Análise: A Little to the Left

A Little to the Left é o primeiro jogo da Max Inferno e o estúdio consegue a proeza de conseguir apresentar algo bastante original na sua primeira tentativa. Original é diferente de realmente bom, mas existem razões para pelo menos experimentar este jogo. Basicamente o jogo apresenta ao jogador um ecrã com objetivos do dia a dia, sejam eles livros ou produtos de limpeza por exemplo e pede ao jogador que os organize. Os objetivos começam por ser simples, mas no decorrer do jogo este vai-se tornando mais desafiante e exotérico também.

A mecânica principal do jogo é bastante original, mas é nos objetivos que o jogo nos coloca que realmente o jogo se destaca. O jogo apenas nos pede para organizar e alguns objetivos são bastante simples de perceber. Uma imagem rasgada por exemplo faz sentido que seja para colocar direita, mas organizar um monte de canetas por exemplo já pode ser mais complicado. Será que o temos de fazer por tamanho, por cor, por ordem alfabética do tipo? Não existe propriamente uma resposta certa e o jogo admite isso, mas também nos dá como resposta as outras formas como podíamos ter cumprido o objetivo.

A Little to the Left pode parecer simples e é, mas consegue dar uma dimensão diferente aquilo que é normal e mundano. Já todos vimos estes objetos e até de certeza que já perdemos tempo a organizar canetas, mas talvez nunca tenhamos sequer pensado sobre isso. É como se tarefa mais básica que possam imaginar tivesse toda uma complexidade oculta que nunca pensaram. Nunca me ocorreu organizar uma estante de livros por grossura da lombada por exemplo, mas isso seria uma organização, talvez tão válida como outra qualquer, mas que no nosso mundo não serve qualquer propósito. No entanto para quem não tenha qualquer intensão de ler ou procurar os livros da estante, não será essa uma organização até mais interessante e estéticamente interessante?

Apesar dos pontos fortes, A Little to the Left acaba por ter algumas falhas naquilo que é realmente importante num jogo. Alguns dos puzzles mais irracionais parecem ser apenas obstáculos a ultrapassar e as mecânicas mais típicas do género estão presentes mas parece que quase por obrigação. Existe um sistema de dicas, mas é de tal forma generoso que retirar qualquer pressão ao jogador e ao mesmo tempo com o tempo vai-lhe retirando a culpa de utilizar o sistema, já que não há grande castigo por o fazer.

Quando está no seu melhor, A Little to the Left consegue ser uma experiência interessante, mesmo que nunca atinja notas muito elevadas. O conceito é interessante e em vários momentos funciona, sendo um jogo ao mesmo tempo estimulante mas calmo e em alguns puzzles é memorável, no entanto a execução acaba por ficar aquém e o nosso esforço torna-se inconsequente com o tempo.

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