Jogar num cenário circular não é assim tão raro como seria de esperar, no entanto também não é muito comum e sempre que um jogo utiliza esta mecânica é normalmente refrescante. Um dos melhores exemplos de que me lembro é o Resogun, o shooter espacial que foi jogo de lançamento da PlayStation 4. Orbital Bullet tem algumas semelhanças, mas mistura essa jogabilidade circular com elementos roguelike para criar algo realmente original. Cada mundo do jogo é um circulo recheado de inimigos e gerado de forma processual. A jogabilidade original é muito bem explorada, oferecendo uma experiência que apesar de ter muito em comum com outros roguelikes de ação, oferece algo realmente único dentro do género.
Orbital Bullet não se preocupa muito com história, colocando o jogador no papel de um soldado espacial sem nome. Neste momento não parece existir sequer uma história, mas tendo em conta que o jogo se encontra ainda em acesso antecipado na Steam, não quer dizer que no futuro não venha a existir uma. Mas isso não é necessariamente mau e por vezes mais vale puxar pela imaginação do jogador e focar os esforços no mundo do jogo e na jogabilidade em vez de oferecer uma história má ou sem sentido. Se o loop de jogo for agradável o suficiente, os jogadores não precisam necessariamente de justificar as suas ações através de uma história. Não deixa de ser um pouco raro não ter nada parecido com história.
A nossa personagem é bastante ágil com movimento rápido e alguns movimentos eficazes como esquivas e salto duplo. A personagem empunha duas armas e também pode saltar em cima da cabeça de vários inimigos para os atacar caso não tenha munição. Tal como a grande maioria dos roguelikes, Orbital Bullet é um jogo difícil, pelo menos depois do segundo mundo, já que o primeiro parece quase um aquecimento para o que vem a seguir. A mecânica de 360 graus parece um gimmick no início, mas tem várias implicações no que diz respeito à forma como abordamoso combate. Se um mundo nesta forma implica que podemos disparar e atingir inimigos do outro lado do mapa, também os inimigos o podem fazer. Cada tipo de arma se joga de maneira um pouco diferente e as munições são partilhadas por uma família de armas. Alguns armamentos baseados em explosivos como os lançadores de granadas disparam em arco e ricocheteiam nas paredes, trazendo enorme dano mas também perigos.
Tal como a maioria dos jogos atualmente, existem upgrades e neste caso os upgrades têm ainda mais destaque, não se tratando este um roguelike. Essas atualizações são possivelmente o grande fator de rejogabilidade de Orbital Bullet. Existem muitos sistemas em jogo, muitos dos quais irão parecer familiares para jogadores habituados ao género roguelike. Existem créditos para comprar coisas da loja, peças de armas para desbloquear e um sistema de classes rudimentar. Existem duas árvores de talento separadas, uma persistente e outra que remete apenas para o jogo atual. A árvore de habilidades persistente é realmente útil, dando acima de tudo alguma ideia de progressão. Começamos sempre com quatro habilidades escolhidas aleatoriamente que podemos melhorar periodicamente nas estações de atualização. As habilidades variam de coisas normais como mais vida e mais dano até ataques super poderosos que nos fazem sentir muito poderosos durante um jogo.
Embora Orbital Bullet não faça nada de significativamente diferente de outros roguelikes de ação e existam algumas arestas a serem limadas antes do lançamento final, a jogabilidade geral e mecânica cíclica é realmente divertida. Pode não trazer muitas novidades para o género, mas a execução é robusta, suave e agradável. A falta de história traz maior foco na jogabilidade, mas nem todos os jogadores podem concordar, falta no entanto saber se esta existirá no futuro ou não. Este é também um jogo com bom aspeto, com um estilo de arte pixel e elementos poligonais. A completar o bom aspeto temos a boa banda sonora, baseada em música eletrónica e que encaixa aqui na perfeição.