Análise: EVERSPACE: Stellar Edition

EVERSPACE podia ser um simulador espacial, tinha tudo para o ser, mas não é e ainda bem. Misturando elementos de vários generos, este podia ser descrito como um roguelike espacial. O objectivo pouco mais é do que sobreviver e seguir caminho, mas isto é apenas arranhar a superfície daquilo que EVERSPACE tem para oferecer. Entre explorar cada área individual do jogo até ao sistema de crafting, cada elemento do jogo oferece algo com qualidade e que fazem com que EVERSPACE seja mais do que a soma das suas partes.

Se há um elemento de EVERSPACE que consegue bons resultados é a forma como temos liberdade para progredir. Apesar de sabermos que temos que seguir para o portal que nos transporta para a área seguinte, podemos arriscar um encontro com inimigos ou simplesmente recolher energia e outro loot que seja seguro de recolher. Apesar de ser um jogo de combate e pouco mais, há varias formas de abordar o jogo.

Mas aquilo que melhor separa este de outros roguelike é o combate. Sem querer criticar todos os jogos de um género ao mesmo tempo, a realidade é que a maioria não tem um bom combate nem sequer profundidade mo combate. Limitam-se a apresentar uma versão despida de algumas mecânicas de RPG ou outro género em que misturaram as mecânicas de roguelike. EVERSPACE pelo contrario assenta num bom sistema de combate e isso é essencial para a sua qualidade global. Se EVERSPACE fosse simplesmente um jogo de combate espacial tinha já aí uma nota acima da media e estaríamos a avaliar apenas um dos elementos que o compõe.

Apesar de ser roguelike parece existir sempre um fio condutor na ação e o progresso que fizemos no jogo anterior nunca parece ter sido para nada graças a uma série de boas mecânicas e ideias bem implementadas, como o sistema de crafting e novas naves que vão trazendo algo de novo para o jogo, impedindo-o de se tornar aborrecido e cíclico. Enquanto vamos explorando cada área por onde vamos passando, podemos explorar e estudar o ambiente, encontrando recursos que podemos recolher e utilizar para melhorias.

A exploração em si é quase obrigatória, pois temos que recolher combustível suficiente para ir avançando. Podemos ignorar recolher combustível numa das áreas do jogo, mas não o podemos fazer eternamente e ignorar recolher combustível para evitar um combate fácil pode obrigar-nos a entrar num bem mais complicado na área seguinte. Eliminar apenas os inimigos presentes é relativamente simples nos primeiros sectores, mas atacar um contentor para recolher combustível por exemplo irá atrair uma serie de outros inimigos.

Para avançar para a área seguinte temos que ter pelo menos 25 de combustível. Começamos com um máximo de 100 e o objectivo é acabar cada área com esse sector, mas algumas das áreas simplesmente não têm essa quantidade de combustível, enquanto que outras têm demais. Praticamente metade dos inimigos largam 10 de combustível e existem áreas onde podemos encontrar depósitos e outras fontes. Tentar usar o “portal” para avançar para área seguinte sem ter combustível irá resultar em dano sofrido. Se a integridade da nossa nave estiver perto dos 100% iremos sobreviver, mas menos de 50% irá quase sempre resultar na nossa destruição.

Mas explorar não é apenas importante para recolher combustível, o sistema de crafting permite-nos criar misseis e outro equipamento a partir de outros itens que recolhemos ou trocamos nas naves comerciais que encintramos pelo caminho. Os créditos que vamos recolhendo além de poderem ser usados para melhorar a nave depois de perder-mos, podem também ser usados para comprar materiais ou arranjar a nave e comprar combustível.

Os elementos roguelike conseguem-se notar à distancia. Morrer implica começar novamente na primeira área do primeiro sector e muito do progresso que conseguimos fazer numa sessão depende da sorte que temos nos inimigos e loot que nos aparece. Apesar disso, EVERSPACE oferece bem mais em termos de progressão do que aquilo a que me fui habituando em jogos do género. Podemos gastar o dinheiro que ganhámos durante a ultima sessão em melhoramentos, podendo chegar ao ponto de comprar uma nova nave, apesar de nesta versão ainda apenas estarem disponíveis duas incluindo aquela com que começamos. Mas com a quantidade de melhoramentos disponiveis para cada uma mais depressa o jogador se cansa do jogo do que acabam coisas para comprar.

A qualidade geral de EVERSPACE em ultima análise acaba por jogar contra si próprio. Com a qualidade do combate, do grafismo e de tantas outras mecanicas, quase que ficamos com pena que seja um roguelike. Enquanto jogo de exploração e combate espacial, com um sistema de progressão talvez mais linear, EVERSPACE poderia tornar-se mais popular e até mais memorável do que aquilo que irá ser enquanto Roguelike. Com isto não quero deixar uma critica ao genero ou ao jogo, apenas preferências pessoais. Alguns dos jogos onde gastei mais tempo nos últimos anos foram roguelikes, mas EVERSPACE tem a qualidade técnica para ser mais. Para quem gosta de repetição no bom sentido da palavra Everspace está aqui melhor do que nunca graças ao conteúdo extra que foi incluído e que fazia parte dos DLCs lançados no PC.

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