wars 2 estes momentos são recheados de acção e é sempre fantástico ver os jogadores unirem-se sem necessidade de formar party ou partilhar uma quest e as recompensas são também um óptimo atractivo.
Para evitar longas esperas para eliminar um certo inimigo especifico, todos os jogadores que o ataquem recebem o devido crédito, o que significa que mesmo que dois jogadores não estejam no mesmo grupo, se ambos estiverem a fazer a mesma quest ambos a irão completar ao mesmo tempo, interdependente do dano dado por cada um. É um simples sistema que se tem vindo a tornar padrão nestes jogos mas é sempre bom vê-lo em acção.
Em vez de dungeons existem missões cooperativas, cada uma suportando até quatro jogadores. Infelizmente este é um dos piores aspectos do jogo. As histórias são pouco interessantes e para um jogo que deveria expandir o universo da série, faz um mau serviço. Maior parte da história é contada através de itens que encontram. Infelizmente estes estão bem escondidos, o que faz com que pareça que os criadores estão a tentar esconder a história de Defiance, o que não faz realmente qualquer sentido.
Graficamente Defiance é tão bom quanto possível para que seja praticamente igual em todas as plataformas para que foi desenvolvido. A nossa análise reflecte a versão PC, onde não pode ser realmente comparado aos jogos actuais que usem todo o seu potencial, no entanto tendo em conta o universo dos MMOs é bastante decente e nas consolas também se iguala àquilo que estas conseguem fazer. No que toca à jogabilidade, foi realmente pensada para um comando e utilizar o rato e teclado simplesmente não parece natural.
Se viram algum episódio da série sabem que Defiance é uma cidade habitada por muitas raças alienígenas que fugiram de um sistema solar para se abrigarem na Terra. Infelizmente e sem qualquer justificação, a nossa personagem só pode ser humana ou Irathient, a raça da companheira de Nolan (sim eu vi todos os episódios da série). Como se isso não basta-se a caracterização também não é muito profunda e a probabilidade de encontrarem várias personagens iguais é grande.
Defiance é também povoado por inúmeros bugs que não atrapalham realmente e são ocasionais e maior parte é até cómico. No entanto não deixam de existir. Felizmente a Trion tem resolvido maior parte e tem feito um trabalho notável para tornar o seu jogo melhor. Por essa razão esta análise foi ficando para trás, pois gosto sempre de ver como as coisas evoluem e Defiance evolui a uma velocidade enorme, com tudo a ser resolvido a tempo recorde e essa é uma das razões porque deposito esperança em que Defiance se torne ainda melhor no futuro.
Os eventos dinâmicos são um dos melhores aspectos de Defiance, como o são em todos os MMOs, no entanto podem tornar-se um pouco repetitivos. Como por agora ainda não faz um bom trabalho a expandir o universo e história da série, Defiance pode sofrer mais pela repetitividade dos seus eventos e poucos modos PvP. O grafismo é também apenas mediano, mas a jogabilidade é divertida e na realidade passei um bom tempo com Defiance. Apesar dos bugs, que acredito estarem por esta altura quase todos resolvidos, vejo-me a voltar a este universo e depois de um bom episódio da série a vontade de voltar a jogar aumenta. Não é o grande jogo que poderia ser, mas é bastante divertido.
8/10