Análise: Mortal Shell

Dark Souls inspirou dezenas de jogos desde o lançamento original. Para dizer a verdade começou a inspirar outros estúdios desde o lançamento de Demon Souls, mas muitos dos jogos que inspirou tentaram pelo menos ter uma temática um pouco diferente. Mais scifi, mais medieval, com mais terror, o que quer seja a maioria tentou parecer diferente, mesmo que não mostrasse grande originalidade na jogabilidade ou conceito. Mortal Shell por outro lado não tenta separar-se de todo de Dark Souls, quase parecendo um jogo do mesmo universo, mas quando se tem a qualidade Mortal Shell não podemos realmente criticar muito. Isto não quer dizer que Mortal Shell não tenha qualquer criatividade, já que como iremos ver faz algumas mudanças que são bastante suas e que funcionam bastante bem.

Mortal Shell passa-se no mundo de fantasia de Fallgrim e o jogador controla uma personagem esquelética sem nome. Muito do mundo do jogo é um mistério e também muito desse mistério se mantém durante todo o jogo. O mundo de Fallgrim é negro e deprimente e a única fonte de algo é um gigante preso numa torre que nos pede para procurar três glândulas sagradas que contêm Nekter. Entregando-lhe estas glândulas ele retribui com poder e é de poder que realmente precisamos para sobreviver neste mundo habitado por tantos perigos. Sobreviver aqui não é fácil mas mais do que isso é quase impossível enfrentar um inimigo sem levar dano.

O combate de Mortal Shell é exatamente o que devem estar à espera depois de ter falado de Dark Souls. Existe uma mistura de ataques leves e pesados, bloqueio e fugir de ataques. Existem pequenas diferenças entre Mortal Shell e Dark Souls, que quando combinadas fazem deste um jogo que tem um fluxo de combate diferente. A principal diferença é uma que o nome deixa antever, já que uma das principais diferenças da jogabilidade é que a nossa personagem por si é bastante fraca e frágil, mas podemos possuir os corpos espalhados pelo mundo de guerreiros caídos. Estes guerreiros têm as suas próprias especialidades e podem oferecer mais resistência ou regeneração por exemplo. Estes segundos corpos que podemos possuir funcionam como uma segunda vida e morrer enquanto estamos num destes corpos devolve-nos à nossa forma inicial. Esta forma é como já referi muito frágil e basta um ataque para morrer, algo que é muito difícil de fazer. Em Dark Souls muitos jogadores tentam fazer uma playthrough sem levarem dano e certamente irão existir jogadores a tentarem runs completas de Mortal Shell com a forma esquelética original.

Independentemente da forma, as habilidades não mudam e é aqui que entra outra grande diferença com Dark Souls, já que não podemos realmente bloquear aqui. O botão de bloquear em Mortal Shell apenas endurece a personagem, tornando-a invulnerável durante um pequeno espaço de tempo. Isto pode parecer exatamente a mesma coisa que bloquear mas existem duas ou três diferenças muito importantes. Ao contrário do bloqueio tradicional este endurecimento torna-nos invulneráveis em todas as direções, mas também é temporário. Não podemos endurecer indefinidamente e depois de utilizar esta habilidade não podemos fazê-lo novamente a seguir, tendo um tempo de refrescamento. Outra diferença e provavelmente  mais importante é que podemos utilizar a habilidade a qualquer momento, inclusive a meio de um ataque, o que permite parar um ataque para infligir dano quando o inimigo parar de defender por exemplo.

Outra grande diferença entre Mortal Shell e Dark Souls é que não existem itens de regeneração, apenas alguns espalhados pelo mapa que são utilizados logo. A única forma de regenerar vida em combate é através de uma forma especial de “parrying” que permite roubar um pedaço de vida ao inimigo, mas que também é altamente limitada na sua utilização já que precisamos de uma barra cheia. Isto pode parecer que faz de Mortal Shell um jogo muito difícil, mas assim que começamos a dominar a jogabilidade do jogo acaba até por o tornar mais acessível já que não estamos limitados um item para regenerar vida e cada inimigo, por mais difícil que seja, é potencialmente uma fonte de regeneração.

A história do jogo é bastante misteriosa e basicamente deixa-nos sempre com mais questões do que qualquer outra coisa. É interessante que cada corpo que controlamos tenha a sua própria história e a forma como os NPCs do jogo interagem com estes corpos. Algo que por outro lado não fica bem patente com a falta de uma história coesa é a explicação para os inimigos do jogo. Não existe problema nenhum com os inimigos em si, mas por vezes parecem colocados aleatoriamente. Enquanto que em Dark Souls há uma lógica na localização dos inimigos que nem precisa de explicação, aqui não há nada e parecem aparecer porque precisamos de inimigos e pouco mais. Visualmente é um jogo realmente impressionante,  especialmente tendo em conta a diferença de orçamento e tamanho da equipa entre aquela que criou Mortal Shell e Dark Souls, mas é também demasiado colado ao jogo que o inspira.

Mortal Shell pode parecer exatamente igual a Dark Souls e na maioria do jogo é, no entanto tem pequenos pormenores que o tornam diferente. É um jogo obrigatório para os fãs, mas quem pretende jogar Dark Souls e ainda não o fez este não é uma alternativa já que o jogo que o inspirou continua a ser a verdadeira referência.

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