Análise: Filament

Filament é um daqueles jogos de puzzles que trocam a adrenalina do tiroteiro pelo fervilhar dos neurónios, ao pedir ao jogador que além de resolver os seus puzzles, vá percebendo e memorizando as suas mecânicas. Filament tem também a particularidade de ser um jogo que pode facilmente começar com uma hora de investimento onde parece que tudo corre bem e nos sentimos verdadeiros génios, para darmos conta de terem passado duas ou quatro horas de arrancar cabelo. Como tantos jogos recentes, Filament tem um conceito central, uma única premissa básica que nos tenta cativar. O design e a apresentação podem não parecer muito impressionantes e além de um ou dois toques estéticos que se relacionam com um tema, são simples. Mas para um jogo que mais do que tudo faz o jogador puxar pela cabeça faz um trabalho bom o suficiente nessas vertentes.

Filament oferece uma experiência de jogo substancia e podemos ocupar muito tempo com  um único puzzle do jogo jogo. Algumas sequências em que os jogadores devem completar uma série de vários puzzles, normalmente cinco, antes de poderem passar para o próximo, podem facilmente durar uma hora.Mas o que é realmente Filament? O jogo passa-se numa nave espacial chamada Alabaster onde o jogador se encontra a bordo a tentar ajudar o único membro da tripulação. Juniper, o piloto da nave está preso na ponte e precisa da nossa ajuda para ligar a Alabaster e para isso precisamos de ligar as várias “âncoras” da nave e todo o jogo se resume basicamente a isso, mas pelo caminho vamos desvendando os segredos da nave e da tripulação desaparecida.

É em dar energia às âncoras que se baseia a jogabilidade de Filament, como talvez já tivessem percebido e para isso precisamos de resolver uma série de até cinco puzzles. Em todos eles controlamos um pequeno robô com um cabo de alimentação que sai das suas costas e precisamos de entrelaçar este cabo de alimentação em torno dos nós, para os alimentar. Fzer isso abre a saída e apesar de começar de forma incrivelmente simples, com apenas alguns nós e uma rota simples, a complexidade aumenta significativamente ao longo do jogo. A cada poucas âncoras ou assim, novas considerações são introduzidas que adicionam camadas de variedade e desafio aos quebra-cabeças. Pode haver nós que precisam ser alimentados em uma ordem específica, por exemplo, ou nós de cores diferentes que requerem cabos de cores diferentes para ligar. Alguns nós podem começar até precisar de ser alimentados várias vezes e alguns precisam de ser totalmente evitados. Essas diferenças na jogabilidade é o que torna o jogo desafiante e divertido, mas também um pouco frustrante e repetitivo. Enquanto que outros jogos poderiam utilizar algo deste género para uma parte do jogo, para desbloquear portas por exemplo, aqui temos todo o jogo a basear-se na mesma ideia.

 

Também não ajuda que a curva de aprendizagem não seja estável, subindo e descendo sem obedecer a algo que pareça uma lógica. Parte disso pode ser pessoal já que cada jogador vai ter mais facilidade com alguns puzzles do que outros, mas sinceramente já joguei vários jogos em que a dificuldade era mais estável. Alguns puzzles têm várias soluções por exemplo e isso ajuda realmente a tornar o puzzl emais acessível, seja isso intensional ou não. Mas são raros os puzzles que não são intelgentes e a localização dos nós parece sempre intencional, apenas o resultado com várias soluções me parece não o ser. A variedade de puzzles e condições de vitória ajudam a manter as coisas sempre frescas ao longo do jogo e de tempos a tempos há sempre um novo conjunto de regras a ser introduzido.

Além dos puzzles há muita intriga em torno do que aconteceu na Alabaster e Juniper fala conosco entre a conclusão bem-sucedida de puzzles para nos dar algumas informações sobre acontecimentos anteriores. Além disso, conforme exploramos o jogo podemos descobrir pontos de interesse que irão desencadear outro monólogo. Também temos de por vezes resovler puzzles para descobrir algo sobre a história.

Filament é um jogo envolvente e interessante, mas pessoalmente achei exagerada a quantidade de jogo que se tenta extraír de uma única mecânica. Os jogos indie são ótimos nisto, mas por vezes há ideias que funcionam muito melhor dentro de um jogo maior. Filament é um desses jogos. Se a sua duração fosse duas horas seria um jogo fabuloso, mas mais do que isso preferia que as suas mecânicas integrassem um bom shooter scifi por exemplo.

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