Análise: Aquatico

Aquático é um city builder onde o jogador tem de criar cidades debaixo de água. Quem já jogou algo do género sabe o difícil que o género pode ser. Caso tenham problemas com isso, Aquático pode ser o que estão à procura dado que é muito mais simples que a maioria da concorrência. A humanidade foi essencialmente empurrada para debaixo do mar por um asteróide que atingiu a Terra, causando inundações e no fundo tornando a superfície inabitável.

Não há muito mais em termos de história, mas também não era expectável que houvesse, já que a narrativa serve essencialmente para justificar a premissa original do jogo. Não existe uma campanha ou cenário ou outro qualquer modo além do sandbox. Nada de errado com isso, mas a jogabilidade em si precisa de ser forte o suficiente para sustentar o jogo durante horas e horas sem outro tipo de suporte.

Maior parte do trabalho em Aquatico pode ser feito por drones, mas no geral o jogo segue o raciocínio normal do género. Temos de investir em cadeias de produção, com fábricas que se alimentam umas às outras. Temos de equilibrar a felicidade da população com o crescimento económico. Muitos jogos deste género podem ser complicados por causa do início. Normalmente começamos com recursos limitados no início e nem sempre é fácil criar uma cidade auto sustentável a partir desses recursos.

Aquático essencialmente resolve esse problema ao usar o simples dinheiro para algumas construções. Isto torna o progresso por vezes até simples demais. Muitos dos sistemas do jogo sofrem do mesmo problema. A complexidade pode ser assustadora dentro do género, mas talvez a solução de Aquatico de simplificar tudo não seja melhor. Por exemplo, temos de construir tubos para transportar mercadorias, mas não existe um único problema ou limite a ter em conta. É construir e está feito. Isto faz com que o jogo se torne aborrecido muito mais rapidamente que outros jogos do género.

Gerir os habitantes da cidade é também muito pouco importante. Não existem diferenças reais entre cada um como em outros jogos do género. A árvore de melhorias é também o mais simples que podia ser, com a próxima melhoria a ficar disponível assim que anterior terminar e não existe forma de acelerar as pesquisas. Para um jogo com uma premissa tão interessante, a imaginação parece ter ficado por aí, já que nunca pesquisamos ou construímos nada de muito interessante. Ver o futuro ou simplesmente coisas meio malucas como em Two Point Hospital, é parte do que torna o género atrativo, mas aqui tudo demonstra pouca imaginação e em alguns casos pouco pensamento critico. Algumas das pesquisas que fazemos são sobre objetos do cotidiano que pelos vistos esta população do futuro se esqueceu como se fazem.

É realmente pena que o jogo não seja melhor. A premissa é realmente interessante e com algumas melhorias podia haver aqui algo realmente especial. As expedições por exemplo podiam ser uma mecânica muito interessante, mas a forma como estão implementadas apenas realçam o problema de os habitantes serem essencialmente todos iguais. Não precisamos de escolher quais os habitantes que podiam ter mais sucesso numa expedição e no final a recompensa são recursos, algo que raramente temos falta.

Aquático é um jogo que devido à baixa dificuldade eu só poderia recomendar a jogadores casuais que querem experimentar algo dentro do género. Mesmo nesses casos acho que existem propostas melhores. Par aos restante, Aquático não apresenta um desafio e isso é um problema crítico que é difícil ignorar, já que torna o jogo essencialmente aborrecido.

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