Análise: Yuoni

Os jogos de terror não são propriamente a minha praia. Acho que já joguei praticamente tudo o que de melhor o género tem para oferecer, no entanto não posso dizer que seja o jogo que penso em jogar quando escolho algo da minha colecção. O género tem mudado muito ao longo dos anos e sinceramente os jogos do género atuais são cada vez mais assustadores, principalmente porque se baseiam em jump scares abundantes, algo que no cinema parece simplesmente um truque barato mas é altamente eficaz num jogo.

Apesar de eficaz não posso dizer que os jogos de terror do género sejam bons noutros aspetos. Pessoalmente gosto de histórias ricas, mas a maioria dos jogos do género baseiam-se em texto e mais em “setting” do que numa narrativa. Yuoni é um pouco diferente, colocando o jogador no papel de uma criança e portanto removendo por exemplo qualquer tipo de arma.

Yuoni começa com um grupo de crianças a participar num desafio. Há um boato de que se alguém conseguir pegar numa boneca sem ser visto e devolvê-la a um balde de água, Yuoni pedirá a essa pessoa para jogar um jogo. Embora muitos não acreditem que seja verdade, o nosso protagonista Ai tenta e infelizmente para ele no dia seguinte é convidado a jogar o jogo de Yuoni. A narrativa progride através de níveis e a história explora algumas lendas interessantes. À medida que este verdadeiro pesadelo se torna realidade, Ai lida com os eventos da melhor maneira que pode, mas coisas estranhas entram no seu mundo e sobrecarregam seu estado mental. É uma maneira interessante de contar uma história. Os níveis também incluem partes de narrativa que nos ajudam a perceber o espírito que estamos a enfrentar enfrentando.

Cada dia que passa é um mapa diferente de um labirinto que se torna cada vez mais difícil, mas a estrutura central é a mesma para cada nível. Quando o nível começa, o jogador tem a tarefa de sair, encontrar uma boneca e voltar ao início o mais rápido possível. O conceito é realmente simples de explicar, mas chegar à boneca nem por isso. O labirinto requer movimentos lentos nos corredores de uma escola que nos fazem esquecer exatamente como chegámos e onde regressar. Regressar também se torna difícil porque somos perseguidos, além disso todas as fases são compostas pelos mesmos recursos o que faz com que tudo pareça mais ou menos a mesma coisa. Felizmente, não temos tempo limite, mas com todos os inimigos espalhados não é de todo fácil encontrar o caminho.

A variedade dos inimigos é considerável e todos apresentam perigo e devem ser evitados. Alguns inimigos têm visão ou audição limitada, mas cada um deles também tem pontos fortes. A melhor maneira de garantir que não somos apanhados é agachar e prender a respiração quando estivermos perto de um inimigo e se isso não chegar temos de nos esconder debaixo de uma cama ou num armário por exemplo. Alguns esconderijos não têm como ver se os inimigos passaram e nesses casos temos que nos guiar pelo som que felizmente funciona muito bem, dando uma excelente noção da localização dos inimigos.

Depois de conseguimos recuperar a boneca temos de correr de volta enquanto somos perseguidos por uma estranha criatura. É uma experiência divertida, mas não muda muito do início ao final do jogo. Yuoni é um jogo que sabe como nos assustar, no entanto, todos os sustos são muito parecidos. Felizmente o jogo é curto e portanto não dura o tempo suficiente para realmente nos cansar. Um aspeto que não me impressionou é a forma como a história é apresentada. Percebo que os criadores tenham feito o melhor possível com os recursos que têm, mas apresentar todo o jogo através de texto numa espécie de visual novel não é a melhor forma, especialmente porque mesmo como visual novel não impressiona.

Yuoni é um jogo assustador, mas também frustrante. A história não é apresentada de uma forma interessante e os níveis labirínticos acabam por tornar a experiência frustrante porque somos muitas vezes apanhados pelos mesmos inimigos várias vezes. Se são fãs de jogos assustadores podem gostar de Yuoni, mas moderem as vossas expectativas. É um jogo repetitivo e curto.

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