Um dos jogos que mais me impressionou pelo conceito nos últimos anos foi Papers Please. O ambiente do estado totalitário onde cada ação é monitorizada e não se pode confiar em ninguém é uma ideia interessante para um jogo e ao colocar o jogador do lado deste estado autoritário torna tudo ainda mais interessante. For The People é um jogo completamente diferente de Papers Please, tanto em estilo visual como em jogabilidade.
Em For the People somos um habitante de uma nação com um regime totalitário e somos destacados para uma pequena cidade industrial onde chegamos a ser o presidente. Ser o presidente devia ser o topo da carreira mas a realidade é que as pressões vêm de todo o lado. O capitão dos bombeiros quer mais meios para o quartel, o hospital precisa de mais dinheiro para melhorar o serviço, a população precisa de obras nas infra-estruturas para ter aquecimento no inverno e nós não sabemos se podemos confiar em toda a nossa equipa. Toda a gente pensa que é dona da verdade e talvez se os trabalhadores poderem aguentar mais um pouco e confiar no presidente tudo melhore com o tempo.
Além de um jogo de estratégia em que temos de gerir as nossas unidades, fazer escolhas que mantêm todas as forças do mundo do jogo em equilíbrio e gerir a produção da cidade para que nada falhe, For the People é também uma visual novel sobre a vida da nossa humildade personagem. Os vários aspectos do jogo têm um bom equilíbrio pelo menos do que pude experimentar na demo disponível na Steam.
O jogo está dividido em dias e durante cada dia temos uma série de tarefas para fazer, sendo um dia típico dividido em tratar das operações do nosso staff, como uma espécie de força policial onde temos de escolher a melhor forma de atuar e quem enviar para a operação. Outra atividade essencial é a decisão de pedidos da população. Aqui recebemos pedidos como uma criança que pede para ser construido um abrigo para animais, um sindicato que pede para se manifestar na cidade e todo o tipo de pedidos estranhos. Durante o dia recebemos também toda a gente que nos pede para ser recebida, sendo que temos fazer nestes casos praticamente o mesmo que acabei de descrever. Estas pessoas vêm ter connosco, explicam o que as traz ali e temos decisões a tomar.
No final de cada dia o jogo muda para a sua componente visual novel, onde a história progride a um ritmo lento e vamos conhecendo os habitantes da cidade, a nossa personagem e as pessoas que ele conhece. A arte do jogo tem um estilo meio banda desenhada americana, meio influenciada pela propaganda comunista, mas é o esquema de cores que gostaria de realçar, sendo a grande maioria do jogo a preto e branco com realces de cores fortes como vermelho e laranja. For The People é um jogo interessante que ainda não me cativou a 100%, mas a versão final tem os ingredientes para o fazer.