Análise: Ghostrunner

Visualmente impressionante, Ghostrunner é um jogo que transpira adrenalina e proeza visual. Não se enquadra no género shooter, algo que a vista na primeira pessoa poderia sugerir, mas sim num género onde Mirror’s Edge não tinha grande concorrência. Se para alguns o jogo da EA se tornou um clássico, também ele visualmente impressionante na altura, para outros deixou muito a desejar, pelo que praticamente mais ninguém se aventurou verdadeiramente no género de plataformas na primeira pessoa, isto até Ghostrunner chegar às nossas mãos, com o seu visual cyberpunk, para nos castigar pelas nossas dúvidas em relação ao género, enquanto nos castiga por qualquer erro que cometermos no jogo.

Ghostrunner tem um nível de dificuldade punitivo que pode desanimar muitos jogadores mas talvez este não seja um jogo muito indicado para jogadores casuais. A história de Ghostrunner parece mais um pretexto para sua estética e para justificar o que pede ao jogador para fazer do que uma tentativa de algo realmente bom e memória. O jogador é Ghostrunner, um guerreiro cibernético recém-saído de uma sepultura digital que luta para subir um enorme arranha-céus chamado Dharma Towe. Confinar a ação dentro de um prédio detalhado permitiu que a pequena equipa de desenvolvimento conseguisse o aspeto fantástico do jogo sem rebentar os recursos mínimos e essa abordagem é imediatamente recompensada. As ruas da cidade iluminadas por néon e muitos outros marcadores de um futuro distópico que deu errado ganham vida com as texturas atraentes do jogo.

Mas por muito que queiramos apreciar o “belo” mundo de Ghostrunner, assim que começamos a jogar percebemos que não será fácil parar um segundo para ver a paisagem. Ghostrunner é um jogo de ação na primeira pessoa onde em vez de combate contra inimigos à distância com uma arma, temos de os abate de perto com uma espada e para nos aproximar-mos deles lacuna rapidamente usamos alguns talentos ágeis de parkour da personagem. Os jogos do género sofrem de um problema, já que a perspectiva na primeira pessoa não dá a melhor noção situacional ao jogador, o que faz com que muitos utilizem elementos do género para criar experiências mais vastas em vez de criar todo um jogo baseado em plataformas. Ghostrunner ignora isso e coloca o jogador a correr e saltar sempre que pode e ainda bem já que Ghostrunner tem uma das melhores sensações de mobilidade dentro do género e nas melhores sequências faz uma transição fantástica entre os seus sistemas.

As plataformas compõe praticamente todo o jogo, algo que por muito bom que os seus sistemas sejam acaba por tornar evidentes as suas falhas. O combate é impecável e cortar inimigos com a espada é sempre satisfatório, assim como desviar balas. Desviar os projéteis é uma habilidade que desbloqueiamos na árvore de habilidades do jogo e é um aspeto fantástico de Ghostrunner. As habilidades aparecem no menu e temos de organizá-las todas dentro de uma grelha. À medida que avançamos, desbloqueiamos poderes adicionais que devemos dominar já que são sempre úteis em várias zonas do jogo.

 

Ghostrunner tem muito mais para oferecer além dos visuais, mas é incrivelmente difícil. E é difícil de uma forma desnecessariamente punitiva. Tudo em Ghostrunner morre com um ataque, incluindo o jogador e os inimigos. Como recomeçamos rapidamente após a morte e temos vidas infinitas, tudo se resume quase a decorar uma sequência de eventos. Concluir algo em Ghostrunner é no entanto muito gratificante, meso que a repetição constante estrague qualquer sensação de impulso. Ghostrunner tem 17 níveis que podem ficar bem longos quando morremos tantas vezes e quando se passa dezenas de minutos sem progredir parece que simplesmente estamos a perder tempo. Além disso muitas mortes são bastante injustas já que não tínhamos forma de saber como evitar a morte da primeira vez. Isto é realmente uma pena  já que o jogo no geral é fantástico, simplesmente não me parece que muitos tenham paciência para morrer 50, 100 ou 150 vezes seguidas.

 

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