Análise Bionic Dues

Bionic Dues é o novo jogo da Arcen Games, um estúdio que parece ter uma inspiração inesgotável pois em pouco mais de um ano de ComboCaster já analisámos dois jogos deles, sendo este o terceiro. Desta vez a Arcen traz-nos um roguelike por turnos com mechs e a sua customização. Os roguelike estão realmente na moda, pois ainda ontem lançámos a analise de um e nos últimos temos foram realmente muitos os que passaram aqui. Algo que também parece estar mais popular que nunca são os mechs. Nos ultimos tempos além dos lançamentos da Bandai que já são normais, tivemos um shooter online fantástico, Mechwarrior Online, um filme de monstros que apesar de não ser propriamente um filme de mechs todos podem ver a inspiração, Pacific Rim e vamos ainda ter Titanfall para o próximo ano. Se estes robôs humanoides alguma vez estiveram na moda é agora.

Tal como a Arcen nos habituou nos seus jogos anteriores, tudo no jogo é renderizado num belo 2D, que nos lembra uma outra era dos videojogos. Não esperem ricos ambientes 3D ou sprites ultra-detalhados, pois nunca foi esse o foco da Arcen e também não é aqui. Mas tudo tem bom aspecto, desde que olhem para tudo com a disposição certa. Nunca é demais repetir que os jogos indie não se podem dar ao luxo de grafismos como o de Dragon’s Crown por exemplo.

Há seis classes diferentes de mechs para escolher que apesar de nomes e aparencia diferentes de outros jogos são classes que já estamos mais ou menos familiarizados, desde o básico soldado de assalto até aquilo que num jogo de fantasia eu chamaria rogue ou thief, aqui apelidada de scientist e tem funções como hacker e lock-pick. Veêm onde quis chegar ao chamá-lo de thief.
Cada uma das classes é diferente o suficiente. Nunca senti que podia usar as mesmas tecnicas que usei com outra classe numa classe diferente e os itens que equipamos têm também comportamentos diferentes. O cientista por exemplo tem pouco espaço para armamento mas graças ao CPU maior pode equipar armas especiais.

Cada uma das classes tem vantagens diferentes e alguns fazem-nos começar mais fortes, enquanto que outros aumentam as recompensas que podermos ter, aumentando a possibilidade de loot épico por exemplo. Pensem por exemplo nas várias personagens de The Binding of Isaac (este exemplo continua a surgir), e podem ter uma ideia de como funcionam as várias classes neste aspecto.
Depois existem também alguns elementos que parecem ir buscar inspiração a um jogo da própria Arcen. Em The Valley Without Wind havia um limite de rondas para ganhar. Não funciona bem assim na prática mas era perto disso. Aqui temos 50 dias para eliminar a ameaça de um robôs rebeldes antes de a cidade ser completamente arrasada para obter o mesmo efeito.

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As instalações que atacamos irão afectar o comportamento da força dos robôs. Atacar uma fábrica por exemplo faz com que o seu exército não seja tão eficaz. Atacar o seu armamento irá melhorar os nossos mechs e por aí fora. A quantidade de missões e upgrades juntamente aos mapas aleatórios faz com que nenhuma playthrough seja igual à anterior. Algo que é uma característica comum a todos os roguelike e que está bem conseguida aqui.

Tal como em The Binding of Isaac, os vários itens alteram as estatísticas da nossa personagem e nem sempre nos ajudam. Muitos deles prejudicam a forma como queremos jogar e outros simplesmente são inferiores ao que já temos. Isto provoca um problema comum a todos os roguelike. Nem sempre é sequer possível chegar ao fim. Em algumas playthoughs somos simplesmente fracos demais para conseguir sobreviver. Isto não quer dizer que na grande maioria do tempo não exista um bom equilíbrio em Bionic Dues, simplesmente é um problema ocasional que afecta todos os roguelike desde sempre.

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É na jogabilidade que Bionic Dues se destaca dos restantes roguelikes. O titulo do Arcen não depende de reflexos como The Binding of Isaac, aqui tudo deve ser pensado ao pormenor. Todos os mapas se baseiam numa grelha e o combate por turnos faz com que tenhamos realmente de pensar no que vamos fazer. Movermo-nos quando deviamos ter ficado quietos ou atacar pode traduzir-se na nossa sobrevivência ou derrota.

Até percebermos todos os aspectos de Bionic Dues vamos morrer e morrer e morrer. Mas em qual roguelike é que não fazemos isso? Em termos de numeros não acho que tenha mais de 10% de playthroughs de sucesso em The Binding of Isaac ou qualquer outro roguelike de renome. Mas a dificuldade é o que faz este tipo de jogos tão viciante, pois a vitória é também muito mais saborosa. Bionic Dues pode não ganhar nenhum prémio em termos técnicos e mesmo a interface por vezes apresenta-nos demasiados menus tediosos, mas é um jogo viciante que muitos deveriam experimentar. Se gostas de roguelikes então Bionic Dues é diferente o suficiente para valer a pena também.

 

8/10

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