Blackguards foi recentemente lançado, após uma passagem pelo programa Early Access, na qual eu fiz uma antevisão. Nessa mesma antevisão referi que esta é a primeira aventura da veterana dos point-and-click Daedalic Entertainment nos turn based rpg, e com muito mérito devo dizer.
O sucesso de Blackguards começa pela sua história brilhante, ou não fosse a Daedalic perita nesta matéria. Tudo o resto neste jogo revolve à volta da sua história, mesmo o combate não é aleatório, e segue-se sempre em resultado ou de uma side quest ou simplesmente para tentar desvendar o que vem a seguir.
Começamos então com um mote tão simples quanto uma fuga da prisão e dois outros prisioneiros que nos ajudam e vão partilhar o resto da aventura com o personagem central, que procura a solução para o seu dilema, será que foi ele o culpado do homicído que o pôs na prisão? os seus companheiros serão de confiança? tudo isto é desvendado, mapa de batalha após mapa de batalha, através de mais de 60 horas de jogo.
As nossas escolhas e opções poderão também influenciar o resultado da história, pelo que Blackguards conta também com vários finais, e como cada batalha é diferente e a história pode levar vários rumos, Blackguards tem bastante valor de replay.
O outro factor de sucesso de Blackguards, são as batalhas. Apesar de não haver mapas aleatórios, cada batalha pode ser única, devido à liberdade que com que podemos interagir com o mapa. Desde rebentar com pontes para impedir o movimento adversário, até deixar cair objectos em cima dos inimigos ou usar um sistema de cover, parecido com o de XCOM: Enemy Unknown, em tudo o que estiver ao nosso alcance. O movimento e ataque é feito em grelha, e por turnos, ao bom estilo clássico.
Mais ainda, como não existe aleatoriedade nos mapas, cada um é lindamente desenhado à mão, bem como os cenários das cidades do jogo, onde numa forma de simple click , sem freeroam, podemos comprar poções e curar os personagens o que intensifica muito mais a imersão no jogo.
Em contraste com o movimento de jogo, temos total controlo e liberdade na criação e personalização dos nossos personagens, dentro de cada classe. Aqui não existe nenhum tipo de restrição, pois podemos alocar todos os pontos num único stat se assim desejarmos ou especializarmos o personagem numa única arma, adicionando skill points à mesma, as opções são infinitas e é até algo complicado perceber tanta personalização no inicio, o que me leva ao que eu acredito ser um dos grandes problemas de Blackguards.
Os tutoriais são muitos breves, e não nos dão nem uma ideia da quantidade de personalização que podemos dar aos nossos personagens, o que pode, e vai certamente pôr muitos jogadores à deriva, especialmente novatos. Outra coisa que fica por explicar (infelizmente) é a enorme interatividade com os mapas. Ficamos a saber que podemos usar um sistema de cover, e usar alguns recursos, mas fica muito aquém das possibilidades de interação que realmente temos, e pode acontecer até finalizar o jogo, sem fazer ideia de que poderíamos ter feito os combates com muito mais variedade.
Apesar de Blackguards ser mais indicado aos veteranos do turn based, é um jogo que oferece muito mais do que o seu preço de venda sugere, e com alguma paciência os novatos vão adorar. Desde as intrigas, às reviravoltas na história ou novos desafios nos combates, este jogo simplesmente continua a dar até ao último momento, momento esse que só verão após bastantes horas a jogar.