Apesar de toda a critica e insultos que a EA recebe actualmente, seja ela justa ou não, a verdade é que pelo menos duas das suas séries mais frequentes não podem ser acusadas de falta de qualidade. FIFA por exemplo apesar de ser um jogo com lançamento anual a única queixa que reconheço como justa ao jogo é a fraca qualidade dos servidores, porque o jogo em si apenas se tornou iterativo porque atingiu patamares de qualidade tão elevados. Battlefield por outro lado não se pode considerar que se tenha tornado iterativo. Apesar de ter tido lançamentos mais regulares a realidade é que tem apresentado mais variedade nos últimos três jogos, ou quatro se incluirmos Battlefront, do que maioria dos outros shooters com vários lançamentos alguma vez apresentou.
A saga Battlefield sempre foi uma marcada pela excelência em shooters na primeira pessoa. Em constante mutação e e evolução, continua a ser a opção mais fiável para quem procura histórias de guerra credíveis e ação online no seu maior expoente. O cenário de Battlefield 5 na Segunda Guerra Mundial prepara o palco para uma gloriosa homenagem ao passado da série e é uma cacofonia de visões e sons que fazem em muitos casos um melhor serviço de dar vida à história do que qualquer série, documentário ou filme é capaz de fazer. A imersão conseguida neste jogo é invejável e tecnicamente está a alguma distancia da concorrência. Infelizmente o que está aqui está ainda incompleto, mas vale o tempo que lhe investimentos e felizmente muito do conteúdo do jogo prometido está a chegar.
Uma coisa é certa, tal como na maioria dos jogos da série o foco principal do jogo é multijogador. Battlefield 5 baseia-se em convenções previamente estabelecidas com combates frenéticos e em grande escala que marcam os principais jogos da série. O jogo é lindamente equilibrado e visualmente é uma versão optimizada do jogo anterior, mas aquilo que mais se destaca em termos de qualidade no jogo é a jogabilidade. O jogo flui de uma forma brilhante, com o jogador a disparar, saltar e abrigar-se numa cadeia de movimentos que simplesmente fluem sem esforço, chegando a jogabilidade a tornar-se tão natural como andar de bicicleta.
Atualmente o jogo inclui os modos Conquest, Team Deathmatch, Domination e Grand Operations. Grand Operations é uma versão expandida do modo de Operações de Battlefield 1, mas que atinge a quase perfeição aqui, unindo vários mapas e modos de jogo que demoram bastante para se acabar e podem até demorar um pouco demais do que alguns jogadores têm para despender, obrigando-os a um grande compromisso mas que quando esse compromisso é honrado o jogo corresponde com um dos modos mais satisfatórios que já joguei num shooter. As classe do jogo estão por outro lado praticamente intocadas. Cada função tem armas e equipamentos específicos da classe que são desbloqueados enquanto se joga. E todas as classes podem reviver os companheiros de esquadrão agora. Mas cada um ainda desempenha um papel específico. Os médicos oferecem cuidados médicos para que outros se curem e a classe de assalto é indicada para lidar com veículos.
Uma das novidades são as fortificações que adicionam um elemento extra de estratégia ao jogo. A construção é, na verdade, mais próxima de Fortnite do que qualquer outra coisa nos jogos anteriores de Battlefield. O jogador tem de abastecer os sacos de areia, construir sacos de areia, paredes e até mesmo reconstruir as janelas de estruturas danificadas. Utilizar fortificações é fundamental no jogo e faz toda a diferença para defender um objectivo por exemplo. O progresso no jogo é feito através de moedas chamadas Company Coins e XP que podemos ganhar com objectivos diários. Ordens diárias são os desafios que mudam automaticamente a cada dia e que nos ajudam a subir de rank e desbloquear novos equipamentos. Quase tudo o resto em termos de progressão tem a sua própria árvore de progresso.
Existem missões reais em Battlefield 5, com o modo War Stories a serem missões pequenas que se dividem em três cenários diferentes, com cada um a explorar um teatro diferente de guerra. Este é o mesmo formato de antologia do Battlefield 1, mas é muito mais curto do que a campanha para um jogador do Battlefield anterior. Este foco da Dice em algo muito diferente do que a tradicional glorificação da guerra ajuda a manter Battlefield como um jogo no geral muito mais adulto que a concorrência e essa maturidade vai muito além das histórias que conta mas também com a sua própria jogabilidade. Infelizmente cada nível de War Stories deixa algo a desejar em termos de comprimento e a conclusão da trilogia leva apenas de três a cinco horas, dependendo do nível de habilidade mas não deixa de ser um modo obrigatório para os fãs de shooters de época e chegou ao género em jogos como Medal of Honor Allied Assault.
Battlefield 5 é absolutamente impressionante. É um jogo lindo, optimizado e visualmente impressionante. Há muitas oportunidades para ficar maravilhado com o detalhe do grafismo, efeitos sonoros, iluminação e explosões. Imaginem tudo o que este ou aquele jogo foi fazendo de melhor nestes aspectos técnicos e juntem-nos todos num só jogo e têm uma ideias da qualidade geral que Battlefield 5 nos apresenta. A coisa mais frustrante do jogo é que lhe falta muito conteúdo para estar completo. Felizmente sabemos por parte da DICE que este conteúdo vai chegar e será gratuito mas eu ficaria bem mais satisfeito com o jogo se por exemplo o modo Battle Royale do jogo, chamado Firestorm estivesse já disponível e não chegasse apenas para o ano. Tudo isto quase que dá a entender que todo esse trabalho será financiado pelas vendas atuais e simplesmente parece errado vindo de uma empresa com a dimensão da EA.
Apesar dos seus problemas e ocasionais bugs, Battlefield 5 é provavelmente o melhor shooter do ano, ou pelo menos irá ser o shooter do ano quando estiver completo. Comparar este jogo com Black Ops 4 por exemplo é quase injusto dada a quantidade de conteúdo que Battlefield irá ter quando comparado com um jogo apenas online como Black Ops 4, no entanto neste momento trata-se de falar do presente ou do futuro e com Battlefield 5 temos de falar sempre no futuro o que é um pouco decepcionante, mas também nos deixa bastante ansiosos dada a qualidade do que nos é apresentado aqui.