Charlize Theron pode ser essencialmente conhecida pela sua beleza, beleza essa que lhe garantiu vários papeis na carreira, mas além da beleza tem um talento impressionante que nem sempre tem a oportunidade de explorar. Em Tully é Charlize, a actriz, que brilha, com a sua beleza a ficar em segundo plano. Tully é um filme sobre a maternidade em todos os ângulos belos, duros e frustrantes. Apesar de existirem algumas partes do filme com exposição desnecessária, a grande maioria do filme é contada através da excelente interpretação de Charlize que leva também o seu corpo a extremos que nos mostram o lado da maternidade que a imprensa cor de rosa e o Instagram parecem querer esconder.
O filme começa com Marlo, Charlize Theron, grávida do seu terceiro filho e com dificuldades com o seu anterior que parece ter algum tipo de atraso ou esquizofrenia ou um qualquer outro problema. A pressão na sua vida é gigante e ter um irmão a quem parece tudo correr bem não ajuda ao seu estado mental. O nascimento da sua filha acaba por não ajudar ao seu estado emocional e ao que algumas conversas indicam, depois do nascimento do seu segundo filho parece ter acontecido algo com Marlo, indicando as pistas de uma depressão pós parto.
É através de uma dica do irmão que Marlo decide relutantemente contratar uma babysitter noturna, sendo esse o início de uma grande amizade com Tully, a personagem que dá o nome ao filme e é muito mais do que o que parece. A história de Tully durante a grande maioria do filme não parece avançar muito, sendo este filme muito mais focado nas suas personagens do que na história global. É simplesmente notável a evolução das personagens, principalmente Marlo no ecrã e isso deve-se exclusivamente a Charlize que comanda o filme e rouba toda a atenção.
No entanto Tully não vive exclusivamente das suas personagens e de Charlize. O ultimo acto do filme é brilhante e apesar de ter adivinhado o final antes de este ser revelado, não deixa de ser uma surpresa. Não posso dizer que este seja um filme altamente original que me arrebatou com o seu final, mas é um filme que usa ideias e reviravoltas já utilizadas antes e o mistura com o tema da maternidade moderna, criando no conjunto algo de realmente original e uma das melhores interpretações de Charlize Theron que a este nível dramático não tinha uma interpretação tão forte desde que interpretou a assassina em série, Aileen, em Monster.