As minhas primeiras horas com Graveyard Keeper foram uma verdadeira subida e descida à montanha. Durante a primeira hora de jogo posso dizer que comecei a adorar o jogo. Aos poucos o jogo ia introduzindo mais elementos e tornando-se altamente apelativo. A temática e conceito são soberbos e o grafismo pixel art é simplesmente fantástico.
Depois da primeira meia hora o jogo além de continuar a introduzir novos elementos mantinha-me bastante ocupado com tudo o que me tinha apresentado antes, o que deixar um pouco preocupado. Como é que um jogo com um mapa tão pequeno conseguia ter sistemas tão complexos e tanto para fazer. Depois da segunda hora e com o jogo ainda a adicionar novos elementos fiquei simplesmente sem mãos a medir a tentar lembrar-me de tudo o que deveria estar a fazer e a chegar à conclusão que nem metade estava a fazer e todas as minhas quests tinham passado para segundo plano.
Como já referi o conceito de Graveyard Keeper é realmente interessante. O jogador toma o controlo de um coveiro que na verdade não é coveiro tendo desaparecido misteriosamente do seu mundo e aparecendo aqui neste mundo onde lhe dizem ser o novo coveiro, cabendo-lhe a tarefa de recuperar o cemitério e a igreja. Na realidade tudo pelo mundo do jogo parece estar estragado e reparar tudo é o que nos ocupa grande parte das primeiras horas de jogo. Existem quests dadas pelas personagens que vamos conhecendo mas nem sempre são óbvias e a grande maioria nem parece muito importante porque aquilo que nos oferecem pode ser adquirido de outras formas. Outras quests por outro lado são essenciais para prosseguir na história e descobrir como voltar para o nosso mundo.
As tarefas do jogador são muitas. Logo no início somos introduzidos à estranha tarefa de autopsiar um corpo trazido numa carroça de um burro que fala. Até aqui tudo normal mas depois temos de retirar carne do cadáver para vender na taberna. Mas antes disso temos de enterrar o morto. Na taberna o dia não nos corre bem porque o taberneiro não nos pode comprar a carne sem um selo que garanta a qualidade da carne. Depois de um dia cansativo dormimos um pouco e acordamos com uma nova quest de um fantasma que não consegue dormir bem por causa de um dos corpos do cemitério e que no pede se podemos deitar o corpo ao rio. Já referi que é uma caveira aos saltos que nos ensina o básico do jogo? É por todas estas razões que é impossível odiar Graveyard Keeper. O humor negro é fantástico e o conceito é excelente, no entanto não posso dizer que se possa amar o jogo porque a execução deixa a desejar.
Aquilo que cedo nos habituamos é que precisamos de caminhar e caminhar muito. Sempre que tivermos de ir à vila por exemplo são quase dois minutos a carregar para a direita no teclado sem nada a fazer. Mais tarde descobrimos uma passagem mais rápida mas mesmo essa demora mais do que devia. Tudo o que o jogador faz no jogo gasta energia e dormir é a única coisa que realmente enche toda a energia, portanto preparem-se também para esperar enquanto dormem e tentar optimizar ao máximo a energia que gastam em cada dia. Outro aspecto que torna tudo ainda mais frustrante é que certas personagens e actividades só aparecem em certos dias da semana. Por exemplo, já arranjaram o cemitério e precisam de falar com o bispo? Pois bem ontem tinha sido um bom dia para isso, agora só daqui a uma semana. Isto faz com que por vezes além de tentar optimizar a energia tenhamos também que fazer contas aos dias e o que temos que fazer para que não tenhamos de esperar uma série de dias extra para completar um objectivo.
Em termos de árvore de melhoramentos, Graveyard Keeper tem não uma mas uma série de árvores, uma para cada tipo de habilidade ou área de trabalho. Para cada ramo precisamos de um ou vários pontos de três tipos diferentes. O que o início do jogo nos leva a crer é que preencher a árvore é simples porque apenas são precisos pontos verdes e vermelhos e esses existem com abundância, aparecendo sempre que fazemos o que quer seja. Os azuis por outro lado aparecem bem mais tarde e são bem mais complicados de conseguir.
Apesar de todos estes problemas Graveyard Keeper consegue oferecer algo realmente único e que tem bastante mérito. As pequenas falhas na verdade são resolvidos com treino. É um jogo que exige investimento da parte do jogador e mesmo que não ofereça o retorno que devia oferece umas boas horas de jogo num jogo de gestão bastante razoável.