A primeira coisa que me chamou à atenção nesta nova visual novel da Fruitbat Factory foi o título, Forgotten Trace: Thanatos in Nostalgia – Chapter 1 Complete Edition, é apenas o primeiro capítulo de três previstos, com o complete edition a referir-se ao facto de o jogo ter sido lançado por episódios e esta edição conter todos os episódios que compõe o primeiro capítulo. Forgotten Trace segue a história de Kazuya Nanami, um rapaz que durante a maior parte da sua vida escolar tinha tudo a seu favor. Entre ter os seus amigos de infância ao seu lado, as suas habilidades de futebol incomparáveis e um nível de confiança sem limites, o futuro de Kazuya parecia excepcionalmente brilhante até sofrer uma lesão durante o jogo final de futebol que, além de garantir a derrota para a sua equipa, acabou com tudo o que ele tinha a seu favor. Com o joelho rebentado, Kazuya passou por um periodo de depressão, mas as coisas mais uma vez iriam mudar para Kazuya.
Se analisar uma visual novel não é fácil porque é difícil seguir o mesmo procedimento que num outro jogo, já que o gameplay normalmente se resume a carregar em seguinte, ainda é mais difícil jogar uma visual novel com uma história incompleta. Esta é a primeira parte da história e por muito boa que seja nunca irá ser completa, é como manter a opinião excelente que tínhamos de Game of Thrones depois de ser lançada a última temporada. O fato de Forgotten Trace colocar todo o seu foco narrativo na configuração das coisas permite que ele faça algumas coisas realmente boas em termos da caracterização das personagens. Este método não apenas dá aos jogadores tempo suficiente para se familiarizarem e começarem a se identificar como Kazuya mas também permite que os leitores conheçam bem todas as personagens secundárias do jogo.
O jogo vive muito de personagens como Madoka Houjou, que assim como Kazuya, se vê a mergulhar nas profundezas do desespero. Apesar de ser uma personagem secundária, uma boa parte da narrativa do jogo segue Madoka, permitindo que os jogadores realmente tenham uma noção de quem ela é. Não só é bom porque num jogo onde a história não só o “ponto mais importante” mas sim é “o ponto importante” é bom aprender coisas sobre os personagens. O género visual novel tem obrigatoriamente de criar ligações entre os jogadores e as personagens e Forgotten Trace tem a vantagem de poder dispender de um jogo inteiro para o fazer. Infelizmente o resto da história acaba por sofrer um pouco já que não anda ao ritmo que talvez todos gostariamos e temos de esperar pelos próximos capítulos para isso acontecer.
Algo que o jogo não faz muito bem é a forma como ele lida com a tomada de decisões, já que não há nenhuma tomada de decisão. Parte da diversão de um visual novel é ter escolhas que impactam algumas partes da história. Embora Forgotten Trace dê aos jogadores um punhado de escolhas, elas não importam minimamente. Algo que a TellTale percebeu é que é realmente difícil dar escolhas com impacto aos jogadores que tenham impacto em jogos seguintes porque a quantidade de trabalho que isso exige no futuro é gigante. Imaginem algo muito limitado como duas escolhas em cada jogo, isso irá criar dois finais diferentes no primeiro, quatro no segundo e oito no terceiro. Agora imaginem terem quatro ou cinco escolhas em cada jogo e irão perceber que não é possível criar tanto conteúdo que talvez nunca será jogado, pelo que é preciso fazer alguns cortes, criar escolhas diferentes que em pouco tempo se juntam na mesma por exemplo, mas em Forgotten Trace parece que as escolhas não têm sequer impacto.
Em vez destas escolhas elaboradas existe um fluxograma que além de dar aos jogadores uma representação visual de que eventos ocorrem, também permite que os jogadores façam algo que muitos jogos do género não fazem, permitem que o jogador veja certos cenários de vários pontos de vista. Forgotten Trace: Thanatos in Nostalgia é um ótimo começo para o que parece ser uma história muito interessante, mas que tendo em conta que a história é a única coisa realmente importante no género é difícil concluir algo apenas com um terço da história.