Análise: The Dark Pictures Anthology: The Devil In Me

Se Until Dawn conseguiu mostrar a capacidade que a Supermassive Games tem para criar experiências de terror, a saga de jogos The Dark Pictures Anthology refinou a fórmula. A ideia de várias jogos mais curtos cada um com a sua história de terror ajuda a tornar estes jogos mais memoráveis. Não existe grande vantagem em arrastar em duração estes jogos, sendo bem mais benéfico para o resultado final e legado da série que os criadores se foquem em experiências mais condenadas e capazes de transmitir momentos mais ricos narrativamente.

Apesar de tudo isto, o resultado final ficou um pouco aquém das potencialidades. Algo digno de notar é que não houve uma trajetória irregular nos lançamentos, mas sim um constante crescimento na qualidade. The Devil in Me é aquilo que podemos chamar de um slasher. Quem é fã de American Horror Story conhece os meandros das antologias de terror. É importante ter um tema, ou um subgénero, bem definido. Podemos encaixar os vários lançamentos da saga nestes subgéneros do terror e o tema escolhido agora é o slasher, popularizado nos anos 80 e 90 graças a filmes como Halloween ou Scream.

The Devil in Me leva-nos a Chicago em duas eras distintas, primeiro na mudança do século, algures em 1900. Aqui podemos relembrar a história do Hotel de H.H. Holmes, o derradeiro primeiro serial killer americano, que resumidamente construiu um hotel para poder assassinar e torturar à vontade. O jogo volta ao presente depois para seguir uma equipa cinematográfica que está a gravar um documentário sobre H.H. Holmes. A equipa é convidada para conhecer uma réplica do macabro hotel e que funciona como uma espécie de museu.

Para surpresa de ninguém, o dono ou coordenador do museu parece tão equilibrado como o dono do hotel original e aquilo que parecia uma entusiasmante descoberta pela história escondida do primeiro serial killer americano, rapidamente se tornou numa luta pela sobrevivência e uma história de terror bem moderna. Cada jogo dá série tem trazido uma cara conhecida para elevar o elenco e desta vez é Jessie Buckley que muitos irão conhecer de Chernobyl ou da mais recente temporada de Fargo e que também aqui tem uma prestação muito convincente.

The Devil in Me não tenta fazer grandes inovações dentro do género. O ritmo é história não irão surpreender muito, mas este jogo apresenta-se como um passo na direção certa relativamente aos jogos anteriores. As personagens são mais cativantes e é também mais fácil gostar delas. O ritmo também abrandou um pouco, existindo algum tempo para respirar agora. O tempo extra e personagens com quem podemos criar uma ligação faz com que os momentos marcantes da história tenham mais impacto. As decisões que o jogador toma também têm um impacto maior graças a essa ligação que este cria com as personagens.

Aquilo que vamos aprendendo sobre as personagens do jogo é também importante já que pequenos pormenores sobre cada personagem podem ser fundamentais no futuro. Um desses pormenores interessantes é uma personagem que tem asma e esse seu problema é utilizado de formas muito criativas no decorrer do jogo é temos sempre que nos lembrar disso. The Devil in Me é um jogo cinemático e a maioria da ação vem em forma de Quick time events, mas existem puzzles colocados à mistura para dar alguma variedade à jogabilidade. Os puzzles em si são também variados na forma de resolução.

Enquanto que o jogo anterior avançou ainda mais no caminho de ser um filme jogável, The Devil in Me afasta-se, abraçando mais elementos de jogo e menos de filme. Algo que não nos deixa perder a noção de que isto é um jogo e não um filme é o aspeto visual do jogo. Não se trata de o jogo ter mau aspeto, longe disso, mas o motor do jogo começa a mostrar a idade. Este é um jogo com alguma popularidade e certamente terá uma segunda temporada e dessa espera-se um upgrade gráfico também, pelo menos para que tire partido da mais recente geração de hardware.

The Devil in Me não é perfeito e sinceramente acho que ainda nenhum dos jogos da antologia se aproxima em qualidade de Until Dawn, no entanto há muito para gostar aqui e é sem dúvida a melhor entrada na série até agora. O jogo tira partido dos melhores elementos dos jogos anteriores e ultrapassa alguns dos problemas que foram sendo introduzidos ou se mantiveram desde o início. Se gostaram dos jogos anteriores é uma compra obrigatória.

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