Análise: Watch Dogs

O que torna isto pior é que a versão que vimos antes do adiamento é sem duvida superior em tudo. Graficamente era bem mais impressionante, a cidade parecia mais viva , cheia e interessante e até a personagem parecia mover-se de outra forma. É talvez isto que traz maior parte do sentimento de desilusão. É o caso de um jogo que tem um hype enorme e depois o resultado final acaba por saber a pouco graças a isso.

Mas não pensem que Watch Dogs é um mau jogo. É um jogo fantástico, simplesmente não é tão bom como a Ubisoft nos fez crer na sua apresentação inicial. Apesar de parecer e ser um jogo com muitas ideias originais acaba por ser demasiado familiar. Imaginem um Assassin’s Creed num futuro próximo e têm ideia do que se trata o jogo. Se a Ubisoft chama-se a este Assassin’s Creed <insert subtitile> eu não ficaria admirado.

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Existem muitos easter eggs que apontam para um universo partilhado e até os criadores do jogo revelaram que em parte é um jogo no mesmo universo. Mas Aiden Pearce, a personagem do jogo não é um assassino. A sua capacidade de combate não está ao seu nível, pelo menos corpo a corpo e nunca nos sentimentos como uma verdadeira maquina de matar como na saga Assassin’s Creed. Por pouco sentido que faça, a verdade é que temos que ser bem mais furtivos em Watch Dogs do que em Assassin’s Creed, no entanto quando temos que resolver os assuntos de arma em punho Aiden revela-se um verdadeiro soldado graças a um bom sistema de cobertura e à sua habilidade de esconder um verdadeiro arsenal de guerra no seu casaco. Mas quando o inimigo está a um metro de distancia Aiden consegue também livrar-se dele com um simples “takedown”.

A história acaba também por saber a pouco. Começa por prometer bem mais do que o que consegue cumprir, um pouco como o restante jogo. Depois de um golpe falhado, que acaba na morte da sua sobrinha como vingança, Aiden, um hacker, torna-se um vigilante, que protege a cidade de vários tipos de crimes, enquanto tenta descobrir quem ordenou a morte da sua família. Uma história é tão forte como a qualidade das suas personagens a deixam ser e Watch Dogs acaba por sofrer da fraca qualidade das suas personagens. Nem mesmo Aiden consegue ser uma personagem com que nos consigamos relacionar.

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A forma como mata civis por tão pouco quando podia simplesmente hackear o seu telemóvel (algo que faz apenas depois), torna-o uma personagem difícil de levar a sério e de ter empatia. É este tipo de personalidade “shoot first ask questions later” que o torna tão herói como vilão. Apesar da história não ser memorável tem alguns bons momentos e existem algumas missões secundarias que tornam tudo mais interessante. Mas também existe uma enorme repetição de objectivos e mecânicas de jogos. Depois da terceira ou quarta missão em que temos que esperar que alguém cometa um crime para agir começamos a fartarmo-nos na repetição. E assassinar alguém pelas costas de AK-47 apenas porque tentou roubar alguém parece um pouco exagerado. A cidade tem também os seus momentos.

Em parte é uma cidade menos memorável do que a de jogos do género como GTA IV. Há muito para descobrir mas nada que realmente valha a pena. Não há grandes locais que nos deixem a pensar “tenho mesmo que ir ali” ou “gostava de voltar ali”. Além disso a cidade parece um enorme sandbox nas mãos do jogador graças às capacidades de Aiden. Tudo pode ser controlado, desde semáforos a portões. Isto torna o combate bastante interessante até. Podemos “hackear” os explosivos dos inimigos por exemplo, ou acionar o alarme de um carro para confundir os inimigos. Isto faz com que o jogo seja potencialmente um jogo de ação normal e furtiva ao mesmo tempo.

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Quando é imperativa uma abordagem furtiva o facto de podermos aceder às câmaras de vigilância e as câmaras portáteis de agentes, faz com que possamos ter uma ideia bastante abrangente da localização dos inimigos. A quantidade de câmaras é um pouco irrealista, mas ajuda a dar uma ideia da monotorização que existe no mundo de Watch Dogs. A jogabilidade é sólida, no entanto há tantos elementos que podemos controlar com o telemóvel de Aiden que por vezes acabamos por controlar o elemento errado. Por vezes queremos rebentar uma conduta e acabamos por ativar um portão ou as barreias no chão que nos deixam sem fuga possível.

No entanto quando conseguimos ter o timing correto é uma satisfação enorme. Ativar barreiras no momento certo ou os semáforos para vermos os nossos perseguidores embater e ficarem fora de combate é um dos melhores momentos em Watch Dogs. Mas quando tudo se resume a armas, é um jogo tão competente como GTA ou outro Third Person Shooter. Os veículos são também divertidos de jogar, especialmente graças à quantidade de boas escolhas que encontramos. É bem mais fácil encontrar um poderoso desportivo em Watch Dogs do que em GTA por exemplo.

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Raramente nos vemos com falta de escolha no jogo, ou forçados a fazer uma perseguição numa velha carrinha. Até as motas parecem resumir-se a verdadeiras bombas. Outro “problema” do jogo é a insistência em nos fazer sentir como o centro das atenções. Quase nos obriga a ver reportagens na TV de algo que fizemos anteriormente e as conversas que ouvimos pela rua falam normalmente dos habitantes a sentirem-se presos e observados pelo sistema. Os modos online encontram-se bastante bem implementados e quase parecem fazer parte da experiencia a solo. É uma boa escolha e é sem duvida uma lição retirada de jogos como Dark Souls.

One reply on “Análise: Watch Dogs

  • Nuno Teixeira

    Um jogo interessante, com bastante para oferecer em conteudo. Nota-se que foi pensado para as consolas de nova geração, pois as versões da PlayStation 3 e da Xbox 360 são apenas uma sombra do potencial real do jogo.
    Na eventualidade de um segundo título, penso que a Ubisoft pode ir mais longe, mesmo aplicando o “know how” de outros títulos de sucesso que tem.

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