Análise: Neptunia: Sisters VS Sisters

A série Neptunia deve ser neste momento uma das sagas com mais títulos de sempre. Jogos com bem mais anos devem já ter sido ultrapassados por esta série que conta neste momento com cerca de catorze anos de existência. Isso traz consigo alguns problemas, mas ninguém pode negar que tanto tempo a trabalhar na mesma série traz experiência e a experiência é óptima para criar consistência e qualidade. Neptunia: Sisters VS Sisters é o resultado de misturar uma história interativa com as mecânicas de JRPG tradicionais da série. Nem sempre os diferentes componentes funcionam bem em conjunto, mas não deixa de ser uma boa entrada na série, especialmente para os fãs.

Neste Neptunia: Sisters VS Sisters os jogadores vão acompanhar um confrontos entre deusas e candidatas a deusas. O jogo aborda as relações e destinos destas personagens, seguindo principalmente Nepgear, mas trocando de perspectiva com bastante frequência. A história é parte integral do jogo e o jogo essencialmente exige que se goste do universo do jogo, já que o peso da história e das suas personagens no jogo como um todo é muito grande. A quantidade de personagens é notável e não posso dizer que por vezes não as tenha confundido um pouco umas com as outras. Isto não quer dizer que não sejam únicas e cada uma tenha a sua personalidade, quero apenas dizer que são efetivamente muitas.

Neptunia: Sisters VS Sisters vai apresentando as suas personagens em longos diálogos que definem as dinâmicas de cada personagem, revelando os conflitos de cada uma. Pelo caminho temos também um jogo, com exploração e masmorras com inimigos para enfrentar. O combate permite-nos alternar entre as oito personagens jogáveis para formar o grupo de três que efetivamente estão no combate. Nem sempre temos acesso a todas as personagens, mas não é muito complicado lidar com as ausências. Há muita liberdade no jogo e isso faz com que as vinte horas que demora para terminar a campanha, facilmente se tornem em bem maus.

A liberdade infelizmente revela que muitos dos sistemas do jogo são apenas superfíciais e quando tentamos retirar algo mais não temos grande retorno. As masmorras por exemplo parecem variadas e grandes ao início, mas ao fim de poucas horas vemos que se limitam a repetir os mesmos quatro biomas e o design de nível é muito linear. Os inimigos também parecem ser os mesmos no decorrer do jogo todo. A série Neptunia é um pouco culpada de reutilizar muitos assets não apenas dentro dos próprios jogos, mas também entre jogos e isso faz com que muitas masmorras não só pareçam demasiado semelhantes dentro de Neptunia: Sisters VS Sisters, como também fazem com que Neptunia: Sisters VS Sisters se pareça demasiado com tudo o resto que a série já mostrou.

O combate em si mistura aquilo que nos habituámos a esperar de um JRPG, com alguns elementos hack and slash. O principal problema é que embora este sistema dê muita liberdade ao jogador para explorar cada personagem, cada personagem em si está muito limitada naquilo que pode ser o seu potencial. O combate baseia-se muito em criar ligações entre os combos das personagens. Isto podia ser uma ideia muito interessante, mas a execução em si limita-se a ter que carregar nos mesmos botões uma série de vezes. Depois de horas a fazer o mesmo, não senti a criatividade que o sistema poderia originar. Além disso o próprio jogo por vezes restringe o combate a apenas uma personagem, o que retira o sistema da equação por completo.

Existem alguns sistemas avançados que permitem ao jogador ser mais estratégico na sua abordagem ao combate. Existem muitos quests secundárias que nos dão dinheiro e experiência e particularmente importante, para criar discos que podem ser aplicados às personagens. São estes discos que permitem aos jogadores pensar um pouco mais no combate. Infelizmente o jogo nunca faz uso desta mecânica, ou pelo menos não a força, já que nunca sentimos necessidade de parar para pensar ou recuar para melhorar as personagens. Na vasta maioria das vezes conseguimos ir avançando e derrotar os inimigos sem grande desafio.

Por todas estas razões é que referi que Neptunia: Sisters VS Sisters vive essencialmente da sua história, mundo e personagens. As próprias quests secundárias são essencialmente reutilizações do mesmo conteúdo das aventuras principais. São as personagens que tornam o jogo interessante. Quem conhece a série sabe que a série Neptunia é uma espécie de mundo virtual que funciona como metáfora para a guerra entre consolas de gerações anteriores. Acho que esta guerra já não existe, ou pelo menos não existe com a mesma força. O pico da guerra foi a geração PlayStation 3 / Xbox 360 e foi aí que a série teve origem. Isto não quer dizer que as referências não continuem a ser divertidas, mas neste momento talvez estejam um pouco ultrapassadas.

Neptunia: Sisters VS Sisters acaba por ser uma viagem um pouco repetitiva. O design de nível linear e ambientes e inimigos reutilizados acabam por aumentar esse sentimento. Existem elementos para gostar aqui e o combate quando utiliza o que o jogo tem de melhor funciona bem. Infelizmente o próprio jogo não consegue sempre tirar partido do que tem de melhor.

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