Retro City Rampage começou como um demake NES de Grand Theft Auto 3 , com a personagem Player, a tentar afirmar-se em Theftropolis. Ele é um especialista em tudo tal como praticamente todas as estrelas de um GTA. Mas esta não é o foco de Retro City Rampage. A maior força de Retro City Rampage é a sua história e a escrita hilariante , que vão buscar inspiração aos momentos, personagens e clichés dos melhores videojogos da era NES, mas também do cinema e outros formatos da cultura pop. Logo no inicio temos uma missão que imita as mecânicas de frogger e a jogabilidade normal relembra muito o GTA original ou GTA 2.
Retro City Rampage vem da mente criativa de um grande fã de jogos Brian Provinciano que vem a trabalhar neste jogo desde 2002 e isso nota-se realmente. A atenção ao detalhe é enorme, com todas as personagens que vão aparecendo a serem distintas e todas as musicas do jogo são fantásticas. Os cenários são uma dedicatória à pixel art e aos jogos indie em si. O espírito indie está aqui representado na sua melhor forma, a paixão pelo mundo dos videojogos e a vontade de querer fazer algo próprio.
A condução nas ruas da cidade de Theftropolis está ao nível de GTA 2, com controlos precisos e realmente divertida. Todos os carros têm uma condução diferente também, mas a jogabilidade de combate é um pouco inferior e pouco interessante. Colocar um sistema de cobertura num jogo 2D foi uma escolha arriscada e não resulta realmente bem. Se entendermos isso com uma referencia aos jogos actuais é realmente compreensível pois não serve realmente qualquer propósito, nem mesmo no de demake de GTA 3.
As referências são divertidos puramente por causa do grande número e a rapidez a que são apresentadas. É uma espécie de estratégia metralhadora em que as referências são atiradas aos montes contra o jogador, algo que funciona muito bem se forem um jogador a sério mas que para um novo jogador não tem qualquer valor. Se jogaram os principais jogos dos últimos vinte anos vão realmente passar um bom tempo com Retro City Rampage, nem que se seja para decifrar a referência seguinte.
É um humor que já foi visto noutros jogos mas nunca de uma forma tão boa, com as referências a não serem apenas ao nível visual mas também recorrendo às mecânicas de jogo do jogo original. Isto torna-o nostálgico em mais do que um nível, pois muito melhor que relembrar uma cutscene inesquecível é relembrar por momentos como foi jogar esse jogo e esse é o maior crédito que posso dar a Retro City Rampage.
A diversão que vão ter com este jogo depende muito do tipo de jogador que forem. Mesmo que adorem o mundo indie, se não fizerem parte da geração que começou na NES, ou fãs de jogos retro, a diversão que vão ter aqui será muito inferior à que teriam caso fizessem parte do seu publico alvo. As cerca de seis horas que demora a acabar o jogo passam a correr quando percebemos todas as referências mas acredito que não sejam minimamente interessantes para os restantes jogadores. Portanto, se nasceram nos anos 80/90 adicionem dois valores a esta nota.