Análise: Need For Speed Unbound

Need For Speed já foi uma das séries de condução mais populares do mercado. As entradas da série Underground, Underground 2 e Most Wasted foram talvez as mais populares, com a série a ir perdendo gás aos poucos nos lançamentos seguintes. Antes disso a série já tinha tido algum sucesso, principalmente com Hot Pursuit 2, mas Underground é Underground 2 são marcos da série. Carbon continuou o mesmo estilo mas tentou trazer os percursos de montanha de Velocidade Furiosa Tokyo Drift para o jogo, ProStreet levou as corridas para os circuitos legais, tendo talvez dado origem ao conceito para Shift e Shift 2 que acabaram por ser essencialmente uma série à parte tal como V-Rally e V-Rally 2.

Dos lançamentos depois de Most Wanted a série teve essencialmente dois destaques, um novo Most Wanted e Rivals, contando com menos jogos memoráveis do que seria de esperar. O anterior lançamento, Heat, mostrou que ainda há espaço para Need For Speed e apesar do hype pela série já não ser o mesmo, a qualidade está a regressar em força. Need For Speed Unbound continua no bom caminho, apesar por quase nem se ter dado pelo seu lançamento, a Criterion Games fez aqui um trabalho louvável no seu regresso à série.

Um dos aspetos que mais salta à vista é o visual do jogo. O jogo afasta-se do estilo realista da série, apresentando um estilo mais próprio e distinto. As personagens em cel-shade de inspiração anime, juntam-se aos carros realistas mas com efeitos exagerados nos saltos, boosts e drifts. O jogo tem um aspeto fantástico, tanto quando estamos parados a observar o ambiente como em movimento. Enquanto que os jogos anteriores da série quase que se misturam num só, sendo possível distinguir os jogos pela qualidade dos gráficos e UI, Need For Speed Unbound é bem distinto e sobressai tanto dentro do género como dentro da série.

O jogo tem como palco Lakeshore City, uma versão ficcional de Chicago. Os jogadores podem conduzir livremente pela cidade, encontrando vários desafios espalhados e eventos em locais específicos onde podem ganhar dinheiro. Tal como Heat, Need For Speed Unbound conta um ciclo de dia noite, não em tempo real mas que muda sempre que entramos no esconderijo da nossa personagem. A cidade em si é um pouco vazia, faltando-lhe a vida de um jogo como GTA, mas é um mal necessário para que o jogo funcione naquilo que deve funcionar, ser um bom jogo de corridas. O modo história é modo principal, dando-nos as razões suficientes para continuar.

A nossa personagem principal e a sua companheira trabalham na oficina de um antigo street racer. Infelizmente somos traídos e acabamos a perder o nosso carro. Dois anos depois voltamos às corridas, tendo de competir num evento organizado pela própria pessoa que nos traíu. A maior parte da história é contada através de chamadas telefónicas, com algumas cutscenes ocasionais. As prestações das vozes são boas, mesmo que um pouco esteriotipadas.

As corridas do jogo vêm em vários níveis de dificuldade e entrar nas corridas não é tão simples como nós jogos anteriores. Basicamente as corridas têm preço de entrada. Existem algumas corridas gratuitas, mas para ganhar dinheiro a sério temos de pagar o preço de entrada nas corridas mais caras. Não precisamos de ficar em primeiro, mas convém conseguir uma pontuação decente para pelo menos não perder dinheiro. Presente no jogo está também a polícia que pode complicar ainda mais as nossas contas. A polícia tem um nível de perigo que vai subindo à medida que vamos fazendo corridas, baixando quando depositamos o lucro nos esconderijos. Por vezes pensamos em arriscar mais uma corrida durante uma noite apenas para nos arrepender-mos quando temos de enfrentar uma força policial de elite.

Tudo isto parece bem até agora, mas um jogo de corridas só é tão bom quanto a condução dos carros. Need For Speed Unbound não é um jogo fácil. Conseguir chegar aos primeiros lugares não é de todo uma tarefa fácil e maior parte das vezes vi-me obrigado a me contentar com o meio da tabela. Melhorar o carro ajuda, mas a IA é bastante agressiva e temos de manter o ritmo durante toda a corrida. A condução em si não é perfeita, mas é boa o suficiente para que o jogo seja divertido, sendo preciso dominar algumas manobras como o Drift para conseguir bons resultados.

A apresentação como já referi é realmente boa, com destaque para o design e arte. A banda sonora por outro lado requer algum gosto pessoal para se poder aproveitar. Garantidamente que combina na perfeição com a estética do jogo, mas as músicas dentro do género Indie pop e trap não são aquilo que está dentro do meu leque de gostos musicais.

Mesmo com pequenas falhas, Need For Speed Unbound é o jogo da série que mais gostei de jogar nos últimos anos. Acho muito sinceramente que é o regresso à boa forma dos jogos Need For Speed e o aspeto visuais irreverente ajuda a demarcar essa diferença. Unbound sobressão dentro da série e mesmo dentro das propostas atuais de jogos de condução arcade. Se são fãs antigos da série podem ter a certeza que está na hora de voltar e pelo caminho Need For Speed Unbound vai também ganhar alguns novos fãs.

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