Análise: God of War Ragnarök

God of War Ragnarök é um dos lançamentos mais esperados do ano. God of War continua a ser um dos franchises mais acarinhados pelos jogadores, mas também pela crítica e depois do surpreendente “reboot”, todos estavam à espera de uma sequela. A palavra reboot é bem aplicada aqui já que a série sofreu acima de tudo uma transformação completa na forma como se joga, mas este reboot funciona também como sequela dos jogos anteriores, respeitando todos os eventos que aconteceram anteriormente. O agressivo e mentalmente devastado Kratos tornou-se uma personagem mais realista, mais chegada à terra e sobretudo o estúdio conseguiu tornar uma personagem interessante ainda mais interessante.

Está sequela não existe por causa dos seis jogos anteriores, mas sim porque o sétimo e reboot da série conseguiu trazer novos fãs e cativar os fãs anteriores. Obviamente que a jogabilidade é mais lenta e o foco é maior na história, mas tudo o que desapareceu foi trocado por elementos igualmente bons, algo que os fãs antigos viram, entenderam e ficaram igualmente impressionados. Um dos aspetos que nos deixou mais entusiasmados para esta sequela é que o jogo anterior foi um jogo de transição de geração e portanto todos ficámos na expectativa do que um jogo exclusivamente para a nova geração poderia ser.

O resultado não podia corresponder mais à expectativa. God of War Ragnarök está carregado de novas armas, novos inimigos e aliados e toda uma série de novos elementos. God of War Ragnarök é tão familiar como devia ser ao mesmo tempo que leva a série em direções entusiasmantes. God of War Ragnarök é como pegar num bom bolo e adicionar um bom recheio e cobertura. Certamente conseguem pensar numa série de sequelas que estragaram o que funciona perfeitamente ou que a história arruinou a experiência até dos jogos anteriores. Felizmente God of War Ragnarök não sofre de nenhum destes males, sendo um dos melhores jogos do ano.

Visualmente não há grandes elogios que possa fazer que não tenham já sido feitos. Impressionante é pouco para descrever os visuais de God of War Ragnarök. Mas não é apenas a fidelidade visual, é também a forma artística como a mitologia e a história estão integrados nos visuais do jogo. O jogo anterior foi surpreendente também pela sua história emocional. Se havia algo que poucos estavam à espera era de que o jogo se fosse focar na relação entre Kratos e o seu filho que aparentemente ele mal conhece. A forma como a relação entre os dois cresce é fenomenal e God of War Ragnarök apenas constrói sobre essas bases fortes.

Sem entrar em grandes detalhes sobre a história de God of War Ragnarök, os eventos que os dois desencadearam no jogo anterior estão agora em progresso. Kratos e Atreus estão mais próximos do que nunca, mas Atreus é agora um adolescente independente. God of War Ragnarök acaba por ser bem mais sobre Atreus, ou pelo menos é mais a sua história, mas também mostra ou revela, ainda mais camadas da personalidade de Kratos, uma personagem cada vez mais fascinante e que aqueles que acompanham desde o início conseguem retirar ainda mais.

O combate dos jogos originais era rápido e desafiante, mas não era propriamente estratégico. Não quero com isto dizer que esta nova iteração de Kratos tenha um combate mais complexo, mas a mistura de hack & slash do original com um combate mais pausado e que nos faz pensar e criar estratégias é muito gratificante. God of War Ragnarök constrói sobre as bases do jogo original, com as armas anteriores a estarem de volta, mas com mais opções ainda. O jogo não se contenta em melhorar e polir as ideias anteriores, introduzindo novas mecânicas e usos inteligentes das mesmas armas e habilidades. Para ter sucesso no combate não basta dominar as armas e habilidades de Kratos. O que o jogo anterior nos ensinou continua válido, existem inimigos elementals que temos de saber enfrentar e outros em que precisamos até de Atreus para dar uma ajuda.

A variedade de inimigos é também maior, por isso se tinham dificuldade em memorizar as estratégias de cada inimigo irão passar um mau bocado aqui. O jogo anterior sofria de alguma falta de combates contra bosses, um assunto que também foi revisto nesta sequela. O combate é mais rápido e fluido, mas sem se aproximar do combate dos jogos anteriores. A jogabilidade de God of War Ragnarök também conta com uma grande quantidade de puzzles. Isto já era verdade no jogo anterior e aqui iremos explorar o rico mundo do jogo à procura de segredos e puzzles, resolvendo também algumas quests secundárias pelo caminho.

Muitas das personagens secundárias do jogo anterior estão também de volta, incluindo Freya e os irmãos anões Brok e Sindri. O mundo de God of War Ragnarök é complexo, especialmente se tivermos em conta que Kratos já atravessou duas mitologias diferentes, com os jogos originais a focar em-se na mitologia grega e a nova saga a focar-se na mitologia nordia. Se isto não fosse suficiente, God of War Ragnarök conta ainda com uma grande quantidade de novas personagens com os seus próprios problemas. Não somos obrigados a prestar atenção a tudo o que acontece mas a história do jogo pode parecer um pouco pesada, pelo menos quando contrastada com a simplicidade da premissa do jogo anterior.

God of War Ragnarök é sobretudo uma sequela obrigatória. A sua existência não precisa de ser justificada. É um jogo que precisava de existir tanto pela qualidade do jogo anterior como pelo rumo que história do jogo tomou. Isto faz com que God of War Ragnarök não seja um jogo que possa ser recomendado a quem não jogou o anterior. É como ver As Duas Torres sem ter visto o Irmandade do Anel. Uma das poucas críticas que se pode fazer a God of War Ragnarök é que não é indiscutivelmente melhor que o God of War anterior. É um passo em frente na grande maioria dos aspetos, mas também traz consigo alguns problemas de excesso de bagagem que não têm uma solução simples. Mas nenhum problema do jogo o retira da lista dos melhores jogos da PlayStation 5 e um dos melhores jogos do ano.

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