Análise: FIFA 21

Se há um problema em lançar um FIFA todos os anos é que não há tempo para tudo. Quando o motor de jogo muda praticamente tudo o resto mantêm-se, se o FUT for revisto o modo carreira fica exatamente igual e por aí fora. FIFA 21 não é excepção já que em vez de uma revolução o FIFA deste ano é novamente o mesmo jogo do ano passado com mudanças ligeiras na jogabilidade e melhorias visíveis em metade dos seus modos de jogo. Num ano em que a série mais popular de futebol se estreia na nova geração pedia-se um pouco mais, mas a realidade é que FIFA nunca foi tão popular. Mas é difícil de ignorar que a grande maioria das mexidas foram no bom sentido e FIFA 21 é objectivamente melhor do que FIFA 20, mas será que é melhor o suficiente para justificar um novo investimento?

O Ultimate Team é sem dúvida o foco das atenções de FIFA nos últimos anos. O dinheiro que o Ultimate Team faz é invejável para qualquer empresa e não é fácil mexer em algo que gera tanta riqueza. O conceito por isso permaneceu o mesmo, construir uma equipa personalizada consistindo de qualquer jogador das principais ligas do mundo para tentar vencer outros jogadores. Esses jogadores vêm em pacotes que podm ser adquiridos com dinheiro ganho no jogo ou dinheiro real ou negociando no mercado de transferência. A principal novidade para mim é remoção de cartas de fadiga. Estas cartas eram essenciais nos jogos dos últimos anos mas são inuteis, da mesma forma que as cartas de contrato que ainda se mantêm no jogo são. É simplesmente chato termos de gerir isto, já que não causa grande impacto financeiro comprar contratos e é apenas chato ter que repor contratos de X em X jogos e tenho a certeza que será a próxima carta a ser removida.

A maior parte do Ultimate Team ainda está focada nos pacotes, mesmo que a EA tenha adicionado mais formas de receber pacotes com objetivos e prémrios semanais. Conseguir uma equipa de sonho continua ser muito difícil para quem não quiser investir rios de dinheiro no jogo e embora o jogo continue a depender fortemente da habilidade de cada um, a habilidade só nos vai levar até certo ponto, porque depois começam a vir as equipas com Ronaldo, Messi, Pele e Maradona na mesma equipa e torna-se muito complicado competir com o nosso meio campos de 82 e 83 Mas o Ultimate Team também melhorou em certas áreas. Além de ter removido a preparação fisica da equação, a EA adicionou a personalização dos estádios, músicas de golo, gritos da multidão, pirotecnia e cores do estádio. O nosso clube do Ultimate Team cada vez mais é realmente nosso, com novos simbolos a não dependerem de clubes por exemplo, falta apenas a possibilidade de um equipamento à medida.

Um dos passos na direção errada foi na UI já que os menus agora são muito menos intuitivos. No ano passado vimos uma grande mudança na forma de organização dos menus e este ano as alterações continuaram, mas nenhuma delas no melhor sentido. Os menus continuam bastante lentos e atrasados ​​ao pressionar os botões. O mercado de transferência e praticamente todos os aspetos do Ultimate Team são bem mais fáceis de gerir na App do que no jogo em si e sinceramente não há razão para isso. Embora o Ultimate Team seja o maior argumento de venda para os fãs do FIFA a cada ano que passa e todos os modos do jogo são basicamente o mesmo, com diferentes menus e propósitos mas na mesmo futebol, com a excepção do modo Volta que realmente oferece algo ligeiramente diferente.

Isto não quer no entanto dizer que FIFA 21 seja exatamente igual a FIFA 20. Há novidades que irão obrigar os veteranos a rever muita coisa. Uma das novidades é apelidada de “agile dribbling” e é um sistema que é mais perceptivel nos avançados e permite manter a bola mais próxima do pé por exemplo. Também podemos agora aos nossos jogadores para onde correr movendo o analógico direito após pressionar R1 ou após passar a bola, o que quando combinado com o novo recurso chamado “player lock”, que permite manter o controlo do jogador que passou a bola, torna os movimentos de ataque muito mais criativos e fluidos. Infelizmente, a maneira mais eficaz de marcar golo continu a ser correr pela linha de lateral com os jogadores rápidos e tentar passar para a área. Tem sido esta a estratégia mais eficaz há anos e não perdeu qualquer eficácia. Na defesa, a IA ​​foi reforçada ainda mais. Não ao ponto de não termos de jogar, mas os bloqueios e os avanços automáticos até à bola foram consideravelmente melhorados. É quase impossível simplesmente driblar uma defesa, cortar por dentro e acertar um chute de fora da área agora, temos de encontrar espaços e tentar puxar a defesa para o lado e fazer o adversário falhar um corte ou perder posição.

Continuando para outros modos podemos dizer que finalmente o modo carreira teve alguma atenção merecida. Ano após ano o modo carreira parecia ir ficando para trás, sem qualquer desenvolvimento digno do nome. Demorou anos, mas esta é a área onde a comunidade tem sido ouvida e o resultado é uma melhoria substâncial. Muito inspirado por Football Manager, estas novidades fazem deste um modo que vale novamente a pena jogar. Podemos agora ver facilmente o quão adequado um jogador na equipa e quanto mais jogos os jogadores fazem juntos e em que exercícios participam, melhor funcionam juntos e os seus atributos no jogo serão aumentados. Existe também um centro de desenvolvimento para acomapnhar o desenvolvimento dos jogadores. Podemos acompanhar como o desempenho da equipa está a progredir e podemos completar  esses ajustes com exercícios de treino apropriados. O modo carreira também tem um novo inicializador de jogos que permite que se entre num jogo simulado a qualquer momento. Podemos jogar os primeiros minutos para ganhar vantagem e simular todo o resto por exemplo.

O modo Volta está, bem, de volta. A modalidade de futebol de rua que estreou no ano passado está de volta, oferecendo basicamente a mesma jogabilidade do futebol de 11 mas em campos e equipas mais pequenos. Os movimentos de habilidade são muito mais fáceis de executar desta vez mas continua a não ser a mesma coisa que FIFA Street. O modo história volta a estar anexado ao modo Volta, The Debut é uma história  inspirada  na história de Alex Hunter e segue um avatar criado pelo jogador. Conta a presença de vários jogadores conhecidos mas não está ainda ao nível da história de Alex Hunter, passando demasiadas etapas à frente e sinceramente, o mundo do futebol de rua é também menos interessante, ou pelo menos o que EA nos dá é. O modo Pro Clubs por outro lado está exatamente igual, ou tão igual ao do ano passado que nem vale a pena valar sobre ele.

Se optaram por ignorar o FIFA do ano passado não há razão para evitar também o novo FIFA 21. É superior ao FIFA 20 em praticamente todos os aspetos, mas a jogabilidade está praticamente igual, com melhorias cirurgicas. Não há razão para a EA abandonar este ciclo de lançamentos dado o dinheiro envolvido, mas é preciso algo novo no futuro, um novo motor pelo menos, começando a ser evidente a falta de inovação nos ultimos anos.

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