O género RTS já viveu dias de maior glória. Atualmente os grandes lançamentos contam-se pelos dedos de uma mão, mas pelo menos 2021 viu o lançamento de um novo Age of Empires. Maior parte dos jogos mais jogados do género já têm todos alguma idade mas não parece de todo fácil aparecer um jogo que se consiga impôr. Isto deve-se essencialmente aos dois públicos bastante diferentes que é preciso agradar. Enquanto que os jogadores do género que são mais competitivos parecem focar-se em jogos como Starcraft 2, os jogadores mais casuais tendem a jogar Anno por exemplo. É realmente difícil agradar os dois ao mesmo tempo e os jogadores parecem querer ficar-se pelos jogos que já dominam.
Desenvolvido pela Playside e lançado pela Team 17, Age of Darkness: Final Stand é um RTS de sobrevivência que tem como palco um mundo de fantasia medieval, onde os jogadores têm de construir uma base e treinar um exército para se defenderem de hordas de mortos vivos. A premissa faz com que o jogo pareça realmente uma versão de fantasia de Stronghold e há muito para gostar aqui. O jogo encontra-se ainda em Acesso Antecipado mas está num estado muito avançado de desenvolvimento e quase que temos de procurar para encontrar elementos que possam estar em falta.
Um dos primeiros aspectos a realçar é que o jogo tem um aspecto incrível. O esquema de cores e a atmosfera escura, os aldeões de aparência desesperada, as estruturas medievais e as hordas de criaturas perfeitamente o sentimento de sobrevivência. Nos primeiros minutos após o início do jogo percebemos que a humanidade está em risco. Os jogos do género RTS para um jogador raramente atingem o mesmo nível de emoção de um jogo multijogador, mas o estilo visual de Age of Darkness: Final Stand ajuda a criar a atmosfera necessária. Cada aspecto do jogo parece perfeitamente entrelaçado. Os gráficos, a banda sonora, a jogabilidade e as mecânicas de jogo funcionam em união para criar uma experiência única.
Conforme avançamos no jogo podemos desbloquear torres de fogo que são uma fonte de luz na escuridão e também o herói ao subir de nível pode obter acesso a habilidades radiantes, e podemos pesquisar flechas de fogo para os arqueiros. Cada uma destas mecânicas de jogo traduzem-se em pequenas mudanças gráficas. O jogo faz um excelente trabalho em mostrar estes pontos de luz na escuridão e um trabalho ainda melhor em garantir que estas mecânicas visuais tenham impacto nas mecânicas de jogo.
Age of Darkness: Final Stand vai aumentando a sua dificuldade ao longo do tempo e torna-se cada vez mais desafiante. O jogador constrói sua economia para reunir mais recursos, constrói um exército para explorar o mapa e se defender e constrói defesas. As hordas de inimigos que atacam a base no final de cada ciclo ficam maiores e mais perigosas e portanto precisamos cada vez de mais e melhores defesas, sejam elas móveis ou estáticas. Para fazer isso, precisamos também cada vez de mais recursos e para isso precisamos de sair mais e ir mais longe da base. Não existe nenhum tutorial para nos dizer como construir uma base e expandir, mas depois que aprendemos a mecânica básica, o loop de jogabilidade encarrega-se disso. Age of Darkness é RTS casual mas está longe de ser fácil até mesmo no nível de dificuldade mais fácil.
Jogar Age of Darkness: Final Stand é realmente simples. Não existe aqui nada que seja difícil de fazer, mas o jogo em si é realmente difícil. Além do herói, existem apenas seis tipos de unidades, lutadores e arqueiros, lutadores de elite e arqueiros de elite e duas unidades de cerco. Ao contrário da maioria de outros jogos do género onde existem dezenas de unidades diferentes, aqui tudo é bastante simples e linear. Podemos criar tantos guerreiros e arqueiros quanto pudermos, mas o desafio aqui está na forma de posicionamento e micro gestão das unidades. Se os arqueiros e unidades de cerco forem apanhados desprevenidos sem os lutadores perto podem morrer facilmente em combate direto de curta distância por exemplo.
Um aspeto muito interessante do jogo é o sistema de “fog of war”. Na maioria dos jogos o sistema funciona como sempre funcionou. Basicamente as zonas por onde nunca passámos ficam escondidas a negro, mas aquelas onde já passámos ficam visíveis mas com um nevoeiro que não deixa ver movimentos inimigos. Aqui o nevoeiro é opressivo e pode sufocar as unidades que estiverem demasiado longe de uma fonte de luz. Se leram em cima o jogo faz um esforço grande em mostrar visualmente esta mecânica e é realmente interessante, dando ao cenário uma dose de perigo ambiental fantástica.
Age of Darkness: Final Stand é um jogo que promete já muito, com boas mecânicas e ideias interessantes. Falta-lhe essencialmente conteúdo nesta fase mas é já um jogo que consegue ser muito mais do que um Tower Defense e se gostam tanto desse género como de RTSs no geral irão gostar bastante de Age of Darkness: Final Stand.