A primeira coisa que salta à vista neste jogo é o nome, que parece que alguém martelou a última palavra e a palavra do meio está errada, no entanto o nome é só o primeiro de muitos elementos bem pensados e criativos deste jogo. Isto não quer dizer que as outras explicações não fossem válidas também já que em termos de performance o jogo deixa muito a desejar. Muitos JRPGs são demasiado simples, com histórias lineares e tanto os seus sistemas de jogabilidade como os de progressão excessivamente lineares tornaram estes jogos obsoletos dentro do género RPG. A Compile Heart tentou responder a estes problemas com Death end re;Quest, criando um jogo com uma jogabilidade revolucionária dentro do género que por sua vez mistura uma série de conceitos de todos os géneros e mais alguns.
Apesar de Death end re;Quest não ser de longe nem de perto o jogo que a Compile Heart promete, a verdade é que consegue cumprir muitos dos objetivos a que se propõe. Muitas das ideias do jogo são interessantes, mas estão longe de revolucionárias e no geral este é um jogo bastante mediano que brilha em certos momentos, especialmente nos elementos de visual novel. Death end re;Quest coloca o jogador na pele do programador de jogos Arata e a sua co-programadora, Shina. Juntos, os dois estavam a criar um ambicioso MMO de realidade virtual, World’s Odyssey. Quando algumas falhas começam a corromper o mundo jogo, Shina desaparece misteriosamente, e o patrocinador da dupla corta o seu financiamento.
Um ano depois destes acontecimentos, Arata descobre que Shina está presa no World’s Odyssey, mas ela não consegue sair do mundo virtual ou lembrar-se sequer de onde está o seu corpo na vida real. Os dois apercebem-se que para Shina escapar do jogo, precisam de explorar o seu final. Enquanto isso, no mundo real, Arata é também atacado por um grupo de assassinos misterioso e uma corporação não menos estranha. A história do jogo mistura ficção cientifica com fantasia numa estrutura e temática que já vimos mais ou menos antes em animes como Sword Art Online ou até o filme Ready Player One. Embora um pouco fantástica, a narrativa é bem-sucedida e é a maior conquista do jogo. Death end re;Quest combina magistralmente terror, romance e comédia leve que culminam numa história envolvente. Por muito que os criadores tenham tentado criar algo diferente, é a história do jogo que realmente se destaca aqui e o verdadeiro ponto forte do jogo.
Apesar de tudo isto, Death end re;Quest não é perfeito na forma como entrega esta boa história. Por vezes o jogo troca de tom de forma brusca que nos retira imersão e por outras vezes temos secções do jogo chamadas “Death ends” que nos podem enviar para um ecrã de jogo perdido e que por vezes nos colocam em zonas sem saída que se não tivermos cuidado a gravar nos obrigam a repetir muito tempo de jogo. Isto pode não parecer um problema da história em si, mas quando temos que repetir uma zona e parte da história que já jogámos antes, começa a parecer realmente um problema da história.
É realmente uma pena que o resto do jogo não apresente a mesma qualidade da história do jogo. Eu gosto muito de histórias fortes num jogo, mas se esse for o único atrativo de um jogo então talvez o melhor é talvez encontrar um meio melhor para a contar como um anime. O sistema de combate do jogo por exemplo, tinha capacidade para ser tão mais do que aquilo que é. Aqui cada personagem tem um turno sequencial durante o qual eles podem usar três movimentos, habilidades ofensivas, defensivas e buffs/debuffs. O jogo incentiva um ataque forte, levando aquela ideia do desporto em que a melhor defesa é o ataque à letra. Os inimigos são vulneráveis a elementos subjacentes às suas habilidades ofensivas, mas ao contrário de qualquer outro RPG que joguei, Death end permite que depois de termos derrotado metade dos inimigos possamos trocar para um outro género de jogo para terminar, como um FPS por exemplo.
Estas ideias podem parecer realmente interessantes, no entanto a execução está longe de o ser. Primeiro as batalhas são demasiado longas, principalmente devido às longas animações do jogo. O jogo praticamente nos pede para derrotar os inimigos através de ataques de área com os elementos a que os inimigos são vulneráveis, mas saber quais são esses elementos não é de todo fácil. Além disso, poder terminar a batalha como se o jogo fosse um shooter pode parecer engraçado, mas essas mecânicas de outros géneros foram demasiado simplificadas para criar uma experiência gratificante. A progressão que os criadores do jogo prometem ser revolucionária também está longe disso. Basicamente a ideia é que podemos alternar entre o mundo real e virtual e enquanto o combate está contido no mundo virtual, o mundo real contém toda a parte de novela gráfica. No entanto, aquilo que os criadores do jogo não nos dizem é que não há vantagem nenhuma em trocar um pelo outro além de uma vez por capítulo. Basicamente em cada capítulo temos de progredir uma vez em cada realidade, mas apesar de podermos trocar entre uma e outra mais do que uma vez apenas vamos interagir com personagens secundárias sem importância.
O último problema do jogo é a sua performance. O jogo é bastante interessante visualmente, principalmente no mundo virtual do World’s Odyssey, mas está recheado de ecrãs de carregamento e outras pequenas pausas. Além disso, o jogo é sem dúvida interessante, mas as texturas em si são pobres. No que toca ao audio o jogo é bem melhor, mas mesmo assim longe de extraordinário. As vozes das personagens variam entre boas e mediocres e a banda sonora baseada em músicas instrumentais não tem o nível que poderia ter. Quando somamos tudo aquilo que o jogo faz bem com o que não faz, o saldo tende para o negativo e é realmente pena porque a história do jogo é realmente interessante. Com um segundo jogo já lançado talvez muitos dos problemas do jogo tenham sido resolvidos da sequela.