Análise: The Legend of Tianding

The Legend of Tianding foi uma das surpresas mais agradáveis que tive este ano. Lançando o jogador para as ruas de Taipei em Taiwan durante o inicio do século 20, o jogador controla Liao Tianding, um lendário fora da lei da época. É um olhar bastante autêntico do periodo, com ruas cheias de vida e edifícios imponentes. É no entanto pena que o jogo não pareça ter percebido exactamente aquilo que faz bem, já que os melhores aspetos do jogo aparecem a intervalos frequentes, mas não percebo porque é que não são ainda mais frequentes.

O jogo é dividido em capítulos, cada um com a sua própria história de um período da vida de Liao Tianding. As histórias começam com bastante exposição que nos conta tudo o que precisamos de saber. Pessoalmente não sou nada fã deste tipo de forma de contar uma história. Acho que a ação e história deviam estar melhor ligados. Desta forma antes de o jogo nos deixar chegar à área da missão principal ficamos presos. Além de a nossa atenção acabar por se ir perdendo, é uma quebra de ritmo grande.

Depois do jogo finalmente nos libertar iremos navegar por uma série de passagens e arenas, lutando contra hordas de inimigos num jogo bastnate perto de um Metroidvania. Digo perto porque apesar de partilhar muitos elementos, também difere em muitos outros. Os mapas por exemplo são bastante lineares, com apenas algumas áreas adicionais para explorar.

O que eu referi acima de o jogo não parecer saber o que o torna bom refere-se essencialmente ao combate. Se o formos compará-lo com outros jogos do género, o mais semelhante é Guacamelee!, no entanto mais focado em itens e armas que recolhemos principalmente de inimigos ao desarmá-los. Conseguimos utilizar de tudo, desde bastões de polícia até mesmo lançadores de rockets. Com o tempo vamos tendo acesso a mais armamento e habilidades, algo normal num metroidvania. Vamos usar todas as habilidades à nossa disposição também, pois os inimigos não nos dão muito tempo para respirar. O jogo oferece alguns níveis de dificuldade, por isso podemos sempre reduzir um pouco, mas não contem com um jogo fácil.

No final de cada capítulo iremos enfrentar um boss e cada um deles é realmente um desafio. Seja qual for a dificuldade acho muito difícil conseguir derrotar algum à primeira, por isso preparem-se para repetir estes combates algumas vezes, enquanto decoram as suas rotinas e movimentos. O combate é realmente bom e quando morremos nunca sentimos que a culpa é de outra coisa além de um erro nosso. Com um combate tão bom é realmente pena que o jogo passe tanto tempo a explicar o contexto da história e a introduzir novas personagens. O jogo deveria ter encontrado alguma forma de transmitir a mesma informação de forma mais corrida enquanto jogamos.

Visualmente The Legend of Tianding é também realmente bom. Com um estilo anime colorido, Taipei está recheada de vida. Existem alguns problemas, como modelos de personagens que se repetem algumas vezes a mais por exemplo, mas há bem mais bem feito do que mal feito. Depois de gabar tanto o combate também seria estranho dizer que tecnicamente o jogo corre mal e tem uma framerate horrível e felizmente não tenho de o dizer, já que corre de forma suave e quando estão focados no combate irão conseguir aproveitar perfeitamente o melhor que o jogo tem para oferecer.

The Legend of Tianding é um daqueles jogos onde talvez menos fosse mais. Menos exposição e história não iria realmente afetar a quantidade de conteúdo que os jogadores iam sentir que receberam e talvez até fosse possível usar esse tempo de desenvolvimento para algum nível extra. Com algum conteúdo retirado o jogo seria mais focado no combate e acabava por ter um ritmo melhor. The Legend of Tianding continua a ser um jogo muito bom, pelo mundo que representou e pelo jogabilidade.

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