Análise: Dwerve

Dwerve é um novo jogo indie que mistura conceitos de dungeon crawler com tower defense. Parecem ser dois géneros que não se misturam mas consigo lembrar-me de pelo menos um jogo que já usava as duas mecânicas em algumas secções, The Incredible Adventures of Van Helsing. Não me consigo recordar qual dos três da trilogia o fazia, mas como existe uma versão desse jogo que inclui os três, podem simplesmente assumir que é essa. Apesar de ser lançado apenas agora, Dwerve já saiu em forma de demo em 2020, tendo deixado boa impressão nessa altura. Como essa primeira versão foi lançada no longínquo ano de 2020 podemos assumir que o desenvolvimento do jogo ou correu mal ou os developers tiveram o cuidado e calma necessários para um excelente lançamento.

Com uma boa quantidade de torres e armadilhas, os jogadores têm que sobreviver neste mundo colorido e fascinante. A primeira parte de criar um bom jogo que cruza vários géneros é conseguir dominar cada um deles e a realidade é que a Half Human Games parece saber exatamente o que faz um dungeon crawler e um tower defense serem bons jogos. A segunda parte é perceber de que forma os dois géneros se podem unir para criar uma boa experiência.

A história conta como numa montanha oca, os anões foram em tempos uma sociedade próspera. Enquanto escavavam encontraram poderosas pedras com as quais criaram e alimentaram as suas máquinas de guerra e até as suas cidades. Com o tempo, os anões cavaram ainda mais fundo. Infelizmente nem tudo o que os descobriram a escavar os ajudou e acabaram por descobrir um exército de trolls e outros monstros. Os anões perceberam que a luz do sol transformava os trolls em pedra e portanto a melhor defesa que encontraram foi deixar a montanha oca ao abandono. A história depois avança até encontrar-mos a nossa personagem, Dwerve, à procura da mãe, o que o coloca constantemente em perigo e sabendo que a única coisa a fazer para o proteger é ensinar-lhe as técnicas de guerra dos antigos anões, o seu avô começa a ensinar-lhe todos os truques e técnicas que conhece na criação de máquinas e armadilhas.

O desenrolar da história é muito simples e é relativamente fácil perceber o que está a acontecer e quem é o mau da fita. Depois de Dwerve aprender tudo sobre os costumes antigos, a cidade dos anões está em chamas por causa de um ataque de trolls. A maioria dos anões pensava que os trolls pouco mais eram do que um mito e cabe a Dwerve e o seu arsenal de torres e armadilhas salvar a terra dos anões. A história não é mais complexa do que precisa de ser embora a ganhe profundidade adicional à medida que avançamos no jogo, tudo é bastante simples e essa simplicidade faz com que o jogo tenha um rumo que guia a jogabilidade. Apesar da simplicidade da história ajudar a manter jogabilidade rápida e dinâmica, também faz com que alguns elementos da história pareçam apreçados ou bruscos. A história estabelece que ao longo dos séculos, os anões esqueceram as suas raízes, no entanto toda a gente no mundo de Dwerve parece conhecer bem a história dos seus antepassados, já que depois de Dwerve começar a construir as suas torres e armadilhas, todos parecem seguir o seu exemplo com alguma rapidez e facilidade.

A jogabilidade de Dwerve é uma mistura de tower defense e dungeon crawler como já referi. Estas duas jogabilidades têm abordagens diferentes. Uma baseia-se essencialmente em defender bem e a outra tem muito mais a ver com bravura e ataque. bravura e covardia. À medida que avançamos, temos que usar as construções de torres para proteger o nosso avanço. Mesmo a mecânica de tower defense é tudo menos tradicional. Basicamente não existe um alvo para defender, simplesmente somos atacados por hordas tão fortes que nunca poderíamos derrotá-las sem a ajuda das torres. Os inimigos também têm de vários lados, de todos os tipos e tamanhos e o campo muda constantemente enquanto lutamos contra todos estes inimigos. As próprias torres também variam muito. Diferentes tipos de torres são mais eficazes contra diferentes tipos de inimigos. Além disso não podemos simplesmente construir torres e avançar, temos que constantemente rodar pelo campo de batalha a trocar e reparar torres.

O arsenal de Dwerve começa por não ser muito impressionante, mas com o tempo a coleção vai ficando bem mais interessante. Podemos expandir o arsenal de forma bastante rápida e melhorar as que já desbloqueámos em bancadas de trabalho espalhadas por todo o mapa. As melhorias de armas estão constantemente disponíveis e não é necessário nem muito grind, nem backtracking. Dwerve não é o tipo de jogo que oferece uma luta justa e temos por isso que usar da melhor forma que conseguimos o equipamento que temos. O próprio jogador é forçado a jogar sujo, já que somos essencialmente colocados contra hordas de inimigos gigantes que continuam a vir. O objetivo justifica o meio. Perder quase que é normal, mas além de não perdermos muito progresso quando isso acontece, a aprendizagem que isso nos traz é importante. Raramente temos de fazer muitos ajustes à nossa estratégia, tornando-se quase óbvio o que fizemos mal da primeira vez.

Visualmente é um jogo interessante também. Os ambientes são muito bem elaborados, e emanam um sentimento de aventura. Dwerve consegue oferecer um mundo que parece habitado e vivo, mas também selvagem. O combate também parece muito suave e tecnicamente não encontrei falhas. A pixel art do jogo não o torna minimalista já que todos os ambientes são altamente detalhados. Os bosses são momentos altos do jogo, sendo criaturas colossais que se elevam sobre as torres. A música ajuda a criar a atmosfera do jogo, sendo geralmente calma e atmosférico, mas acelerando quando o combate acontece.

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