Análise: Kena: Bridge of Spirits

É complicado criar aaalgo de verdadeiramente original hoje em dia. Muitos jogos são capazes de criar algo único através da revitalização de um género ou misturando vários géneros num só jogo de formas inesperadas, mas poucos são os jogos que se podem gabar de criar algo de verdadeiramente único. Kena: Bridge of Spirits é um jogo que é extremamente competente, bonito de olhar, com um mundo cheio de pormenores, mas que simplesmente não leva o género por novos e entusiasmantes caminhos.

O mundo de Kena: Bridge of Spirits é apresentado aos jogadores numa pequena introdução. É um mundo de belas florestas e onde Kena é uma espécie de guia espiritual. A sua função neste mundo é de encontrar os espíritos que não ficam em paz no seu local de descanso final. Estes espíritos carregados de remorços precisam de ser motivados à força de forma a que toda esta negatividade não afete a floresta que os rodeia. Mas toda a podridão que vem destes espíritos também é um aliado para Kena que a ajuda a resolver os puzzles do jogo. Para dizer a verdade não são realmente puzzles, apenas uma espécie de exploração com passos extra onde temos de procurar um objeto para o colocar no sítio certo por exemplo.

O ciclo da jogabilidade envolve normalmente uma série destes puzzles, alguma exploração e no final chegamos a uma zona aberta cheia de podridão e onde temos de derrotar um inimigo. Derrotar o inimigo limpa toda a área e salva a floresta. Convém não confundir estes combates com combates contra bosses. Do que me lembro todos os bosses aparecem desta forma, mas nem todos os inimigos que encontramos desta forma são bosses. Isto faz com que as batalhas contra os bosses não sejam tão especiais como seria desejável.

Depois de jogar Kena: Bridge of Spirits conseguimos ver porque razão a Sony se interessou no estúdio. A realidade é que este jogo é muito semelhante à muitos dos jogos que a Sony tem lançado através dos seus estúdios internos. Isto é algo de muito positivo se gostarem do tipo de jogos que Sony tem lançado, mas por muito bons que eles sejam, podemos ver alguma repetição de ideias neles e também aqui. Não se tratam de más ideias ou da implementação ser má, simplesmente ao fim de vermos tudo isto antes várias vezes é difícil ficar muito impressionado.

Podem olhar para isto que acabei de dizer e ver uma crítica aos jogos da Sony, mas a crítica é sobretudo a Kena: Bridge of Spirits. O ciclo da jogabilidade acaba por se tornar repetitivo nas 15 horas de jogo que Kena: Bridge of Spirits tem para oferecer. Existem elementos inspirados em muitos jogos. Há um pouco de Pikmin aqui e um pouco de Zelda, mas também de Uncharted. O principal problema é que o jogo passa por todas estas mecânicas e ideias sem nunca se demorar muito, parecendo estar em piloto automático durante a maior parte do tempo. A maior parte do jogo é passada a atravessar a floresta, misturando um pouco de escalada com plataformas, mas tudo o que podemos interagir salta à vista, nunca sendo preciso parar um segundo para pensar.

Existem outros problemas também. Existe uma falta de equilibrio frustrante entre o combate com inimigos normais e bosses. Enquanto que uns demoram tempo a menos para derrotar, os outros demoram tempo a mais. O jogo também tem tendência para fazer o jogador pensar nas coisas erradas. Em vez de nos dar itens e nos deixar pensar de que forma os podemos usar, o jogo coloca-nos quase sempre a pensar em como encontrar os itens. Isto faz com que os puzzles não sejam tão interessantes como na maioria dos jogos do género. Outro problema é que a maior parte do progresso em termos de habilidades vem de recolher coleccionáveis escondidos pelo jogo. Felizmente as habilidades não são essenciais para terminar o jogo, mas tornam-o bem mais interessante.

Felizmente existem muitos pontos positivos aqui também. O jogo joga-se realmente bem. Os controlos são responsivos, a ação é fluida e tecnicamente é sólido. Kena: Bridge of Spirits é também um jogo realmente bonito. Infelizmente o aspeto visual leva-nos para outro problema. A equipa de desenvolvimento é claramente muito dotada em termos de animação e o jogo parece quase um filme da Pixar jogável, mas tudo parece muito superficial. Existem muitos elementos do jogo que parecem estar presentes porque são bonitos, mas não têm nenhum significado no mundo do jogo.

Kena: Bridge of Spirits é um jogo com várias falhas e talvez tenha sido mais crítico com este jogo do que com jogos bem piores, mas é talvez por Kena: Bridge of Spirits ter tanto a seu favor que o pouco que faz menos bem se destaca. Se gostam do típico jogo AAA que a Sony tem lançado, Kena: Bridge of Spirits tem para oferecer muitos dos mesmos elementos que tornam estes jogos tão bons, mas convém manterem as expectativas em cheque.

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