Análise: Red Tape

Red Tape é um jogo que vive essencialmente da sua premissa diferente. Depois de banido do céu, um anjo vê-se numa versão corporativa do inferno, onde tenta falar com o seu superior, explicar a situação e tentar voltar para onde veio. O jogo mistura aquilo que é essencialmente uma metáfora para comparar o meio empresarial do nosso mundo com o inferno e um jogo de terror psicológico.

A situação onde a nossa personagem se encontra é depremimente, mas o jogo consegue adicionar algum humor para aliviar a tensão. Apesar da localização, maior parte da interações entre as personagens não são muito deslocadas daquilo que podemos encontrar no mundo real. Os puzzles em si requerem alguma criatividade para resolver, envolvolvendo por vezes vários andares da empresa para chegar a uma solução. Não é um jogo longo e por vezes a história perde-se na identidade que tenta ter, adicionando humor onde não devia.

O tema central do jogo é um que tanto se aplica à personagem do jogo e a qualquer um que se tenha visto preso numa empresa. Por muito que o antigo anjo explique a situação, todos lhe dizem para simplesmente aceitar e que vai ficar ali para sempre. O outro tema do jogo é a simples determinação. A personagem principal simplesmente recusa aceitar este destino que lhe foi imposto. Estes dois temas são a força motora do jogo e por vezes chocam. A forma como nos podemos relacionar com o tema depende muito da história de vida de cada um, mas é abrangente o suficiente para que todos possam encontrar alguma relação.

A história vive muito das suas personagens e nesse aspeto Red Tape tem algum sucesso, adicionando tanto os nomes mais conhecidos do inferno, como também uma mistura de personagens históricas da literatura. Nenhum deles é um adversário ou vai apresentar grandes semelhanças com as figuras reais, simplesmente vão ser referências conhecidas, já que no fundo todos eles são simples trabalhadores cansados e a atravessar problemas com que nos podemos relacionar. Durante o jogo vamos poder ajudar muitas destas personagens. Apesar de o anjo querer fugir, quer também que o inferno que deixa é ligeiramente melhor do que aquele em que chegou.

Como referi acima, os puzzles do requerem alguma criatividade para resolver. É um daqueles jogos inspirados nas aventuras point and click clássicas onde os puzzles evoluíram para coisas estranhas que faziam sentido no universo do jogo e pouco mais, por vezes nem isso, obrigando os jogadores a saltos de lógica tão grandes que o salto era muitas vezes consultar um guia. Isto não quer dizer que os puzzles não sejam divertidos e nenhum deles apresenta saltos de lógica perto dos piores exemplos do género, simplesmente não são óbvios e por vezes requerem demasiado tempo em viagens de um lado para o outro. Outro problema dos puzzles é a falta de variedade. Chega a um ponto em Red Tape que mesmo que não saibamos a solução, sabemos o que vai envolver e isso acaba por prejudicar a gratificação que temos de solucionar um puzzle.

A história também não tira partido da premissa interessante do jogo. É demasiado mundana e perde-se pelo meio. Quase chega a parecer que os criadores só se deram conta do faltavam elementos da história no final e tentaram tapar todos os buracos à pressa. Isto particularmente estranho porque o jogo é bastante curto, sendo possível terminar em menos de uma hora. Apesar de não atingir tudo a que propõe, Red Tape é uma história curta e absurda que acaba por ser divertida. Não vos irá causar muito estrago em termos de tempo e podem até gostar bastante. Mas é um jogo curto, com bastantes falhas e caro para o que apresenta, mesmo custando pouco mais de cinco euros.

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