Análise: Xiaomi 12 Pro 

Depois de ter conquistado os consumidores com verdadeiros flagship killers no passado, a Xiaomi diversificou a sua área de negócio, abrangendo tudo o que podemos imaginar dentro dos gadgets, criando para isso marcas como a RedMi ou a Pocophone. Nos últimos anos a marca mãe Xiaomi deixou de tentar conquistar terreno nas áreas budget e olha agora para a Apple e Samsung como competição direta, mas este campeonato talvez se venha revelar mais complicado de conquistar.

Há muito para gostar no Xiaomi 12 Pro, especialmente se não olharmos para o preço. O poder puro do Xiaomi 12 Pro é o seu maior trunfo, mas coisas como a velocidade de carregamento também impressionam. Infelizmente não se consegue destacar verdadeiramente em áreas como a bateria ou a câmara, mas mesmo não se conseguindo sobrepor à concorrência, o Xiaomi 12 Pro consegue pelo menos competir olhos nos olhos. Já aqui avaliei um smartphone da série 12 da Xiaomi, mas em termos mais técnicos pouco tinha em comum com este Pro. O modelo Pro está no topo da série, contando com um ecrã maior, as melhores especificações e um grupo de câmaras mais capaz.

Em termos de design tudo o que disse de bom sobre o Xiaomi 12X mantém-se aqui. Este é um telefone bonito e confortável, no limite sendo menos confortável do que o Xiaomi 12X pelo simples facto de ser maior. Quando estamos neste nível de qualidade e tecnologia vamos acabar por ter vitórias tangenciais entre concorrentes e nesta gama de preço a concorrência é feroz. Em termos de escolha, não há muito por onde escolher. Existem três cores e duas opções de memória, todos eles com o mesmo armazenamento.

Já elogiei o design, mas é preciso falar também da construção. Apesar da Xiaomi não ter feito grande inovação, este é um dispositivo sólido, sendo uma tradicional sanduíche de metal e vidro. Há uma moldura em alumínio que envolve o telefone e depois temos vidro a fazer o contacto com as mãos, tanto à frente como atrás. À frente temos o novo Gorilla Glass Victus e todo o corpo do Xiaomi 12 Pro é arredondado nos cantos, tornando-o muito agradável ao toque. Os materiais e a qualidade do telefone são ótimos, mas não são perfeitos. O vidro frontal e a armação de metal são fabricados perfeitamente e encaixam perfeitamente. O painel traseiro tem um revestimento fosco para dar um pouco de textura e evitar que as impressões digitais deêm um aspeto sujo ao telefone. Infelizmente este revestimento faz com que a parte traseira pareça de plástico, mas acho que é um compromisso que é necessário fazer.

No uso diário não há nada aqui que se meta no caminho, no entanto existem pequenas coisas que poderiam ter sido melhor pensadas. O botão de ligar/desligar e botões de volume são um pouco mais finos do que eu gostaria por exemplo. No geral tudo está onde devia estar e onde já nos habituámos a ver. A porta de carregamento USB-C está no fundo centrada e com a entrada do cartão SIM ao lado. Este slot de cartão SIM aceita dois cartões, mas não permite usar um cartão de memória para aumentar o armazenamento. No que toca ao som temos aqui um par de colunas tanto na parte superior como inferior. A Xiaomi reformulou o design do módulo da câmara para algo um pouco mais sofisticado, apesar do seu tamanho grande. O módulo do Xiaomi 12 Pro parece mais utilitário, a câmara principal tem uma lente elevada com um aro refletivo que a faz destacar-se. As câmaras secundárias são menos visíveis graças aos perfis menores.

O que acaba por ser uma desilusão é a falta de proteção contra a água. Apesar de a Xiaomi dizer que o dispositivo é resistente e pequenos contactos com a água, um telefone deste valor deveria ser resistente a ser submerso. Este parece ser um pequeno problema, mas quando se compara o Xiaomi 12 Pro à concorrência todos estes pormenores contam. Neste nível de preço não iremos encontrar um telefone com má câmara ou um processador lento, pelo que ser resistente à água pode realmente marcar a diferença na escolha entre este e outros dispositivos semelhantes.

