Análise: Beacon Pines

Beacon Pine é sobretudo um jogo com foco na história. Existem algumas mecânicas de jogo, mas é essencialmente um jogo que vive da sua história. À medida que exploramos a cidade do jogo, descobrimos encantamentos na forma de pequenos quadros que parecem quadros de ponto cruz. Cada um destes encantamentos corresponde à uma palavra que pode ser utilizada para expandir a história de várias formas. Uma mecânica interessante do jogo é que podemos alternar estes pontos marcantes da história para introduzir novas palavras em pontos anteriores da história e ver o que acontece.

O jogador controla Luka, um rapaz de doze anos afligido por algumas tragédias. O seu pai morreu há seis anos de forma misteriosa e a sua mãe desapareceu recentemente. Vamos avançando na história ao explorar a cidade e falar com outros habitantes. A cidade em si também não parece estar a passar um bom bocado, com a empresa que dava emprego à maioria dos habitantes a ter falido e a empresa que veio para a substituir é dirigida por uma pessoa pouco amigável.

Maior parte da história explora ideias que já vimos muitas vezes, seja em jogos, seja no cinema. A narrativa aborda basicamente os mesmos temas que filmes como Os Goonies ou até o mais recente fenómeno Stranger Things. Temos alguém que chega à cidade, os bullies e uma cidade pequena. A história em si é muito boa e apesar de nos fazer lembrar tudo o que referi, tem identidade e acima de tudo integridade, já que as personagens e eventos do jogo mantêm-se credíveis durante toda a sua duração. O jogo usa uma temática de terror, mas não é assustador nem de longe nem de perto. Visualmente é simplesmente adorável e pode até ser um jogo de halloween perfeito.

A habilidade que temos de refazer certas seções para que a história vá noutras direções é o que realmente se destaca no jogo. Muitas destas direções acabam em tragédia e é divertido explorar todos os resultados já que o jogo não nos pune por experimentar. O jogo adaptar-se às escolhas que fazemos e por vezes acabamos por saber coisas que o protagonista ainda não sabe. Isto faz com que não possamos guiar a personagem para o perigo se já soubermos do perigo antes. A narrativa vai ganhando forma à medida que avançamos, tornando-se uma árvore bem composta.

Falar em árvore normalmente indica que existem escolhas, mas como o jogo vive essencialmente de explorar os resultados das várias escolhas, a verdade é que não são escolhas no sentido literal da palavra. Existe uma história que o jogo quer contar e maior parte das escolhas podem ser definidas como certas ou erradas. Enquanto que noutros jogos as escolhas são sempre certas, já que definem o rumo que a história vai assumir e ponto final, aqui há escolhas que são simplesmente erradas e vamos em algum momento refazer essa mesma escolha. Isto não impede Beacon Pines de ser muito bom naquilo que tenta ser. Se procuram um jogo com uma história forte é uma boa proposta, mas se procuram um jogo onde as vossas escolhas afetam o final do jogo ou algo mais elaborado em termos de jogabilidade, talvez seja melhorar procurar noutro lugar.

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