Análise: Cloud Gardens

Muitos jogos exploram a ideia de um futuro onde a natureza reconquista terreno. Onde as cidades de betão voltam a ser selvas, verdadeiras selvas urbanas, recheadas de florestas e vida selvagem. O resultado é quase sempre uma maravilha visual e costumam oferecer cenários fantásticos de explorar. No entanto, quase todos eles costumam incluir também uma série de perigos pós-apocalípticos, sejam eles zombies, robôs assassinos ou extra-terrestres. Cloud Gardens por outro lado tem uma abordagem mais zen, focando-se em puzzles que nos permitem admirar a beleza destes futuros com menos humanos.

Cloud Gardens oferece-nos uma série de dioramas que transmitem perfeitamente a ideia de rejuvenescimento das cidades. Cada cena apresenta um pequeno cenário desprovido de vida humana, desde um estacionamento abandonado, um campo infantil vazio ou o telhado de um prédio. A partir daí, cabe ao jogador decorar, cultivando sementes e colocando detritos. É um jogo bastando calmo e zen. O jogador tem um arsenal crescente de sementes à sua disposição. Temos cactos, trepadeiras, árvores e de tudo um pouco que possamos imaginar. Uma vez plantadas, as sementes só crescerão quando o jogador conseguir colocar alguns objetos do velho mundo à volta. A partir daí, a vegetação começa a crescer através do cimento e a produzir mais sementes que podemos depois plantar.

Quando o nosso jardim tiver conquistado o suficiente do terreno, o nível acaba e passamos para o próximo. O ciclo da jogabilidade é simples e não há grande frustração presente. Cada puzzle é uma experiência bastante zen devido ao estilo de arte do jogo e à música ambiente suave. Isto não quer dizer que os puzzles sejam simplesmente aborrecidos por serem simples. Os puzzles em si são desafiantes e apesar de não nos sentirmos perdidos, não há um puzzle que seja linear ao ponto de não termos que parar para pensar algum tempo. O ciclo de jogabilidade é tão satisfatório como o resultado final e cada diorama torna-se num momento tranquilo. Há vegetação a crescer por todo o lado e a natureza engole tudo. O lixo que colocamos fertiliza a natureza e essa relação simbiótica é o que traz a vida de volta ao terreno. As relíquias do mundo passado foram deixadas para trás mas em Cloud Gardens ganham um novo propósito.

A maioria dos níveis começam por estar vazios no início. Não há uma história ou algo que se aproxime a isso ou sequer personagens. Isto não quer dizer que não existam pequenos momentos narrativos. Quando completamos um puzzle temos uma pequena cena meloncolica que nos faz por vezes pensar no nosso mundo e o lugar que ocupamos nele. Cloud Gardens é um jogo de pequena escala e brilha nos pequenos detalhes. Parte da magia do jogo é simplesmente olhar para os pequenos dioramas de cada nível.

Além dos níveis existe ainda o modo criativo. Há um grande número de decorações para escolher, desde que tenhamos desbloqueado tudo. Isto traz alguma variedade ao jogo já que as largas dezenas de níveis do jogo podem tornar-se um pouco monótonos com o tempo. Não sei até que ponto isto era evitável. Qualquer jogo com muitos níveis dentro do mesmo conceito acabam por sofrer do mesmo problema e Cloud Gardens acaba até por se manter interessante muito tempo.

Cloud Gardens é um pequeno e divertido jogo, bastante relaxante que essencialmente sofre do problema de se alongar um pouco demais. Se gostam de jogos calmos que nos fazem puxar pela cabeça sem nunca se tornarem frustrantes então Cloud Gardens oferece exatamente isso.

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