Time and Eternity tinha como objectivo ser um anime que os jogadores podiam jogar. As personagens 2D num cenário 3D são o melhor aspecto do jogo, que realmente parece um anime. Em termos de proximidade com o estilo anime não existe realmente nada do género que se aproxime minimamente. Mesmo tendo jogado Naruto Ultimate Ninja Storm que faz um excelente trabalho nesse aspecto não consegue chegar à perfeição que é Time and Eternity. Infelizmente o resto do jogo é apenas razoável, o contrasta de forma bastante forte com a qualidade gráfica apresentada.
A história começa com o casamente da princesa Toki e Zack. Durante o casamento Zack morre durante um ataque de assassinos e a sua alma fica presa do dragão da princesa. Tudo até aqui já é estranho, mas quando somamos o facto de Toki ter uma dupla personalidade e o facto de toda a sua família, com ela incluída, poder controlar o tempo podemos ver há muitas reviravoltas e muitos jogadores vão ficar assustados pelo jogo ser demasiado “over the top”.
Toki e companhia vão ter que ir para o passado para tentar impedir o assassinato de Zack, tudo isso sem saberem que Zack habita agora o dragão de Toki. É tudo bastante cómico na realidade e as personagens não apresentam muita profundidade, o que seria de esperar num RPG deste género, mas como cada uma tem uma diferente falha na sua personalidade, o humor é garantido, apesar de sofrer um pouco do mesmo problema de muitos jogos da NISA. O excesso de humor pode acabar por enervar alguns jogadores e acaba mesmo por perder a piada em algumas partes.
Infelizmente a jogabilidade também fica gasta rapidamente. Os controlos são simples, mas mesmo assim apresentam alguma lentidão durante as batalhas, que acabam por ser pouco mais que uma série de Quick Time Events. Outra decisão de design difícil de compreender é a de apenas podermos lutar contra um inimigo de cada vez. Tendo em conta que temos uma party, é difícil de perceber o porquê de apenas podermos confrontar um inimigo de cada vez. Os combates são aleatórios e a forma como aparecem vez e vez sem conta podem ser um pouco frustrantes, sendo o único ponto forte do sistema os ataques magicos que combinam as habilidades de Toki com as do seu dragão.
Apesar de graficamente ser realmente fantástico, existe muita reutilização das animações, o que se torna mais do que evidente à medida que avançam no jogo. Algo que também não combina de forma perfeita são as animações com os controlos, acabando por ser quase necessário planear tudo previamente, uma vez que é bastante difícil tomar uma decisão durante o combate e conseguir fazer exactamente o que imaginámos. A forma como Toki muda de personalidade é também resumido a uma simples troca de paleta de cores e habilidades, o que é realmente aproveitar mal uma boa ideia.
A musica do jogo é juntamente com o grafismo um dos melhores aspectos do jogo. Adapta-se a todos os momentos do jogo e consegue melhor que a própria história passar sentimentos. O trabalho de vozes está alguns pontos abaixo do que a NISA nos habituou em muitos dos seus lançamentos mais recentes, mas continua a ser bom, e é sempre bem melhor que obrigar o jogador a apenas ler texto.
Muitos dos comentários nas redes sociais critica apenas o jogo pelo seu cariz sexual e meio pervertido, mas isso é tão natural nos jogos japoneses em geral que dificilmente consigo olhar para isso como um ponto negativo. Obviamente que personagens com 16 anos são postas em situações que para nós são completamente anormais, mas qualquer jogador habituado a este tipo de títulos ou um otaku em geral nem irá ligar.
Time and Eternity é um jogo razoável com um grafismo realmente inovador. Infelizmente perde-se pelo caminho com um combate insatisfatório e uma história que promete no inicio mas acaba por não manter o jogador interessado e o próprio humor que é bastante divertido no inicio do jogo acaba por se tornar cansativo. Como com outros jogos da NISA é um jogo que recomendo a quem gosta do género, nem que se seja pela inovação do grafismo, mas que admito perfeitamente que maior parte dos jogadores não irá ter qualquer vontade de o experimentar sequer.