Análise: Tunic

Tunic é um jogo com forte inspiração em The Legend of Zelda com alguns elementos emprestados dos jogos Souls. É um jogo que teve alguma antecipação por parte da comunidade, graças à sua jogabilidade familiar e visuais adoráveis. Agora que o jogo está finalmente disponível podemos avaliar o resultado final e esse é praticamente tão bom como todos esperávamos que fosse. Este tão aguardado jogo indie coloca o jogador a controlar uma adorável raposa com um fato verde que nos remete automaticamente para o jogo da Nintendo. Esteticamente e estruturalmente o jogo é completamente um tritbuto a The Legend of Zelda.

Em Tunic temos de combater bandidos com a nossa espada e escudo enquanto exploramos o extenso mundo do jogo. Mais do que caminhar por caminhos já percorridos, Tunic é uma reinvenção da fórmula que The Legend of Zelda aperfeiçoou. Tunic mostra não apenas um profundo amor pelo clássico da Nintendo, como também por aquilo que o torna bom. Muitos trabalhos de amor por um jogo acabam por não funcionar porque os criadores dos jogos parecem adorar um certo jogo, mas não parecem fazer a mínima ideia do porquê e o que é que os faz gostar tanto de um jogo clássico.

Outro aspeto que faz com que Tunic seja tão bom é o facto de não se limitar a beber inspiração em The Legend of Zelda, mas também tudo o que de bom surgiu na indústria desde que o primeiro jogo foi lançado. Inspirando-se em Dark Souls, Tunic oferece também uma dificuldade elevada. O mundo do jogo encaixa-se e é muito bem pensado. O mundo do jogo está cheio de atalhos e caminhos ocultos, sendo muito recompensador explorar e encontrar segredos e formas de navegar mais fáceis e rápidas. Os checkpoints são em fogueiras e oferecem-nos um lugar seguro para ressurgir após uma morte, mas descansar neles também faz ressurgir todos os monstros.

A história do jogo não tem propriamente um guião e é essencialmente uma história que o jogador irá imaginar ao olhar para o que acontece e o que vai conhecendo do mundo do jogo. O jogo em si não nos diz nada. Não há nenhum aviso para nos informar como devemos combater ou para onde devemos ir a seguir. Se há um jogo que não recomendo parar de jogar e voltar passado uns meses é este, já que o principal indicador de como prosseguir no jogo é conhecer de onde viemos. Estamos sempre a encontrar coisas que ainda não entendemos e itens que não fazemos ideia para que servem porque apenas serão úteis mais para a frente e mesmo aí só fazendo a associação e experimentando é que percebemos a sua utilidade.

Espalhadas pelo mundo do jogo estão páginas de um manual, que podemos examinar para encontrar pistas sobre o que devemos fazer, mas a maior parte deste manual está escrita numa escrita rúnica incompreensível. Este tipo de abordagem é bastante retro e só recentemente alguns jogos voltaram a este tipo de mentalidade, trazendo coisas como o sistema de dicas da comunidade dos jogos Souls para modernizar a abordagem aberta destes jogos. Essencialmente os jogadores têm de estudar as páginas à procura de ilustrações, pistas e notas que possam significar alguma coisa e pessoalmente não podia ter gostado mais desta parte do jogo. Obviamente vão sentir-se perdidos, mas podem sempre recorrer ao velho método de explorar as zonas que ainda não exploraram para prosseguir e na maioria das vezes vão perceber o que vos está a falhar com alguma rapidez. É também interessante que na maiora das vezes é o conhecimento que nos falta para avançar e não uma habilidade ou item em particular.

Obviamente que Tunic não pode emular na perfeição alguns sentimentos que os jogos dos anos 90 tinham. Não podemos simplesmente pedir aos jogadores que não consultem um qualquer guia ou post no reddit para perceber para onde ir a seguir, mas se forem pacientes Tunic pode ser uma experiência fenomenal, que oferece tanto de retro como de jogo moderno. Visualmente o jogo é simplesmente fantástico e pessoalmente não podia pedir muito melhor.

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