Análise Assassin’s Creed IV Black Flag

Nunca vi em toda a minha experiência enquanto jogador uma sequela que melhorasse em tantos aspectos o seu antecessor como Assassin’s Creed 2. Depois de ter precisado de algum esforço para acabar o primeiro Assassin’s Creed foi um prazer enorme pegar na sequela. Infelizmente depois vimos um estagnar da série que apesar de aparecer todos os anos com um jogo de grande qualidade, nunca chegou sequer perto do segundo titulo da série. Algo que tem  vindo também a desaparecer são as referências aos assassinos e templários.

Assassin’s Creed III foi relativamente bem recebido mas a falta de carisma da personagem principal e restante elenco pouco memorável, juntamente com uma história que interessava mais ao publico americano do que a todo o resto do mundo fizeram com que este acabasse por ser uma desilusão. Foi também aqui que o conflito entre assassinos e templários começou a passar para segundo plano, excepto nas sequências passadas no presente de Desmond.

Tudo isto se acentuou em Black Flag. Eu diria até que Black Flag não faz um grande trabalho em ser um jogo de Assassin’s Creed, mas como jogo é excelente. Esta seria uma óptima base para uma nova IP sem qualquer duvida e gostaria de saber até que ponto este não teria beneficiado se não tivesse de obedecer a todos os pontos que fazem de Assassin’s Creed, Assassin’S Creed. Apesar de assentar no trabalho do seu antecessor, Black Flag é superior em tudo. A personagem é mais interessante, a história melhor e existem ainda algumas personagens bastante memoráveis.

A Ubisoft decidiu pela primeira vez andar para trás no tempo e em Black Flag seguimos a história do avô de Connor, um pirata que saiu da Europa para fazer fortuna nas Caraibas e poder depois regressar a casa. Como um verdadeiro pirata, Edward Kenway, não se interessa minimamente com o correcto e justo, não lutando nem pelos assassinos ou pelos templários, apenas pelo lado que lhe pague melhor. Se jogaram Assassin’s Creed 3 sabem que depois daquele final havia um problema em manter a história no presente interessante. A Ubisoft fez uma boa manobra neste aspecto criando uma nova faceta da Abstergo. Olhando um pouco para o futuro dos videojogos, existe agora uma empresa ligada à Abstergo que se dedica à criação de experiências interactivas utilizando o ADN de Desmond.

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Obviamente o poder da Abstergo quer realmente o que sempre quis e a nossa personagem do presente está apenas a ser usada para chegar aos fins dos templários, mas há medida que a história progride vamos estabelecendo ligações com o passado da série. No que toca ao nosso ancestral, Kenway é muito mais interessante do que Connor e o Barba Negra supera qualquer personagem principal do jogo anterior. Mas aquilo de que todos estavam à espera quando os primeiros trailers começaram a sair era sem duvida, a pirataria.

Além de um Assassin’s Creed decente e um jogo brilhante, este é um simulador de piratas ao nível dos melhores que já joguei. Nos jogos anteriores a nossa personagem podia gastar o dinheiro que ia ganhando para ir melhorando o seu equipamento e a sua “base”. Aqui além de podermos melhorar o equipamento obviamente, a nossa verdadeira base é um navio de guerra e para o melhorar temos que além de dinheiro recolher os materiais necessários. Jogos anteriores não havia muitas razões para melhorar os edificios. Obviamente existiam algumas vantagens em fazê-lo mas nunca era óbvia a utilidade. Aqui a utilidade não podia ser mais óbvia. Começamos com um pequeno navio que é veloz mas não tem qualquer defesa e o ataque é também bastante deficiente, mas rapidamente controlamos uma máquina de guerra flutuante.

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Pela minha experiência, vão passar a maior parte do tempo a roubar outros navios e até fortes militares. A experiência de conquistar um navio muito mais poderoso que o nosso apenas para adicioná-lo à nossa frota é fantástica. Começar por usar os morteiros à distância ou os canhões frontais para diminuir a velocidade do navio inimigo para depois aniquilar as suas defesas com os canhões laterais e no final abordar o navio, matar alguns oficiais e o capitão. Todos os navios que roubamos são um momento épico sem qualquer duvida e todos os melhoramentos tornam a experiência ainda melhor.

Este é também o jogo da série mais rico em conteúdo. Há tanto para fazer aqui que é quase impossível fazer tudo. As cidades, Havana, Kingston e Nassau, podem nunca chegar ao nível das antigas cidades europeias que vimos na série de Assassin’s Creed 2, mas estão cheias de coisas para fazer, como jogos, contractos de assassínio ou até canções para coleccionar.  Navegar os mares com a nossa tripulação a cantar musicas de piratas à procura de navios e ilhas com tesouros para descobrir é a melhor parte de Black Flag e para isso não precisava realmente de qualquer referência a Assassin’s Creed. Além disso podem ainda caçar baleias ou mergulhar para explorar naufrágios e cavernas submarinas. É surpreendente a quantidade de conteúdo que existe e ainda existem as missões de Aveline na versão PS3 e os modos online que estão de volta com os seus modos de sempre que oferecem mais algumas horas de jogo.

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Graficamente não é uma revolução e pelo que pude ver pelas versões das consolas de nova geração, a evolução é notória mas não é um salto enorme. No que toca a som por outro lado Black Flag é fantástico. As florestas estão recheadas de vida, com animais que podemos caçar e usar depois para criar itens e os mares são uma verdadeira aventura. Com tempestades brutais e a nossa tripulação a cantar e a deixar reparos sobre os sítios por onde vamos passando. A Ubisoft fez um óptimo trabalho a recriar as Bahamas e os portugueses podem até dar-se por contentes pela presença de Portugal, com vozes portuguesas até na versão inglesa que falam português de Portugal e não brasileiro como em Family Guy.

Se Assassin’s Creed 2 não tivesse sido tão revolucionário como foi, Black Flag seria sem qualquer duvida o melhor jogo da série. Infelizmente os elementos principais da série estão a perder força, mas isso não impede que os jogos possam continuar a ser fantásticos noutros aspectos. O próprio jogo tenta quebrar a quarta parede durante as sequências do presente com a nova Abstergo que basicamente é uma versão no futuro da Ubisoft, realçando aquilo que a série se pode vir a tornar no futuro, um simples simulador de uma certo época, e por mim não me importo nada com isso.

9.5/10

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