Análise: Ruiner

Ruiner é o jogo de estreia da Reikon, um pequeno estúdio da Varsóvia, que varia um pouco a típica fórmula do género twin shooter diminuindo um pouco a velocidade do jogo, reduzindo significativamente o número de inimigos e elevando a dificuldade geral. O jogo desenrola-se numa metrópole cyberpunk no ano 2091 com o nosso herói, Puppy, está à procura do seu irmão raptado com a ajuda de um hacker.

Os quinze níveis de Ruiner são compostos por várias etapas e o jogador tem de escapar de cada um deles depois de ter sobrevivido a um número definido de ondas inimigas que consistem em não mais do que cinco ou seis inimigos de cada vez, com cada nível acabar num confronto contra um boss, que acaba por ser o ponto forte do jogo e o foco principal que o jogo imprime no seu tutorial. Originalmente lançado para o PC, chega agora à Switch, um formato que favorece muito o jogo.

Decifrar como lidar melhor com os ritmos em constante mudança e as filas de inimigos torna-se  metade da diversão, mas a outra metade vem de priorizar qual alvo em uma dada onda de inimigos a atacar e decidir qual das armas que está no chão podemos usar a nossa favor. Algumas lutas, especialmente batalhas contra bosses, exigem um conjunto difícil de habilidades para prosseguir.

Apesar de as ideias base de Ruiner parecerem sofrer de uma repetição excessiva, Ruiner apresenta uma gama diversificada de tipos de inimigos, muitas armas de projécteis e corpo a corpo e uma boa dose de 13 habilidades especiais para desbloquear e melhorar. E é aí que o jogo se torna viciante, já que dominar as habilidades e alternar entre elas com subtileza é um desafio por si só. Saber quais as habilidades a usar contra cada inimigo é um desafio a perceber e dominar. Além disso, assim que o jogador consegue descobrir a melhor maneira de matar os bandidos, um novo tipo de inimigo é introduzido contra o jogador e este tem de repetir todo este processo novamente.

Mas Ruiner é mais sobre o seu aspecto do que a história em si. O excesso de vermelho e todo o aspecto neon do jogo ajuda a criar toda uma aura de cyberpunk que apesar de tudo não é assim tão usual.  Com todo esse estilo duro, uma banda sonora techno e apesar de tudo uma jogabilidade semelhante, é difícil não comparar Ruiner a Hotline Miami, um outro jogo publicado pela Revolver. Ambos são jogos excelentes, mas não acho que Ruiner atinja o estatuto de jogo de culto de Hotline Miami. É um jogo mais completo, mas ambicioso mas que também por isso não tem o charme simplista de Hotline. As lutas são uma mistura esmagadora de reações ao campo de batalha que exige reescrita frequente de estratégias e menos ênfase nos reflexos do jogador, sendo bem mais um jogo que recompensa a inteligência do que reflexos rápidos.

Ruiner pede emprestado elementos de vários géneros e vincula-os ao compromisso com o estilo. Durante a maior parte das suas 8 a 10 horas, essa identidade mantém Ruiner como algo mais do que a soma de suas partes. Não é um jogo longo, mas também não é um jogo que se extende mais do que aquilo que o seu conceito permite sem se tornar aborrecido. É um jogo que é bom enquanto se joga mas não irá deixar memórias duradouras, apesar de conseguir ver potencial para um sequela que vá um pouco mais longe, utilizando este mundo criado neste jogo e o leve um pouco mais além, com mais elementos de dungeon crawler por exemplo, género esse que precisa da variedade temática e visual que Ruiner nos apresenta, algo que o género Twin Shooter em que este mais se baseia tem em doses mais do que suficientes.

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