Lembram-se de The Dark Eye: Chains of Satinav? Um jogo de aventura da Daedelic lançado ano passado e analisado aqui no Combo Caster? Memoria é a sequela desse jogo e continua a história de Geron. Geron está a passar um mau bocado, a viver numa pequena casa com a namorada que foi transformada num corvo. A estrutura do jogo é interessante com dois protagonistas, Geron e a princesa Sadja, que apesar de viverem separados por séculos, são essenciais para salvar Nuri antes de esta perder todas as sua memórias. Percebem agora o titulo certo?
Há muito mais em jogo, uma máscara mágica está a apagar as memórias de quem a usa e uma figura misteriosa está a transformar pessoas em pedra. O enredo é, de longe, a melhor parte de Memoria, pois envolve conhecimento que vai muito além da maioria das histórias de fantasia. O que é de esperar, pois ninguém pega num jogo deste género à espera de acção e uma jogabilidade muito dinâmica. O jogador vai encontrar magos, decénios e várias outras criaturas fantásticas, mas é o envolvimento de Satinav, guardião do tempo de Aventuria, que é um conceito bastante assustador.
Este é um conto sombrio e assustador que é preenchido com apenas morte e destruição e, no centro, uma experiência absolutamente emocionante. O ritmo é quase perfeito, introduzindo os protagonistas bastante cedo e aumentando a forma como a tensão é gerida juntamente com as reviravoltas na história é brilhante. Isso não quer dizer que a história é livre de falhas. Mesmo com um bom trabalho de vozes, algumas partes do jogo não têm qualquer emoção. O jogo também não muito longo, chegando a pouco mais de sete horas.
Se jogaram Chains of Satinav então não vão ter qualquer problema em pegar em Memoria, pois em termos de jogabilidade pouco muda. Por um lado podem ver isso como algo positivo, mas também significa que não existe realmente inovação nenhuma neste aspecto. A magia desempenha um papel um pouco maior com muitos puzzles a recorrer a esse poder para manipular mentes ou petrificar tudo à nossa volta. Esses momentos acontecem normalmente no passado com a princesa Sadja, uma vez que Geron continua com os mesmos poderes do jogo anterior. Ao contrário de algumas aventuras recentes, como The Walking Dead, aqui não interessa muito o que escolherem nos diálogos, acabando por se resumir tudo à história e puzzles.
Os puzzles são estruturados de uma maneira um pouco simplista. A maioria dos obstáculos acontecem em apenas um par de áreas de cada vez, sem nunca se expandirem mais do que isso, o que o pode tornar um pouco simples. No entanto, existem alguns puzzles bem construídos, especialmente durante a segunda metade do jogo. Enquanto que no primeiro jogo nos sentíamos por vezes perdidos isso já não acontece em Memoria, mas por outro lado sentimos falta de um verdadeiro desafio.
Não podem falar sobre Memoria sem falar sobre o seu visual. Os gráficos são, sem dúvida, um aspecto importante para qualquer jogo, mas num jogo bastante limitado em termos de gameplay torna-se ainda mais importante. Com excepção dos modelos de personagens 3D o restante no jogo foi desenhado à mão na perfeição. Se jogaram o jogo anterior sabem o que podem esperar, mas fiquem descansados pois está ainda melhor. As áreas variam de florestas para cavernas e fortalezas flutuantes, com um aspecto de fantasia muito bem trabalhado e o facto de na nossa era digital vermos algo desenhado à mão é sempre fantástico.
Memoria é uma aventura que aposta forte em bons visuais, boa história mas que acaba por sair prejudicada por um ou dois pequenos pormenores. A dobragem de vozes poderia estar um pouco melhor e os puzzles necessitam de alguma atenção. A complexidade dos puzzles é a mistura certa de dificuldade, mas existe pouca variedade e limita-los a apenas uma área acaba por simplificar tudo um pouco. Mesmo com uma campanha bastante curta a história consegue ser melhor que muitos jogos com dezenas de horas. Se gostaram do primeiro jogo não há realmente qualquer desculpa para não jogar Memoria.