Os jogos mudaram bastante esta geração e ainda mudaram mais comparados a geração anterior. Por vezes aparece um jogo que esquece isso e tenta o sucesso apostando em mecânicas de jogo datadas, mas que por vezes conseguem bons resultados ao misturar outros conceitos recentes, trazendo esses jogos para os tempos actuais. Infelizmente depois existem jogos com Inquisitor, um jogo que não possui um único aspecto digno de 2013, acabando por a pergunta não ser é Inquisitor um bom jogo, mas sim, seria Inquisitor um bom jogo em 2003?
O primeiro pensamento que vos vai surgir é, “estou a olhar para um jogo deste ano?”. Bem, nem por isso. Nem todos os jogos com percursos conturbados de desenvolvimento têm o mediatismo de Duke Nukem Forever. Inquisitor está em desenvolvimento à dez anos, aliás, esteve em desenvolvimento durante dez anos, tendo sido lançado no seu país de origem em 2009 e depois passou por um periodo de três anos em traduções dos textos do jogo, logo podem já imaginar a quantidade de texto que existe.
Desde o motor do jogo até, bem, tudo o resto, tudo faz lembrar Baldurs Gate. O jogador faz um personagem, atribuindo os seus pontos de atributos com alguma atenção e depois ver tudo a correr mal o jogo. Ao não usar um sistema conhecido a distribuição dos pontos não é bem igual à de outros jogos e infelizmente a explicação está algures na quantidade ridícula de texto deste jogo.
Sem grandes explicações e tutoriais resta o tradicional tentativa e erro que felizmente já não é algo que desculpamos. O único aspecto positivo é aliás a qualidade dos seus textos. Todas as conversas com os NPCs estão bem escritas e a história é bem interessante. Infelizmente para avançar nesta é preciso abrir caminho num mundo com um grafismo completamente datado e derrotar inimigos naquele que é bem provavelmente o pior combate que já vi num jogo. Não há qualquer tipo de entusiasmo nos combates. A nossa personagem e os inimigos simplesmente batem uma na outra até uma delas morrer, o que é sem sombra de duvida bastante aborrecido.
Inquisitor baseia-se nos acontecimentos do mundo real, mas num mundo em que a magia e os milagres são coisas reais e o mundo está prestes e acabar e os demónios chegam à Terra. É um lugar escuro e corrupto, com o jogo a explorar bastante bem a fina linha que separa todos os mortais de santos e demónios. Inquisitor não é muito bom a dar direcções. As direcções são dadas por NPCs, mas apesar dos textos de boa qualidade, maior parte do que eles dizem é totalmente inútil. Isso faz com que a experiência de entrar num local inexplorado seja das piores sensações que o jogo transmite, deixando-nos completamente perdidos e sozinhos.
Inquisitor faz aquilo que nenhum jogo deve fazer. Tentar fazer um jogo com os moldes dos jogos com dez anos sem fazer qualquer tipo de esforço para melhorar o conceito. Os videojogos vivem de inovação, com os estúdios a pegar naquilo que de melhor se vai fazendo e colocando isso nos seus jogos. Basta olhar-mos para os grandes jogos indie da actualidade. Também não têm os melhores gráficos, mas misturam o melhor que os jogos clássicos nos davam com o melhor que se faz agora. Infelizmente Inquisitor apenas nos dá algo parecido com o que jogávamos na decada passada e nem nisso é perfeito.