Análise: The Pale Beyond

The Pale Beyond é um jogo de sobrevivência semelhante a tantos outros, mas com a particularidade de se passar num navio. O jogador é o líder de um grupo que tenta sobreviver num deserto gelado. Ao contrário de muitos outros jogos de sobrevivência que já joguei, The Pale Beyond apresentar-nos uma história cheia de drama e desespero, onde cada personagem tem o seu tempo. As suas personalidades são fáceis de ver e as suas motivações juntamente com os traços da sua personalidade são os que as podem manter vivas. The Pale Beyond é um jogo mais humano do que a concorrência, mas o foco na narrativa vem também com os seus problemas.

O jogo começa com uma intervista. Robin Shaw é escolhido para integrar a tripulação do The Temperance, um navio com a missão de navegar até às profundezas do The Pale Passage. O objetivo é encontrar um navio desaparecido, o The Viscount. As primeiras semanas são simples, mas à medida que a viagem continua, começa o gelo e o capitão desapareceu, deixa o jogador na liderança e responsável por manter o resto da tripulação viva. O jogo é inspirado em história reais de explorados do árctico e isso torna a história ainda mais impactante.

Depois desta pequena introdução o jogo realmente começa. Para sobreviver temos de gerir os recursos limitados que temos. Estes recursos estão dividos em comida e energia. Precisamos de ambos para sobreviver, já que a tripulação tem comer e manter-se quente. Cada turno corresponde a uma semana no tempo de jogo e é durante cada semana que temos de fazer escolhas como quem enviamos para caçar por exemplo. No final temos de ver as consequencias, muitas vezes desastrosas das escolhas que fazemos. À medida que avançamos vamos também acedendo a pequenas evoluções na história. Enquanto que em jogos como This War of Mine a história ia sendo gerada, aqui há uma história fixa para contar, personagens fortes que podemos conhecer e ver morrer porque tomámos más decisões.

Formar relacionamentos com a tripulação é extremamente importante. Quando o capitão desapareceu, houve uma votação para decidir quem iria substituí-lo, e quem ganhou foi a personagem que controlamos mas apenas por um voto, portanto não há grande garantia de lealdade. Cada membro da equipa tem uma barra de lealdade que nos mostra se podemos confirmar neles e até que ponto seguirão as nossa ordens. Ter conversas com os vários tripulantes e escolher as opções de diálogo certas, assim como realizar alguns pedidos, irá lentamente acumular pontos para colocá-los do nosso lado. Obviamente que o oposto também acontece. Além da lealdade temos também a moral geral da tripulação e por vezes as nossas más escolhas acabam por afetar os dois.

Este sistema de relacionamento tem muito peso porque ele reflecte as nossas decisões mais difíceis em relação à tripulação. Podemos ter que simplesmente escolher quem vamos deixar morrer porque só temos um médico e dois tripulantes a precisar de ajuda. Temos que pensar tacticamente sobre quem priorizar e a lealdade da equipe pode ser o fator decisivo. Deixar morrer alguém que simplesmente tinha uma lealdade muito baixa pode ser a melhor decisão. Este é o aspeto onde o jogo se destaca. Enquanto que na maioria dos jogos do género apenas interagimos com simples nomes ou personagens anónimas, aqui temos personagens mais realistas. Conforme avançamos no jogo, todas os personagens vão acabar por ficar conhecidas pelo jogador.

Há muito para gostar em The Pale Beyond. É uma experiência de sobrevivência bastante diferente das que joguei até aqui, principalmente pelo foco na história e sobretudo nas suas personagens. Talvez não seja o jogo ideal para quem procura uma boa dose de ação e um jogo de sobrevivência tradicional, mas aquilo que se ganha é bem mais do que aquilo que se perde com esta abordagem.

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