Análise: Lost in Play

A quantidade de jogos do género aventura point and click a sair no mercado pode fazer lembrar os anos de glória do género, no entanto a qualidade dos mesmos não nos lembra esse tempo. Existem ainda muitos jogos de qualidade a sair, no entanto há um sentimento de falta de novidade que se faz sentir em quase todos eles. Apesar de Lost in Play não reformular o género, consegue ter uma identidade própria e ao abandonar o diálogo faz com que os puzzles pareçam mais focados e todo o jogo no geral fica a parecer refrescante.

Os princípios do género estão tão presentes aqui como na maioria dos outros jogos modernos, mas são bases de construção, cabendo aos criadores saber o que criar em cima dos mesmos princípios. Lost in Play é acima de tudo coerente, algo que não posso dizer de muitos jogos atuais, que parecem mudar as suas próprias regras e lógica conforme dá jeito no momento. Este é o primeiro jogo deste estúdio e sinceramente isso sim é surpreendente, dada a qualidade e polimento de tudo o que está aqui presente.

Lost in Play tem essencialmente tudo o que procuro dentro do género. Um estilo desenho animado, protagonistas cativantes e cheios de humor, puzzles baseados em itens e inteligentes e cenas 2D muito bem animadas que dão vida ao mundo do jogo. Mas o jogo reescreve as regras do género à sua maneira também, como a caça ao pixel que se torna impossível já que movemos diretamente a personagem, podendo até ser jogado com um comando, algo que é até recomendado. Também não usa palavras no jogo, o que deixa o sistema de dicas útil, mas não muito transparente e há muito pouco retrocesso porque os ambientes são pequenos e o tempo que ficamos em cada um é curto.

Nada aqui é verdadeiramente único, mas a execução é cuidada e elaborada. A experiência é rica e praticamente ausente de pormenores irritantes. Mesmo quem nunca jogou um jogo do género ou não é fã irá encontrar aqui algo que goste. Obviamente que é preciso ter a mente aberta a um jogo deste género e não vou dizer que fãs de shooters que não jogam qualquer outra coisa irão gostar do jogo mas se lhe derem oportunidade o jogo vai cativar-vos. Muitos jogadores ignoram este género porque os jogos são lentos ou aborrecidos, mas Lost in Play é condensado ao ponto que se mantém fresco durante toda a sua duração.

Os puzzles mantêm esta ideia de frescura já que nenhum é repetido ou uma ideia repetida de outro puzzle que jogámos antes. A complexidade dos puzzles vai aumentando com o tempo, mas nunca se tornam frustrantes. Além dos puzzles existem pequenos mini-jogos que quebram o ritmo no bom sentido, trazendo ainda mais variedade ao jogo. Nenhum destes momentos fica por muito tempo no ecrã também, dando um ritmo meio acelerado ao jogo, algo bastante raro no género.

Por fim temos a apresentação do jogo. Se visualmente o jogo é fenomenal, com uma arte variada, com um estilo cartoon muito interessante e colorido, em termos sonoros o jogo não fica a perder. Não há uma lingua real no jogo e o dialecto, se é que lhe podemos chamar isso, das personagens do jogo dá-lhes logo uma personalidade própria e cativante.

Lost in Play é uma pequena aventura de mais ou menos cinco horas que consegue ser desafiante sem ser frustrante, manter um tom leve, nunca se tornar repetitiva ou aborrecida e acima de tudo é divertida. Se forem fãs do género é um jogo obrigatório, mas Lost in Play vai mais além e consegue ser um jogo que recomendo a jogadores de todos os géneros.

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