Análise: Inspector Zé e Robot Palhaço em Crime no Hotel Lisboa

Inspector Zé e Robot Palhaço em crime no Hotel Lisboa é o primeiro jogo do estúdio 100% Português Nerd Monkeys criado por Filipe Pina, que anteriormente já tinha trabalhado na criação de jogos como Toy Shop e o mais conhecido Under Siege, e por Diogo Stuart que está à frente da PressPlay, uma loja dedicada ao retro gaming. É um point-and-click estilo retro cheio de humor à boa moda portuguesa.

Crime no Hotel Lisboa conta a história do detetive privado Justino José ( Inspector Zé) e do seu amigo robot palhaço, que recebeu como herança de um familiar distante. A maior característica deste robot é mesmo o seu humor, pois acedendo a um dos menus de interação, podemos pôr o nosso amigo  a contar um sem fim de anedotas bem portuguesas. O Inspector Zé, é o detective privado (com graduação de “dozeoito” valores como consta no seu diploma) com que vamos desvendar o caso que o agente da polícia nos dá. Tudo isto se desenrola ao longo de um Portugal dos anos 80 bem típico e familiar para nós.tiroimagem_04

A jogabilidade é a esperada de qualquer point-and-click. Encontrar objetos escondidos pelos cenários, para com esses poder interrogar os suspeitos. As interrogações decorrem ao longo de três fases, às quais temos de associar a pergunta correta a um dos nossos objetos, sendo que o personagem que levamos para fazer o interrogatório também conta bastante, pois o Inspector Zé e o Robot palhaço são personagens completamente diferentes. O único problema com este sistema, apesar de divertido ler as deixas e as opções que temos quando conduzimos as entrevistas, é que mesmo que falhemos podemos repeti-las as vezes que quisermos, e num sistema de tentativa e erro podemos avançar sem dificuldade nenhuma

Isto faz com que a longevidade de Inspector Zé e Robot Palhaço em crime no Hotel Lisboa seja bastante reduzida, isto e os poucos cenários existentes. Temos porém, a opção de fazer as três “sidequestes” (como diz o robot palhaço) que estão à nossa disposição, bem como a tarefa de encontrar nove cassetes VHS espalhadas pelo cenário que mais tarde podemos usar para ter umas luzes sobre a história do nosso Inspector Zé ou até mesmo ficar simplesmente a entreter o pessoal do bar ao lado a contar anedotas na pele do Robot palhaço.

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Ao longo do tempo que joguei, o que me agradou mais foi sem dúvida a qualidade artística deste jogo. Os cenários, e os gráficos em geral, apesar de retro conseguem ser muito imersivos e detalhados. Os pormenores típicos do nosso país estão aqui todos, desde os tascos, o elétrico a passar, as portas das casas de banho escritas com anúncios pouco próprios e desenhos fálicos, os marcos do correio da época e até mesmo a música que eu acho genial, que vai desde o fado aos sons Jazz, que são interpretados por músicos portugueses inclusive.

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O que me deu que pensar foi que como é que um jogo tão português, não só pela produção mas mesmo no conteúdo poderá apelar aos jogadores de outras nacionalidades, uma vez que está a concorrer ao Indie do ano no famoso IndieDB, bem como à espera de aprovação pelo sistema Greenlight do Steam. Sendo assim, cheio de curiosidade joguei um pouco em Inglês, para ver o que encontrava, principalmente em relação às piadas do Robot palhaço e reparei que o pessoal da Nerd Monkeys, muito inteligentemente adaptaram as piadas que muitas delas só os portugueses poderiam perceber à cultura estrangeira, com piadas típicas como a do “Knock..Knock… Who’s There?” ou até mesmo as do “your mom is so fat…”, mantendo assim o humor, mesmo para quem pensa que Portugal é uma província de Espanha e nada sabe acerca da nossa cultura.

 

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