Gal Gun: Double Peace é essencialmente um jogo erótico mascarado de shooter em carris. Não que haja algo realmente errado nisso, mas convém ter isso em mente antes de lerem tudo o resto. Gal Gun: Double Peace tem um público muito específico. Não se trata o otaku comum, nem o fã de manga/anime casual, mas um público mais restrito ainda. A temática em si não é o principal problema, o problema, ou aquilo que pode ser visto como um problema, é que todo o elenco de Gal-Gun consiste em raparigas do secundário japonesas. Legalmente isto é uma verdadeira área cinzenta que não vou aprofundar, mas é também algo que devem ter em mente.
Quanto ao tema das adolescentes talvez seja boa ideia ter em mente que o secundário tem jovens que podem ter mais de 18 anos, mas o jogo não é muito preciso nesse aspeto. Por isso vamos assumir que são todas repetentes com mais de 18 anos, porque a defesa de, são só desenhos, não convenceu a Alemanha e Nova Zelândia que baniram o jogo. Se nada disto vos parece estranho e não veem nada de errado em dormir agarrados a uma almofada com uma personagem anime de tamanho real, acho que este é para vocês.
Falando agora num tom mais sério, o jogo não faz nada para esconder a sua temática, mas não parece muito preocupado em ser um bom jogo, apenas focando-se exclusivamente na sensualidade das suas personagens. Este é para mim o verdadeiro problema do jogo e acredito que até com uma temática como esta era possível fazer melhor. Aqui o jogador pode escolher entre vários tipos de personalidade antes de ser lançado num jogo que mistura shooter on rails, romance visual, sim de namoro e mais alguma coisa que não me estou a lembrar. A história fala de um anjo com poderes de cupido que amaldiçoou a nossa personagem, tornando-a altamente atraente para todo o sexo oposto e o jogador precisa de afastar todas estas fêmeas disparando feromonas e levando-as à euforia antes que nos ataquem com beijos. Sinto-me cansado a descrever isto.
A arma de feromonas que temos tem várias funções. Vou considerar que isto são ataques e tudo vai parecer um pouco menos mau. Basicamente temos um ataque de tiro de carga que leva os alvos ao clímax instantaneamente, uma lente de zoom com propriedades de raios-X que nos mostra sutiãs e outros itens ocultos que podem ser usados para verificar solicitações de mensagens de telemóvel. Esta mecânica é um das que vão fazer mais confusão descrever mas é mais menos isso. Acionar estes itens permite congelar o jogo e selecionar várias das raparigas no ecrã para um mini-jogo onde dentro de um limite de tempo definido podemos tocar nas suas zonas erógenas até elas corarem e explodirem corações por todo o lado.
Não sei quanto mais consigo falar sobre este jogo, por isso vamos passar para a apresentação. Visualmente Gal Gun: Double Peace é colorido e o grafismo é nítido. Não é de todo um jogo feio e corre realmente bem. Os modelos das personagens são distintos e todo o jogo é coerente visualmente. A jogabilidade em si e isolada de tudo o resto que que falei acima também funciona bem o suficiente. Os níveis são bastante curtos, mas se estiverem preocupados com a pontuação máxima, os níveis curtos ajudam. Se ignorar a temática, Gal Gun: Double Peace não foge muito de outros jogos. Temos na mesma que decorar os pontos fracos dos inimigos e tirar partido disso. Está longe de ser tão bom como outros jogos com jogabilidade semelhante, mas a jogabilidade não é de todo má. Existem ainda combates contra bosses. Não são muitas e não são memoráveis, mas dão alguma variedade ao jogo.
Se fazem parte do público alvo de Gal Gun: Double Peace então este tem muitos pontos a seu favor. A jogabilidade não é de todo má e esta versão traz uma série de DLCs incluídos e que na versão original para PS4 e PS Vita custavam quase tanto como o jogo base. Apesar destas coisas positivas, não posso recomendar Gal Gun: Double Peace a todos os jogadores, apenas aos fãs da temática, já que para o resto será demasiado constrangedor.