Análise: Wild Hearts

Wild Hearts é um novo jogo da EA e o novo jogo da Omega Force, os criadores da série Dynasty Warriors e todo franchise Warriors que basicamente empresta a jogabilidade de Dynasty Warriors a todo o género de outras licenças como One piece ou Zelda. A Omega Force é um dos estúdios mais activos no mercado, mesmo que por vezes nos passe despercebido. O seu novo jogo é Wild Hearts, um jogo que foge muito aquilo a que o estúdio está habituado na série Warriors, sendo muito mais próximo de Monster Hunter, uma inspiração que Wild Hearts não tenta esconder, muito pelo contrário, é evidente desde o primeiro segundo.

Isto não quer dizer seja uma simples cópia de Monster Hunter, está longe disso. O primeiro aspeto que marca a diferença é que Wild Hearts é muito mais simpático para jogadores novos no género. Enquanto que a saga Monster Hunter é já longa e pode assumir que o jogador domina muitos dos seus sistemas, Wild Hearts ensina tudo o que ele precisa de saber. Isto apenas nos faz apreciar mais o género, já que o tutorial não serve apenas para nos ensinar a jogar, também nos relembra porque o género é tão bem acolhido pelos jogadores.

Wild Hearts é sobre matar monstros, ou caçá-los, nunca escondendo isso. Não tenta envolver tudo numa trama elaborada e esconder aquilo que realmente é. A vila de Minato está sob constante ameaça dos ferozes Kemono, criaturas enormes que destroem o ambiente ao seu redor com pouco cuidado com as estruturas humanas que destroem. Estas criaturas enormes estão longe de ser dóceis ou pacíficos, mas são extremamente perigosos. Como caçador, o jogador é a única coisa que pode impedir a destruição. As batalhas seguem um loop restrito. O jogador escolhe que criatura quer enfrentar num mapa e depois de a procurar e encontrar tem de fazer tudo ao seu alcance para garantir que a consegue matar. As lutas são tensas e caóticas, frequentemente ultrapassando os 20 minutos. Felizmente podemos ver numa barra de saúde o quão perto estamos do objetivo. Tal como em Monster Hunter as coisas nunca ficam resolvidas à primeira. A criatura vai fugir e refugiar-se no seu covil, tendo o jogador de a encontrar novamente e recomeçar o ataque.

Com tudo o que disse até agora ficamos com a ideia que o jogo é mesmo muito semelhante a Monster Hunter e estruturalmente, os dois são quase idênticos, mas se funciona porque razão estragar. Wild Hearts consegue capturar a mesma energia mas em vez de combater para ter um chapéu novo, aqui o objetivo é aumentar o nosso domínio. As coisas não são totalmente as mesmas. A maior diferença vem na forma de Karakuri, uma habilidade que permite ao nosso caçador invocar caixas e ferramentas do nada usando o recurso Thread. Estes itens servem essencialmente como movimentos especiais e permitem combater e causar danos ao Kemono. É também uma mecânica que basicamente lança pela janela qualquer tipo de realismo que pudessem atribuir a Wild Hearts. Ninguém joga Monster Hunter pelo realismo, mas Wild Hearts vai um passo à frente. Tentar lutar com um monstro é difícil de lidar no início, mas rapidamente se torna algo que fazemos com naturalidade. Por vezes a mecânica dos Karakuri começa a parecer saída de Fortnite, já que podemos criar construções mais complicadas através da combinação de diferentes tipos básicos de Karakuri.

Com o tempo vamos criando coisas mais elaboradas como bombas e paredes reforçadas que repelem os inimigos. Os Karakuri não só tornam as lutas mais dinâmicas e interessantes, mas também mais divertidas, o que é igualmente importante. Também são úteis fora da batalha, permitindo ao jogador aceder a estruturas permanentes para criar atalhos nos espaços abertos do jogo. Os monstros não aparecem no mapa automaticamente e devem ser encontrados através de torres de rádio de madeira que podemos colocar em qualquer lugar dentro do nível. Também podemos criar os nossos próprios pontos de spawn construindo acampamentos completos. Construir uma forja a meio do nível também permite atualizar o equipamento sem ter regressar até à vila central. São pequenas melhorias, mas aprofundam a relação que vamos criando com as várias áreas do jogo. As armas são satisfatórias e pesadas, reforçadas por um impressionante trabalho de animação e um design de ataque inventivo, mas como há um foco grande nos Karakuri, as armas em si parecem ficar um pouco aquém do que encontramos em Monters Hunter.

Isto não é excessiva mau, já que ajuda a que o jogo se distancie ainda mais de Monster Hunter. É impossível não ver as semelhanças e comparar os dois, mas os criadores de Wild Hearts também sabem da importância de distanciar os dois. Wild Hearts é capaz de integrar novos jogadores de uma forma que Monster Hunter essencialmente deixou de fazer. Os tutoriais são contextualizados através de missões narrativas que nos deixam aprender e nos dão essa oportunidade. Não quero com isto dizer que Monster Hunter seja complexo de forma excessiva e afaste novos jogadores, simplesmente quero dizer que Wild Hearts faz um melhor trabalho nesse aspeto do que todos os Monster Hunter que joguei recentemente. Gradualmente, o jogo introduz sistemas um pouco mais complexos, como efeitos elementares, upgrades para as armas e torna-se essencial comer antes de uma luta, mas o jogo nunca chega perto dos requisitos necessários para as grandes caçadas de Monster Hunter. Wild Hearts é essencialmente o Monster Hunter que querem jogar se tiverem pouco tempo ou se sentirem intimidados pelo que ouviram falar da saga da Capcom.

Wild Hearts não deixa de ter as suas falhas. Os designs dos monstros são brilhantes e expressivos mas não existe a variedade desejável. A história do jogo é também longa demais para o seu próprio bem. Pouca variedade e história longa não são uma boa combinação. Além a história em si não é muito interessante. Acontecem coisas, mas nada fica realmente na memória do jogador e é daqueles jogos em que até os jogadores que raramente passam uma parte da história à frente ficam tentados a fazê-lo. O jogo também não é o jogo mais bonito do momento. Tem bom aspeto sim, mas não deslumbra e mesmo em termos técnicos deixa muito a desejar, com vários problemas principalmente de frame rate CPU throttling. Maior parte destes problemas podem ser resolvidos e certamente serão. Os técnicos deverão ser corrigidos com patches nas próximas semanas e o problema da variedade será certamente ser remediado com DLCs, mas apenas o tempo dirá.

Wild Hearts é verdadeiramente uma agradável surpresa por parte da EA. Monster Hunter há muito que precisava de concorrência e ela está aqui em força. Veremos se Wild Hearts se tornará uma série de jogos que possa rivalizar nos próximos anos com Monster Hunter e enquanto jogadores, só temos a ganhar com isso.

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