Felizmente em tudo o que usamos no dia a dia o Xiaomi 12 Pro destaca-se pela positiva. O ecrã AMOLED de 6.73 polegadas e resolução de 3200×1440 é fenomenal, contando cantos arredondados e uma densidade de pixel de 522ppi. Mesmo neste patamar o ecrã destaca-se pela positiva, encontrando-se no topo dos melhores do mercado. A luminosidade e contraste são também do melhor que encontramos, atingindo os 1000 nits no uso normal e picos de 1500. Não há realmente nada que eu possa dizer de mal sobre o ecrã. Ele conta com HDR 10, TrueColor e Dolby Vision e atinge os ideais 120Hz importantes para os jogos. Importante para os jogos são também os 480 Hz de sampling que permitem ao ecrã reconhecer com exactidão todos os toques e gestos. Maior parte destas tecnologias acabam por sacrificar a bateria e nem referi todas as tecnologias presentes que o fazem e isso acaba por ter impacto, especialmente porque a bateria em si não é propriamente a líder de mercado.

O Xiaomi 12 Pro vem com uma bateria de 4600mAh, o que é um pouco difícil de compreender dado todo o poder que está dentro do telefone e o facto de a concorrência usar maioritariamente baterias de 5000. Num uso normal durante o dia não irão encontrar grandes problemas, mas fazendo algum uso pesado das funcionalidades do telefone revela este problema. No entanto a Xiaomi envia junto com o dispositivo um carregador de 120W que quando usando o modo Boost mostra-se capaz de deixar o telefone com uma boa carga em um par de minutos. O carregador é um peso pesado e portanto pode não ser confortável de levar para todo o lado, mas garanto que irá tornar a bateria de 4600mAh mais do que suficiente para tudo. Estamos a falar de 20 minutos para carregar o telefone a 100%. Se preferirem usar carregamento sem fios este também está disponível e com um carregador de 50W irá demorar aproximadamente 40 minutos a carregar.

Como este é maioritariamente um website de jogos não podemos deixar de falar do GPU. O Snapdragon 8 Gen 1 aqui presente é capaz de correr tudo o que lançarem contra ele no máximo. Seja o modelo de 8GB ou 12GB não irão ter problemas em correr os jogos e irão todos correr perfeitamente e rápido. Infelizmente não irão poder ter muitos instalados já que 256GB não dá para muito e a falta de possibilidade de upgrade é decepcionante. Vendo os benchmarks podemos ver que a Xiaomi está a fazer algo de diferente já que a concorrência que usa o mesmo GPU não tem os mesmos resultados e a diferença parece estar no desenho interno e na dissipação de calor implementada, portanto, parabéns Xiaomi, bom trabalho.

As câmaras são cada vez mais o principal foco dos fabricantes e consumidores. A Xiaomi não mudou apenas o layout e design do módulo, também melhorou os sensores. A câmara principal usa um sensor Sony IMX707 capaz de tirar fotos de 50MP que o sistema depois usa ou não, dependendo do tipo de foto que queremos tirar. As câmaras secundárias são todas da Samsung e todas elas capazes dos mesmos 50MP, mas dado o tamanho mais reduzido elas são usadas principalmente como auxiliares. Nas fotos diurnas o Xiaomi 12 Pro desta-se pela fidelidade, criando fotos que podem não ter o brilho exagerado de outros telefones, mas são sem dúvida mais próximas do mundo real. Podemos ainda tirar todos de angulo ultrawide, que apesar de alguma distorção são impressionantes.

O principal problema da câmara é o zoom que fica-se por 2x. Nesta gama de preço pedia-se um pouco mais, principalmente porque praticamente toda a concorrência oferece zooms de pelo menos 3x. Também as fotografias noturnas revelam algumas fragilidades no processamento das fotografias, com algum ruído e falta de amplitude. Todas estas críticas são válidas tanto para as fotos das câmaras traseiras como frontais, sendo estas servidas por uma pequena câmara de 32MP. Se podemos ter algumas críticas relativamente às fotos, o video não apresenta grandes problemas, tanto em termos da qualidade da imagem como estabilização.

Com tudo isto em consideração não podemos negar a qualidade do Xiaomi 12 Pro, mas também não podemos negar que pelo preço, este não é um dispositivo universalmente melhor do que a concorrência. Com um corte de alguns € no valor este podia realmente destacar-se por oferecer tanto por um preço inferior, mas quando compete diretamente acaba por mostrar fragilidades na câmara e bateria. Se gostam da marca e dão principal importância ao ecrã e gpu este é talvez a melhor escolha, mas caso seja a câmara o vosso foco, a Xiaomi precisava de ter ido um pouco mais longe.

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