Análise: Hellslave

Hellslave é um dungeon crawler com elementos rogue e que podia ser descrito como se Diablo, Darkest Dungeon e um RPG por turnos na primeira pessoa tivessem um filho. Visualmente, Hellslave é um regalo para os olhos, com um ambiente gótico, muito atmosférico e remanescente da obra de Frank Miller. O mundo do jogo é um verdadeiro inferno. Os autores do jogo dizem ter tido como inspiração o poema Paradise Lose de John Milton, um poema que já deu origem a muitas histórias e é responsável por grande parte da mitologia cristã.

O mundo de Hellslave não é pacífico, aqui há apenas o inferno e o pesadelo que colocou a humanidade à beira da extinção. O nosso herói junt-se a um culto de adoradores de demónios e fez um acordo com o diabo. Depois de receber os seus poderes acaba por se revoltar contra os demónios, sendo depois atormentado por risos demoníacos e uma voz que o lembra que mais cedo ou mais tarde irá ter de pagar pelo poder que ganhou. Quando salvamos um caçador de demónios, que nos diz diretamente que mais cedo ou mais tarde eles terão que lutar um contra o outro, o que dá ao enredo um ímpeto e intriga adicionais.

Tal como um normal RPG recebemos missões principais e secundárias nas cidades e essas missões enviam-nos para limpar ruínas, masmorras, matar alguns bosses, resgatar prisioneiros e outras pequenas atividades. Quando voltamos à cidade recebemos a nossa recompensa e também podemos restaurar a saúde / mana, comprar consumíveis, assim como armas e equipamentos. O ferreiro também tem a capacidade de fazer equipamentos de acordo com planos. Explorar não gasta nenhum tipo de energia ou outros pontos, mas também não há nenhum tipos de encontros aleatórios por exemplo. Nas masmorras, observamos a ação de cima e movemos a figura do personagem pelos corredores. É aqui que temos as batalhas aleatórias, com o próprio jogo mostrando a probabilidade de isso acontecer. Pelo caminho encontramos vários baús e outros segredos.

Ocasionalmente temos também alguns puzzles e armadilhas que usam quick time events. Por vezes temos que explorar as masmorras à procura de chaves para abrir portas que se encontram fechadas. As batalhas por turnos acontecem numa perspectiva na primeira pessoa num formato que lembra outros jogos RPG na primeira pessoa. Usamos segundos em vez de movimentos, existindo habilidades que podem baixar os inimigos na linha do tempo. Antes de começar o jogo, começamos por escolher qual é o demónio superior que pretendemos adorar. Esta escolha significa em termos práticos, escolher uma classe e estilo de combate, com cada um dos demónios a corresponder essencialmente a uma classe tradicional. Mas isso não significa que um demónio seja o único durante o jogo todo, já que nas masmorras e catacumbas onde descemos em missões, podemos sempre encontrar altares dos outros demónios, o que correspondendo em alguns bónus temporários. Pensem em Diablo e vão encontrar pontos semelhantes neste aspeto.

Hellslave dá-nos muitas opções para receber bónus e outros benefícios. Ao atingir novos níveis, aumentamos automaticamente as reservas de saúde e a especialização da classe, mas também recebemos pontos de habilidade. Além destas, também temos o sistema de habilidades Momentum, que aciona a cada 20 segundos em combate e dá-nos uma habilidade extra de uma lista. Existem também modificadores que fornecem vários benefícios como refletir parte do dano ou aumentar a eficácia das poções. Com o tempo vamos recebendo mais e melhores modificadores. Os equipamentos têm também propriedades que podem oferecer algumas vantagens parecidas mas com um poder ligeiramente inferior.

Um dos problemas de Hellslave é o equilíbrio da dificuldade, ou melhor, a falta deste. Enquanto que as primeiras duas partes do jogo são bastante acessíveis até demais, a última parte aperta bastante no botão da dificuldade e ela parece vir do nada, deixando o jogador completamente desequilibrado, já que nada até aqui o preparou para este salto de dificuldade. Existem formas de estar preparado para esta parte do jogo, mas nunca sentimos necessidades de as explorar e quando a dificuldade aperta, ficamos com um grind pouco interessante como a única alternativa para progredir. Apesar deste problema, Hellslave é um RPG bastante interessante, mas também conservador. Não há nada aqui que não tenhamos visto antes. De qualquer forma temos que dar alguns pontos antes pelos visuais e jogabilidade sólida.

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